EXCLUSIVO: veja o que testemunhas, vítimas e suspeito disseram à Polícia sobre assassinato de gari


O empressário Renê da Silva Nogueira Júnior, casado com a delegada Ana Paula Balbino Nogueira, foi preso suspeito de atirar e matar o gari Laudemir de Souza Fernandes
Reprodução
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso suspeito de matar a tiros o gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, na manhã desta segunda-feira (11) no encontro das ruas Jequitibá e Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte, negou qualquer envolvimento no crime em depoimento à Polícia Civil.
A Justiça retirou o sigilo do Auto de Prisão em Flagrante do caso que investiga a morte de um gari. A decisão revelou uma contradição entre as versões da Polícia Civil e do Judiciário: enquanto a corporação afirmou em entrevista coletiva que não pediu para manter o procedimento sob sigilo, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que o pedido partiu da própria polícia.
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A reportagem teve acesso ao documento com vinte páginas, que traz trechos de depoimentos com detalhes do crime e versões opostas sobre o que aconteceu na manhã de 11 de agosto.
Auto de Prisão em Flagrante do caso que investiga a morte do gari Laudemir Fernandes
g1
O que disse o suspeito
De acordo com Auto de Prisão em Flagrante, o empresário afirmou que, na manhã da segunda-feira, saiu de casa, em Nova Lima, que fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por volta das 08h05, com destino à empresa onde trabalha como diretor, na cidade de Betim. Disse que enfrentou congestionamento e chegou ao trabalho entre 09h17 e 09h27, permanecendo no local até pouco depois das 13h10, quando voltou para casa para almoçar.
Segundo Renê, ao chegar em casa, trocou de roupa, levou os cachorros ao espaço pet do condomínio e, por volta das 14h20, saiu em direção à academia. Ele relatou que foi abordado por policiais no estacionamento do prédio onde fica a academia, após ser reconhecido por uma mulher que indicou suas roupas aos militares.
Aos policiais, o suspeito negou ser o homem flagrado por câmeras de segurança e alegou diferenças entre o carro registrado nas imagens e o veículo que possui. Disse ainda que não utilizou armas no dia e que a pistola calibre .380, apreendida na casa dele, pertence à esposa, que é delegada da Polícia Civil. Renê também declarou que sabe onde ficam as armas, mas que não as manuseia.
O que disse as vítimas e testemunhas
Os coletores de lixo que trabalhavam no momento do crime relataram à Polícia que o motorista do carro parou ao lado do caminhão de coleta e foi orientado a seguir, já que havia espaço para passar. Segundo eles, o homem reagiu de forma agressiva, engatilhou uma pistola e ameaçou a motorista: “se você esbarrar no meu carro eu vou dar um tiro na sua cara”.
Os garis contaram que então tentaram acalmar a situação, dizendo que estavam apenas trabalhando, mas o condutor parou o veículo alguns metros à frente, desceu armado e manuseou a pistola duas vezes, chegando a deixar o carregador cair no chão e recolocá-lo. Em seguida, apontou na direção da equipe e efetuou um disparo.
Um dos coletores disse acreditar que o tiro seria direcionado a outro colega, mas acabou atingindo o gari que estava mais próximo. Após o disparo, o autor teria entrado no carro e deixado o local lentamente, sem prestar socorro.
Testemunhas afirmaram que não houve discussão prévia e que a abordagem foi marcada por frieza e aparente desequilíbrio emocional do autor. A vítima chegou a ser socorrida por uma viatura policial, mas não resistiu aos ferimentos, e morreu no hospital.
O g1 e a TV Globo entraram em contato com a Polícia Civil para um posicionamento a respeito do sigilo do Auto de Prisão em Flagrante, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Infográfico: Entenda caso de gari morto por empresário em BH
g1
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