
Criminosos ameaçam vendedores na Beira-Mar.
Reprodução
Depois de tentar monopolizar a internet do Ceará por meio de ataques a empresas provedoras, criminosos do Comando Vermelho (CV) agora tentam controlar a venda de água de coco e outros produtos na Avenida Beira-Mar, principal ponto turístico de Fortaleza.
Ao g1, uma testemunha que prefere não se identificar revelou que vendedores e fornecedores legais estão sendo ameaçados.
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Os criminosos criaram um grupo de WhatsApp, chamado “Grupo das Bebidas”, e forçaram todos os ambulantes a entrar. No aplicativo, os membros do CV dão as ordens. Com ameaça de morte, eles exigem que todos os ambulantes da Beira Mar comprem produtos de um depósito da própria facção. O g1 teve acesso ao conteúdo do grupo de WhatsApp.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou ao g1 que apura um caso de possível ameaça a permissionários que teria ocorrido neste domingo (17), no Bairro Meireles, onde fica a Avenida Beira-Mar.
“O policiamento da área está sob a responsabilidade do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que vem adotando medidas de reforço no patrulhamento e conta com o apoio de equipes do 8º Batalhão Policial Militar (8º BPM), da Força Tática (FT), do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) e do motopatrulhamento”, diz a SSPDS.
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Além da água de coco, também estão na mira dos criminosos produtos como cervejas, refrigerantes, copos e até canudos.
“Uma duas semanas atrás (os membros do Comando Vermelho) vieram com essas conversas. Eles disseram que iam colocar um depósito e que a gente ia ter que comprar as bebidas daquele local. Passaram dias e, ontem (domingo, 17 de agosto), um tal de PH que se diz ‘frente da quebrada’ – não sei o que significa isso – chegou passando a informação de que a gente não poderia mais comprar mercadoria em nenhum outro fornecedor”, disse a fonte.
“Frente da quebrada” é uma gíria da facção para indicar que ele está “à frente” do serviço para coordenar o monopólio da venda de coco para a facção.
Ainda de acordo com o relato, caso os vendedores descumpram a “ordem”, eles poderão ser mortos:
“Primeiro, ele (o PH, membro da facção) falou que se a gente não estivesse gostando, era para pegar as coisas e ir embora. E que se a gente desobedecer à ordem dele, ele vai espichar a gente no calçadão.”
Dentro do grupo de WhatsApp
O ‘Grupo das bebidas’, grupo de WhatsApp do Comando Vermelho, conta com 74 participantes, entre vendedores e vendedoras da região e membros do grupo criminoso.
Os criminosos se apresentam como “PH” e “Netão Marley”‘ e dão ordens diretas às vítimas:
“Atenção a todos. Não será permitida a saída do grupo. Não desrespeitar as regras, viu? Para não serem punidos”, diz uma das conversas.
“Peço que todos tenham calma para eu explicar tudo, entendeu? Calma, vai ser passado tudo aqui mano”, diz outra mensagem.
Os criminosos ainda terminam as mensagens com uma bandeira vermelha, em referência ao grupo criminoso que surgiu no Rio de Janeiro. Um dos membros, inclusive, tem número telefônico com DDD 21, da capital carioca.
Com medo, os trabalhadores ouvidos pelo g1 relataram que não realizam denúncias ou falam sobre o assunto. Mesmo com policiamento ostensivo na região turística da capital, “PH” e “Netão” circulam normalmente, conforme relatos.
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