
Campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens)
Joyce Rosa
A vegetação, as flores e as aves do Cerrado oferecem uma riqueza de detalhes que encantam a artista Joyce Rosa, moradora de Minas Gerais. O bioma e sua enorme biodiversidade, é a principal fonte de inspiração para a arte que produz. Sua conexão com a natureza, no entanto, vem de muito antes: nasceu ainda na infância.
“Com meu avô e meu pai aprendi a admirar o canto das aves e, com minha avó e minha mãe, a cultivar o amor pelas plantas e pelos jardins. Mais tarde, esse encantamento se aprofundou com a formação em Ciências Biológicas, o que me deu uma base sólida para compreender as espécies que desenho hoje”, conta.
Campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens)
Joyce Rosa
A “bióloga-artista” é fascinada pelas interações e comportamentos ecológicos. Ver como uma ave se comunica, busca alimento ou se relaciona com outras espécies é reflexo constante em suas obras.
O interesse pela arte surgiu durante a graduação, quando Joyce se encantava com as ilustrações botânicas presentes em livros didáticos e científicos. A precisão e a leveza dessas imagens a impressionavam. Foi então que percebeu como a ilustração podia ser uma ponte entre ciência e arte.
“Inspirei-me muito em ilustradoras naturalistas como Margaret Mee e Maria Sibylla Merian, que souberam unir arte, ciência e sensibilidade, transformando a pintura em um registro fiel, mas também em uma forma de sensibilização para a preservação ambiental”, relata.
Rapazinho-dos-velhos (Nystalus maculatus)
Joyce Rosa
Joyce integra o Ecoavis, organização dedicada à preservação da avifauna e à promoção da sustentabilidade, que registra espécies de aves em áreas naturais, parques e até quintais urbanos.
“Estar em campo me ensinou a perceber detalhes de comportamento, padrões de plumagem e sutis variações de cor. Essa experiência de observação fortaleceu meu olhar e me ajudou a desenvolver a precisão e a sensibilidade que aplico em cada ilustração”, afirma.
A artista utiliza a aquarela, técnica tradicional entre ilustradores naturalistas que admira. Para ela, a transparência e a fluidez das cores são ideais para captar nuances e texturas da natureza.
Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus)
Joyce Rosa
Em 2023, Joyce buscou aperfeiçoamento em um curso de ilustração científica em aquarela botânica na UFMG, aprofundando o olhar da observação e a técnica. No mesmo ano, ingressou no AELA – Ateliê e Escola Livre de Aquarela, espaço que tem sido essencial para seu desenvolvimento artístico, ajudando-a a equilibrar rigor científico e expressividade.
Seu portfólio reúne produções autorais — fruto de observações de campo e estudos botânicos — e trabalhos encomendados, como projetos acadêmicos e exposições. Entre os desafios que aprecia, estão as obras personalizadas: “Cada pedido carrega o olhar, a expectativa e a emoção de quem encomendou”, comenta.
Pinturas feitas pela artista
Joyce Rosa
As pinturas de Joyce já foram expostas em eventos como o AVISTAR São Paulo, o AVISTAR Minas (no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas) e o próprio AELA, com a mostra Aves em Aquarela da América do Sul (2023–2024). Além de atuar como ilustradora científica e naturalista, ela ministra cursos e oficinas voltados para a técnica.
A flora também ocupa lugar especial em seu trabalho, principalmente pela delicadeza das formas, padrões e texturas retratados nas aquarelas. Basta observar seus quadros: a natureza pulsa em cada cor, em cada detalhe.
“A ilustração científica é fundamental nesse processo porque vai além da arte: surgiu para complementar textos acadêmicos e se tornou ferramenta didática essencial para transmitir informações científicas de forma visual e clara. No meu trabalho, procuro unir rigor e sensibilidade. Representar com exatidão, mas também transmitir a essência e a beleza do mundo natural”, conclui Joyce Rosa.
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