Fechamento da maternidade do Hospital do Servidor Municipal de SP surpreende gestantes; partos serão feitos a 20 km de distância


Fechamento da maternidade do Hospital do Servidor surpreende gestantes;
Reprodução/TV Globo
A decisão de fechar a maternidade do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) da capital paulista pegou de surpresa gestantes que fizeram todo o pré-natal na unidade. Agora, elas terão que dar à luz em um hospital terceirizado, localizado a mais de 20 quilômetros de distância. A prefeitura afirma que a mudança vai melhorar o atendimento, mas usuárias do serviço demonstram insegurança.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o pré-natal continuará sendo feito no HSPM, mas os partos serão realizados no Hospital Saint Patrick, unidade particular contratada pela prefeitura e localizada na Vila Jaguara, Zona Oeste da capital. A distância entre os dois locais, cerca de 20 quilômetros, preocupa futuras mães.
A professora Ludmila Marques é servidora da rede municipal de São Paulo. Ela conta que fez todo o acompanhamento no HSPM. Mas, no começo de julho, a menos de um mês do nascimento do bebê, previsto entre esta sexta-feira (1º) e domingo (3), foi surpreendida com a notícia de que o hospital não realizaria mais partos.
“Foi uma grande surpresa, uma decepção, né? Não esperava, acredito que ninguém esperava. A forma que foi e a transição”, desabafou a professora.
“A minha maior preocupação é por conta dessa questão da diabetes. Eu faço acompanhamento com diversos médicos, que até fazem reunião. Saindo desse sistema e indo para um sistema privado, não tem isso”, afirmou Ludmila.
Outras mulheres, também servidoras municipais, relataram experiências negativas com a nova unidade.
“Eu me senti desamparada, de chegar a um hospital com toda a documentação e ter um médico que se recusa a fazer a laqueadura mesmo eu tendo todo o processo em mãos. Tudo programado, e eu ter que entrar em contato com diretores do Servidor, pedir para falar com a assistente social do hospital Saint Patrick para o processo ocorrer tranquilamente. Foi muito desgastante, no fim da gestação, passar por tanta desinformação para ter o seu filho”, contou a professora Tatiane Oliveira da Silva.
“Depois que eu visitei, que eu conheci, que eu passei por essa experiência, se eu não conseguisse voltar e ter na maternidade do Servidor, eu já estava decidida que eu ia para um hospital do SUS, em outras maternidades próximas da minha residência. Porque, provavelmente, eu seria muito mais acolhida e muito mais tranquilidade do que lá”, disse Kelly Monteiro, professora.
A maternidade do HSPM realizava, em média, 40 partos por mês. Um relatório da própria instituição apontou aumento nas internações de idosos e pacientes de cirurgias eletivas, enquanto o número de partos e procedimentos obstétricos caiu. Com isso, o setor de obstetrícia passou a ficar ocioso.
De acordo com a direção do hospital, a transferência dos partos para uma unidade terceirizada permite otimizar a utilização dos espaços hospitalares. O secretário municipal da Saúde, Luis Carlos Zamarco, explicou os motivos da decisão:
“No Hospital do Servidor Público eu tenho, no pronto-socorro, um grande número de pacientes aguardando vaga de internação e eu tinha 36 leitos na maternidade vazios o mês inteiro. Então, eu tinha uma enfermaria inteira que poderia ser utilizada por outros pacientes, vazia, por conta de ficar aguardando aparecer uma paciente para dar à luz no hospital”, disse.
E complementou: “Essa mudança foi para melhorar o atendimento do Hospital do Servidor Público, otimizar o atendimento e utilizar melhor o recurso que o munícipe da cidade de São Paulo paga para ter uma saúde de qualidade, saúde que o SUS não paga”.
O secretário Zamarco também falou sobre o curto prazo para transição e garantiu que qualquer reclamação sobre o atendimento será apurada:
“A partir do dia 1º [de agosto] não tem mais parto. Por isso que a gente fez um período de transição, explicando para as mães, passando essas informações, para as mães irem conhecer esse serviço. A gente entende que vai haver resistência no começo, mas na hora em que a pessoa começar a utilizar o serviço, e ela for bem atendida, ela tiver o atendimento do parto de qualidade, eu acredito que esse problema vai ser superado.”
“Se tiver algum relato onde for comprovado que o hospital não tem condição para isso, nós temos um fiscal, que é um funcionário do hospital, que trabalhava no serviço de atendimento ao parto, para acompanhar esse contrato e acompanhar todo o atendimento. Qualquer coisa que não estiver nos conformes, esse hospital vai ser notificado e serão tomadas as providências previstas no contrato”, assegurou.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que Ludmila fará o parto no Hospital Saint Patrick com acompanhamento garantido. O pré-natal e os demais atendimentos continuarão sendo realizados no Hospital do Servidor Público Municipal.
Sobre a distância até o novo hospital, a pasta explicou que, no processo de licitação, não é possível determinar a localização da unidade. A única exigência é que a instituição esteja dentro da cidade de São Paulo.
Fechamento da maternidade do Hospital do Servidor surpreende gestantes
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