Atum, sal e doces: produção deve ser afetada com tarifaço de Trump e governo do RN anuncia medidas para atenuar impactos


Nova taxação americana sobre produtos exportados impacta Rio Grande do Norte
Os setores pesqueiro e salineiro devem ser os mais afetados pelo tarifaço de Trump que entra em vigor na próxima quarta-feira (6). Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (Fiern), a estimativa de perda anual com a nova taxação varia entre US$ 70 e 100 milhões.
A medida foi anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e estabelece tarifas de até 50% sobre oito dos dez produtos mais exportados do estado para o mercado norte-americano, como atum fresco, sal e doces.
“A preocupação é real. Nós vimos uma performance muito positiva nesse primeiro semestre. Alcançamos US$ 67 milhões de exportações, então a gente vinha em uma crescente”, afirmou Roberto Serquiz, presidente da Fiern.
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Os Estados Unidos são atualmente o quarto maior parceiro comercial do RN. Entre janeiro e junho de 2025, as exportações para o país somaram US$ 67,1 milhões, valor que representa 15% dos quase US$ 439 milhões exportados pelo estado no primeiro semestre.
No setor pesqueiro, a preocupação é maior. Cerca de 80% do atum fresco pescado no Rio Grande do Norte tem como destino os Estados Unidos. A atividade movimenta aproximadamente R$ 278 milhões por ano, com cerca de 4 mil toneladas exportadas anualmente.
“Mais de 1.500 empregos estão em risco só no setor industrial de pesca de atum. E não temos a opção de redirecionar esse pescado para a Europa, porque o Brasil está banido desde 2018”, disse Arimar França, presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindpesca-RN).
Das 47 mercadorias da pauta potiguar exportada aos EUA, 45 serão afetadas pela nova tarifa, segundo o governo estadual. Apenas o óleo combustível e a castanha de caju ficaram de fora.
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Divulgação/Potigás
Governo do RN anunciou pacote de medidas
Em resposta à sobretaxa, o Governo do RN se reuniu com empresários e sindicatos e anunciou um pacote de medidas para mitigar os efeitos econômicos. Entre as ações está o aumento da desoneração fiscal para empresas já incluídas no Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial (Proedi), além da possibilidade de liberação de créditos acumulados de ICMS.
“Essa iniciativa do Governo é para proteger os empregos gerados por essas empresas. Estamos atuando de duas formas. Primeiro, com a liberação dos créditos de ICMS. Isso é recurso direto às empresas”, explicou o secretário da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier.
Além das medidas fiscais, o governo estadual também pretende ampliar a busca por novos mercados para os produtos potiguares, com foco em países da América Latina e da Ásia. A governadora Fátima Bezerra afirmou que a sobretaxa representa um impacto direto sobre o emprego e o desenvolvimento.
“Estamos diante de um dos maiores ataques à nossa soberania. As consequências são danosas porque resultam em menos emprego, menos cidadania e menos desenvolvimento. O Governo do RN jamais poderia ficar omisso”, disse a governadora.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, 96% dos produtos potiguares exportados aos EUA serão impactados pela tarifa. Apesar disso, em termos financeiros, cerca de 44% do valor total exportado não será atingido pela sobretaxa, já que se concentra nos poucos produtos isentos.
Veja as medidas anunciadas:
Aumento da desoneração do ICMS para empresas do Proedi;
Liberação dobrada de créditos acumulados de ICMS para exportadoras afetadas;
Mapeamento de barreiras tarifárias e não tarifárias nos EUA;
Capacitação de exportadores em padrões internacionais e exigências sanitárias;
Articulação para novos acordos comerciais e protocolos fitossanitários;
Apoio à inserção de produtos potiguares em novos mercados, com foco na América Latina e Ásia.
Governo do RN anuncia ações após tarifa dos EUA sobre produtos como atum e sal
Carmem Felix/Assecom
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