
Caso Carmen: veja a cronologia do desaparecimento às buscas pelo corpo da jovem
O policial militar da reserva suspeito de envolvimento no desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, admitiu à polícia que o namorado dela cometeu o assassinato em Ilha Solteira (SP). O desaparecimento da jovem completa dois meses no dia 10 de agosto.
A investigação indicou que o namorado da vítima, Marcos Yuri Amorim, e o policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos de Oliveira a assassinaram no dia 12 de junho, Dia dos Namorados.
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Os homens foram presos temporariamente, no dia 10 de julho. O delegado responsável pelo caso, Miguel Rocha, informou que, em depoimento, Roberto negou a participação no assassinato, mas confessou que Yuri matou Carmen e que o corpo dela foi escondido.
O delegado ainda disse que, nesta quarta-feira (6), irá ouvir duas testemunhas, a pedido da defesa de Roberto que, segundo ele, afirmou que tem um álibi, ou seja, uma prova, de que não estava no mesmo local que Yuri no dia do assassinato.
Carmen de Oliveira Alves )à esquerda), o namorado Marcos Yuri Amorim (ao centro) e o policial militar Roberto Carlos de Oliveira, suspeitos de crime em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Até esta quarta-feira (6), a investigação aponta que Carmen foi assassinada pelo namorado, com a ajuda do policial comparsa, que também é amante dele. A ocorrência, que foi inicialmente tratada como desaparecimento de pessoa, é investigada como feminicídio.
Na quinta-feira, 31 de julho, a polícia encontrou alguns pedaços desse possível telefone dela, e os restos foram enviados para a perícia. O resultado não foi divulgado até a última atualização desta reportagem.
Restos de celular destruído foram encontrados pela Polícia Civil após detalhes divulgados por suspeito
Arquivo pessoal
Investigação
O delegado responsável pelo inquérito policial afirmou que a investigação apontou as seguintes motivações para o assassinato:
Carmen pressionou Yuri para que assumisse o relacionamento. Apesar de a família da vítima conhecer a relação, ela não era pública;
Carmen descobriu que ele cometia crimes, como furtos, e elaborou um dossiê no computador com provas, que foi deletado posteriormente;
Havia um triângulo amoroso: o policial da reserva preso ajudou Yuri no crime e mantinha uma relação com ele, segundo a polícia.
Assassinato de estudante trans da Unesp: veja a cronologia do desaparecimento às buscas pelo corpo da jovem
Beatriz Santos/Arte g1/TV TEM
Cronologia
Desaparecimento
Conforme a mãe de Carmen relatou à polícia, um dia antes do sumiço, em 11 de junho, por volta das 23h, a jovem saiu de casa com uma bicicleta elétrica de cor preta. A bicicleta dela não foi localizada. Familiares ainda afirmaram que Carmen nunca havia desaparecido antes.
Após o ocorrido, parentes e amigos auxiliaram os policiais nas buscas e fizeram várias manifestações pedindo respostas para o caso. Entre os locais vasculhados estava a região próxima ao rio da cidade, onde o sinal do celular de Carmen foi captado pela última vez.
Também foram feitas buscas em uma área de mata próxima à universidade, onde foram encontradas marcas de pneus compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava no momento do desaparecimento.
Segundo o boletim de ocorrência, a estudante estava na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde fez uma prova do curso, antes de desaparecer. Ela foi vista pela última vez perto de um ginásio.
Suspeitos localizados e presos
Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima (à esquerda) e o policial militar ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira (à direita) foram presos em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
Dois dias antes de completar um mês do desaparecimento da jovem, depois de buscas e protestos, a polícia prendeu os suspeitos. De acordo com o delegado, o envolvimento afetivo e financeiro entre os dois se revelou parte da dinâmica.
Conforme a investigação, o último lugar onde ela esteve foi a casa do namorado, Marcos Yuri, em um assentamento. Os policiais verificaram que Roberto Carlos, por sua vez, atuou como comparsa de Yuri, já que também tinha um relacionamento com ele.
O delegado responsável pela investigação, Miguel Rocha, pediu à Justiça a quebra de sigilo telefônico dos suspeitos e teve acesso a informações que indicam que Carmen não saiu de Ilha Solteira. Imagens de câmera de segurança também mostram que ela entrou na residência do namorado, mas não saiu do local.
No dia 10 de julho, a polícia cumpriu os mandados de prisão temporária, de 30 dias, contra Marcos Yuri e Roberto Carlos, que atuava como policial militar ambiental da reserva na cidade. A partir daí, o delegado deixou de tratar o caso como desaparecimento de pessoa e passou a classificá-lo como feminicídio.
Carmen de Oliveira, estudante transexual, desapareceu após sair da faculdade em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
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