Setor de quimioterapia do Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP)
Divulgação
Os casos de câncer colorretal dobraram entre jovens em um hospital de São José do Rio Preto (SP), no período de 2020 a 2024.
A doença ganhou repercussão recentemente após a morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, em 20 de julho. A filha de Gilberto Gil foi diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023, passou por cirurgia e radioterapia, incluindo um tratamento alternativo nos Estados Unidos. Mas a doença evoluiu, apresentando complicações no quadro de saúde.
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O Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto registrou 19 casos em 2020, saltando para 38 em 2024, o dobro de registros da doença em pacientes com a faixa etária de 40 a 49 anos.
Os números revelam ainda que esse crescimento foi continuo, com 28 registros em 2021, 35 em 2022 e 29 em 2023.
Em entrevista ao g1, a médica coloproctologista Larissa Furlan, do HB, explica que pessoas com fatores de risco devem fazer os exames preventivos a partir dos 45 anos.
“A recomendação é que pessoas a partir dos 45 anos façam exames de rastreamento, especialmente se houver histórico familiar ou fatores de risco, como histórico familiar de câncer colorretal, doença inflamatória intestinal, obesidade e histórico de pólipos intestinais”, esclarece.
Uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o registro de 45 mil novos casos da doença em 2025 no Brasil, podendo chegar a 70 mil até 2027.
Em Rio Preto, grande parte das pessoas diagnosticadas com câncer colorretal no HB é composta por pessoas com menos de 50 anos. A instituição atende pacientes por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A doença vem passando por uma transição epidemiológica do perfil de pacientes. Nos últimos anos, notamos um aumento do número de casos em jovens (abaixo dos 50 anos), decorrente principalmente da obesidade e de hábitos de vida não saudáveis”, menciona a médica.
Após descobrir o câncer no colo do reto, um homem de 59 anos, que pediu para não ser identificado, passou por um procedimento cirúrgico para colocação da bolsa de ileostomia em maio de 2024 em São José do Rio Preto.
Em maio deste ano, ele foi submetido à cirurgia para reconstrução do transito intestinal. Com isso, deixou de usar a bolsa de colostomia, mas não conseguiu retornar às atividades no trabalho. O homem reconhece que demorou para notar os sinais da doença.
“Eu descobri porque comecei a evacuar com gotas de sangue. Isso me assustou porque nunca tive histórico de hemorroida e fui fazer a colonoscopia. Se tivesse seguido certinho o protocolo do Ministério da Saúde, teria feito o diagnóstico precoce e já removido a lesão no ato da colonoscopia”, comenta.
Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP)
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Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico precoce é primordial para evitar complicações e salvar a vida do paciente. Quando o câncer é descoberto, a cirurgia para a retirada de pólipos no intestino é o tratamento mais eficaz. Após o procedimento, o paciente passa a utilizar a bolsa de colostomia em alguns casos, na qual as fezes ficam armazenadas e devem ser removidas constantemente.
“A bolsa de colostomia pode ser necessária dependendo da localização do tumor e, se necessário, a realização de radioterapia. Pode ter um caráter transitório ou definitivo, a depender do caso. Porém, os dispositivos atuais controlam bem o odor, ficam bem aderidos à pele e o paciente consegue levar uma vida normalmente após se adaptar a ela”, pontua Larissa.
Assim como aconteceu com Preta Gil, inicialmente o câncer colorretal não apresenta sintomas significativos na rotina dos pacientes. Em alguns casos, a doença é descoberta por meio do exame de sangue, que demonstra anemia. Em estágios avançados, a pessoa pode ter dores abdominais, alterações do hábito intestinal, sensação de esvaziamento incompleto do intestino ou sangramento nas fezes.
“O câncer colorretal em seu início é silencioso. Na maioria dos casos, surge de uma lesão pré-maligna chamada de pólipo, que, com o passar do tempo, vai acumulando mutações até se transformar na lesão maligna”, comenta Furlan.
A médica coloproctologista ainda observa que, devido à morte de Preta, houve aumento na procura por exames preventivos no HB em Rio Preto.
Preta Gil
Reprodução
Associação dos Ostomizados
Fundada em 29 de janeiro de 1997, a Associação dos Ostomizados de Rio Preto e região (AORP) é uma instituição sem fins lucrativos e atua no acolhimento e suporte às pessoas ostomizadas e aos respectivos familiares. Uma equipe multiprofissional, composta por voluntários, oferece atendimento psicológico, de estomaterapia (com instruções sobre o manejo da bolsa de colostomia), de nutrição e serviço social.
Atividades em grupo são realizadas constantemente no local para estimular a troca de experiências e o convívio entre pessoas diagnosticadas com câncer colorretal.
“A AORP tem psicólogo, nutricionista, enfermeiro e assistente social que dão apoio gratuito aos assistidos. Nós temos reuniões semanais com grupos de pessoas que passaram ou ainda passam pelo tratamento. Nós somos considerados deficiente físico e a nossa deficiência é invisível. O nosso objetivo é ajudar os outros ostomizados para que tenham uma vida social saudável”, explica a presidente da associação, Sioneia Garcia, que também é ostomizada.
A AORP funciona de segunda a quinta-feira, das 9h às 16h, e às sextas-feiras das 9h às 14h. A associação oferece atendimento gratuito e está localizada na Rua Jorge Tibiriçá, 2235 – bairro Boa Vista.
Associação dos Ostomizados de São José do Rio Preto (SP)
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Entenda o quadro que levou à morte de Preta Gil
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