
Famílias de pacientes no Paranoá reclamam de espera na fila de cirurgias ortopédicas
Familiares de pacientes internados no Hospital do Paranoá, no Distrito Federal, reclamaram nesta quinta-feira (28) da espera na fila de cirurgias ortopédicas na unidade.
Imagens feitas por familiares mostram os corredores do hospital cheios de pacientes deitados na cama, aguardando serem chamados para cirurgia (veja vídeo acima).
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São casos de cirurgia no fêmur e na coluna que os pacientes precisam fazer, por exemplo, mas sem previsão de quando vão acontecer.
Ortopedistas ouvidos pela TV Globo afirmam que a cirurgia de fêmur deve acontecer entre 24 e 48 horas após o acidente para que a recuperação seja a melhor possível. Se esse tempo não for respeitado, poderá causar sequelas ao paciente.
Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou que os pacientes que aguardam cirurgias são regulados conforme a gravidade do quadro de saúde, acrescentando que a classificação prioriza os casos mais graves.
Veja relatos
Hospital Regional do Paranoá, no DF.
TV Globo
Entre os pacientes que esperam cirurgia, está a Alice Pereira, de 90 anos, tia avó da servidora pública Carla Fernandes, moradora do Jardins Mangueiral.
Internada desde a última segunda-feira, a idosa caiu e quebrou o fêmur em casa enquanto regava as plantas.
Segundo a Carla Fernandes, os médicos já disseram que ela precisa de cirurgia no osso, considerado pelos médicos um dos mais importantes do corpo porque liga a coluna aos membros inferiores e ajuda no equilíbrio, mas a previsão dada à família é de que o procedimento deverá acontecer em aproximadamente um mês.
“Se ela não for fazer cirurgia, ela vai ficar acamada. Ela viveu 90 anos para terminar a vida numa cama? […] Eu só quero que atendam minha tia, uma senhorinha de 90 anos, só deixem ela ter o resto da vida dela com qualidade”, afirma.
À TV Globo, Solange Maria Cassemiro, dona de casa e moradora de Luziânia, diz que a mãe de 71 anos também aguarda cirurgia no fêmur, no Hospital do Paranoá. Segundo a filha, os médicos informaram que ainda não há previsão para o procedimento acontecer.
“[O médico] passou e só falou assim: ‘Não tem previsão para essa semana mais. Só na outra’. E, assim, já se vai mais uma semana. Para mim, já era para estar em casa do tempo que já está aqui. Eu pensei que, quando chegasse aqui, em três dias, faria a cirurgia. E até hoje, nada”, afirmou.
A situação relatada pela Solange é semelhante à vivida pelo José Ribamar dos Santos, vigilante aposentado e morador de Samambaia. Ele afirma que a esposa, Maria Regina da Silva, lesionou a coluna ao pegar peso em casa, o que a fez perder temporariamente o movimento das pernas.
Segundo ele, os médicos informaram que somente uma cirurgia na coluna, acompanhada de fisioterapia, pode ajudá-la a se recuperar.
“O sentimento é de chorar, né? Sentimento de choro. Todo dia eu preciso fazer uma oração cedo na capela e eu choro de vê-la nessa situação, com o corpo paralisado e não tem previsão de quando vai sair daqui”, disse.
Riscos na demora para cirurgia
Segundo o ortopedista Rodrigo Lima, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, se a cirurgia ortopédica demorar, a resposta do corpo vai ser diferente. Isto é, pode até gerar sequelas.
“Quando você demora as vezes meses para você operar, ao invés de você tratar a cirurgia, a fratura em si, você tem que tratar uma sequela daquela fratura. […] Então, o resultado não vai ser o mesmo que ele teve antes. […] Mesmo que ele opere, ele vai operar e a resposta vai ser diferente”, afirmou.
Pacientes internados em poltronas
A Amanda Lorane acompanha um paciente internado no Hospital do Paranoá. Ela diz que, como não tem maca para todo mundo, alguns estão internados em poltronas.
“Os pacientes estão internados nas poltronas há mais de dez dias aguardando cirurgia com a justificativa de que não possuem anestesistas. […] Quando tem anestesistas, eles colocam os casos mais graves na frente”, afirmou.
O que diz a Secretaria de Saúde
“A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES_DF) informa que a paciente A.P deu entrada no Hospital da Região Leste (HRL) em 25/08/2025 e encontra-se internada, em acompanhamento clínico, quadro geral estável. A paciente A. M. J. deu entrada no HRL em 07/08/2025 e encontra-se internada, em acompanhamento clínico, quadro geral estável. A paciente M. R. S. deu entrada no mesmo hospital em 14/08/2025 e encontra-se internada, em acompanhamento clínico, apresentando quadro geral estável. Todas as pacientes estão reguladas para cirurgia e realizam exames pré-operatórios.
Informamos que os pacientes que aguardam por cirurgias são regulados conforme gravidade do quadro de saúde. A classificação prioriza os casos mais graves. Enquanto aguardam pelo procedimento, os pacientes seguem assistidos pela equipe médica do hospital em que estão internados.
A pasta esclarece que, em função da legislação sobre sigilo de prontuário, não pode fornecer informações sobre os pacientes atendidos na rede pública de saúde. Essa medida, que resguarda o paciente e a equipe profissional, tem amparo no Código de Ética Médica, Capítulo IX, Artigo 75, que veda ao médico “fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente”.
Essa medida visa garantir a privacidade e a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde, estando respaldada pelo Código de Ética Médica, Capítulo IX, Artigo 75, que veda ao médico “fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente”.
Esclarecemos que todas as informações necessárias serão repassadas diretamente aos pacientes e familiares, conforme os protocolos vigentes.
Reforçamos o compromisso desta instituição em assegurar atendimento seguro, humanizado e resolutivo a todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).”
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