Mais de 112 mil pessoas vivem em áreas de risco alto e muito alto de desastres em Manaus, aponta SGB


Mais de cem mil pessoas vivem em áreas de risco alto ou muito alto em Manaus
Mais de 112 mil pessoas vivem em 438 setores classificados como de risco alto e muito alto para desastres como inundações, alagamentos, enxurradas, erosões e deslizamentos. Os dados são da atualização do mapeamento de áreas de risco geológico da cidade, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), nesta quarta-feira (27).
De acordo com o estudo, a capital amazonense possui 362 setores de risco alto e 76 de risco muito alto para os desastres. O trabalho de campo ocorreu entre junho de 2024 e abril de 2025.
Em relação ao último mapeamento, de 2019, houve redução no número total de setores de risco. No entanto, o número de domicílios e a dimensão dos setores mapeados aumentaram. Na época, foram identificados 634 setores de risco alto e muito alto, onde viviam, aproximadamente, 73 mil pessoas.
A atualização do mapeamento indica que todas as zonas administrativas apresentam áreas de risco, com destaque para as zonas Leste e Norte, que concentram maior número de setores e domicílios vulneráveis.
Dentre os bairros, os que mais se destacam pelo número de moradias em risco registrado são: Jorge Teixeira, Cidade Nova, Gilberto Mestrinho, Alvorada, Mauazinho e Nova Cidade. Juntos, esses seis bairros concentram 194 setores de risco alto e muito alto, abrangendo mais de 13 mil domicílios e aproximadamente 52 mil pessoas vulneráveis aos processos geológicos e hidrológicos identificados.
O pesquisador em geociências do SGB, Elton Andretta, explica que o crescimento urbano desordenado de Manaus, observado há décadas, é o principal fator para a existência de áreas de risco.
Segundo ele, o cenário se agrava porque a cidade é cortada por diversos igarapés e rios, que atravessam todas as zonas administrativas.
“A ocupação irregular nas planícies de inundação e sobre as drenagens deixa as casas vulneráveis a enchentes, alagamentos, inundações e enxurradas, além de erosões de margem fluvial”, disse.
O estudo mostra ainda que os meses de janeiro a abril, período de maior intensidade de chuvas, concentram a maior parte dos registros de ocorrências.
O SGB também identificou que parte das áreas mapeadas em 2019 passou por intervenções de mitigação, mas o crescimento urbano desordenado e a ocupação de áreas impróprias para habitação continuam sendo fatores que ampliam a vulnerabilidade da população.
Desabamento de casa em Manaus.
Divulgação/Defesa Civil
No estudo, o SGB apresenta recomendações para reduzir os riscos existentes, principalmente, nos setores classificados como de risco muito alto.
“Esses 76 setores mapeados devem ser priorizados pelas municipalidades na questão de intervenções estruturais (obras) e não estruturais (alertas, gestão e gerenciamento), visando a mitigação dessas áreas. Para não agravar mais a situação, o planejamento urbano do município é de extrema importância, combatendo as invasões e ocupações irregulares, realizando de obras de urbanização e infraestrutura contínuas por toda a cidade”, ressaltou Andretta.
O mapeamento de áreas de risco é um dos principais trabalhos que o SGB realiza em todo o país para apoiar o poder público em ações de prevenção de desastres. Mais de 1,7 mil municípios brasileiros já receberam esse estudo.
Atualização do mapeamento
Na atualização do mapeamento, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) adotou uma nova metodologia, considerando apenas os setores de risco alto e muito alto.
Também foram utilizadas tecnologias como imagens de maior resolução e drones, o que permitiu unir em um mesmo setor áreas vizinhas que antes eram contabilizadas separadamente.
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