Chacina na Amazônia: a geografia do garimpo na divisa do Pará com o Amapá


Polícia identificou vítimas da chacina entre o estados do Amapá e Pará
Oito garimpeiros foram mortos em uma chacina na divisa entre Laranjal do Jari (AP) e Almeirim (PA). A região é isolada, marcada por disputas territoriais e pela presença de garimpos ilegais. A ausência do Estado facilita a atuação de grupos armados.
A região é cortada pelo rio Jari e atrai garimpeiros por causa das jazidas de ouro. Mesmo com áreas protegidas, como a Estação Ecológica do Jari (PA) e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (AP), a exploração ilegal continua.
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A Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), criada em 1984, também fica na região. Com mais de 4 milhões de hectares — área equivalente à Dinamarca —, a Renca tem potencial para extração de ouro, ferro, manganês e tântalo.
Mapa da região onde ocorreu chacina de garimpeiros na divisa do Pará com o Amapá
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Foi nessa região, de área de floresta fechada e com rios e trilhas de difícil acesso, que o crime aconteceu. A equipe do Grupo Tático Aéreo do Amapá (GTA) só conseguiu chegar ao local de helicóptero. O acesso por terra é quase impossível e o transporte por rios depende das condições da água.
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Rio Jari, divisa natural entre o Amapá e o Pará
Rafael Aleixo/g1
Material à caminho de garimpo sendo transportado pelo rio Jari, na divisa entre o Amapá e o Pará
Rafael Aleixo/Arquivo g1
O isolamento facilita a presença de grupos armados, que controlam áreas de garimpo e criam suas próprias regras.
A busca por ouro atrai garimpeiros de vários estados. Sem regras definidas, os garimpos viram cenário de brigas por território, máquinas e produção.
Garimpeiros assassinados
Polícia identifica 8 mortos na divisa do Amapá com o Pará
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Um grupo de nove garimpeiros foi atacado enquanto negociava terras em área de garimpo ilegal na divisa com o Pará. Oito morreram e um foi resgatado com vida. A polícia acredita que eles foram confundidos com assaltantes que atuaram na região dias antes.
As informações preliminares apontam que um grupo de assaltantes estava agindo na região para roubar ouro, o que teria provocado a reação dos suspeitos da chacina, que não tiveram os nomes divulgados pela polícia.
Os corpos foram encontrados em pontos distintos da mata e do rio Jari. Duas caminhonetes usadas pelo grupo foram incendiadas. A investigação está sob sigilo, com suspeitos já identificados, mas sem prisões até o momento.
As vítimas foram identificadas como:
Antônio Paulo da Silva Santos, conhecido como “Toninho” – 61 anos, natural de Cedro – MA.
Dhony Dalton Clotilde Neres, conhecido como “Bofinho” – 35 anos, natural de Itaituba – PA. Era garimpeiro e praticava a atividade legalmente no município de Calçoene;
Elison Pereira de Aquino, conhecido como “Dinho” – 23 anos, natural de Laranjal do Jari – AP, atuava com transporte de combustível para o garimpo. Vítima deixou a esposa grávida. Corpo foi velado e sepultado no sul do Amapá;
Gustavo Gomes Pereira, conhecido como “Gustavinho” – 30 anos, natural de Ourilândia do Norte – PA. Segundo informações, morava em um condomínio em Macapá, era casado e pai de um bebê de 1 ano. Ele estaria no local como visitante e não possuía vínculo com atividades no garimpo;
Janio Carvalho de Castro, conhecido como “Jane”, natural de Bom Jesus do Tocantins – PA. Era garimpeiro e praticava a atividade legalmente no município de Calçoene;
José Nilson de Moura, conhecido como “Zé doido” – 38 anos, natural de Lagoa da Pedra – MA;
Luciclei Caldas Duarte, conhecido como “Tripa” – 39 anos, natural de Laranjal do Jari – AP. Era piloto da voadeira utilizada pelo grupo;
Paulo Felipe Galvão Dias, 30 anos, natural de Capitão Poço – PA.
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