Trilha segura: veja o que levar e quais cuidados tomar antes de se aventurar na natureza


Trilha na Floresta Nacional do Tapajós
Reprodução / Redes sociais
Fazer trilhas é uma forma incrível de se reconectar com a natureza, respirar ar puro, praticar atividade física e descobrir paisagens exuberantes. Mas para que a experiência seja segura e prazerosa, é preciso mais do que disposição.
Após acidentes como o que ocorreu com a brasileira Juliana Marins em um parque nacional da Indonésia e do jovem Gabriel Pessanha, que escorregou e ficou preso por horas em uma fenda na Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ).
Em entrevista ao Terra da Gente, o analista ambiental Eduardo Barroso, que atua no planejamento da visitação pública nas unidades de conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), compartilhou recomendações fundamentais para quem deseja explorar trilhas localizadas dentro de unidades de conservação.
1. Nunca vá sozinho e planeje com antecedência
A principal orientação é evitar fazer trilhas sozinho. “Vá no mínimo em dupla”, alerta o especialista. Além disso, o planejamento deve começar antes mesmo de sair de casa.
Pesquisar sobre a trilha, conhecer a unidade de conservação, baixar mapas e coordenadas (.kml ou .kmz), instalar um bom aplicativo de GPS, verificar a previsão do tempo e avaliar a condição física do grupo são atitudes fundamentais.
Outro ponto essencial é avisar alguém de confiança sobre o roteiro completo da trilha e combinar o que fazer caso não haja retorno no tempo previsto. “Esse detalhe, muitas vezes negligenciado, pode salvar vidas”, afirma o representante do ICMBio.
Trilha da Floresta Nacional de Brasília, no DF
Agência Brasil/Reprodução
2. O que levar na mochila?
O conteúdo da mochila varia conforme o clima e o tipo de trilha, mas alguns itens são considerados essenciais. Confira a lista:
Mapas (físico e digital);
Lanterna de cabeça e pilhas extras;
Powerbank;
Protetor solar;
Kit básico de primeiros socorros;
Canivete ou ferramenta multiuso;
Manta térmica;
Comida e água extra (calcule de 500ml a 1 litro por hora de caminhada);
Roupas adequadas e uma muda extra.
3. Em caso de emergência
Somente manter calma e agir com estratégia pode ajudar nesse caso. “Acidentes acontecem, e a primeira atitude deve ser manter a calma”, orienta o especialista. A partir disso, o trilheiro deve avaliar o local, garantir que não há risco adicional, examinar os ferimentos e, se tiver capacitação, prestar os primeiros socorros.
Com sinal de celular, o próximo passo é acionar o resgate e informar a localização com precisão. Sem sinal, estabilize a vítima e envie duas pessoas em busca de ajuda.
4. Os erros mais comuns e como evitá-los
Trilhar sozinho não é recomendado. “Mas, se for inevitável, a preparação deve ser redobrada”, diz o especialista. Outo ponto importante é saber se localizar para não se perder. Por isso, dispositivos de localização pessoal podem ser uma alternativa para quem costuma se aventurar em áreas sem sinal. Alguns deslizes são mais frequentes do que se imagina. Veja:
Subestimar a trilha e não se planejar;
Usar calçados inadequados;
Levar pouca água;
Sair da trilha e se perder;
Começar tarde e ser surpreendido pela noite;
Confiar demais no celular;
Correr riscos em busca da selfie perfeita.
“Escolha roteiros bem sinalizados e que estejam abaixo de sua capacidade técnica e física. Esteja sempre alerta à mudanças nas condições climáticas e de seu próprio estado físico e mental.
Segundo o técnico, os erros mais comuns geralmente estão em não seguir as orientações das perguntas anteriores. Um dos mais perigosos é sair da trilha. “Visitantes buscam atalhos ou simplesmente se distraem. É a maior causa para as pessoas se perderem”, relata.
Outro erro é começar a trilha muito tarde. “O turista esquece que o mesmo tempo que ele gasta para ir, levará para voltar e acaba andando no escuro. E confiar totalmente no celular, pois a bateria sempre acaba quando mais se precisa de sinal, GPS ou lanterna”.
5. Cuidados com o meio ambiente
O conceito de “mínimo impacto” deve guiar o comportamento de qualquer trilheiro. Entre as boas práticas, estão:
Levar todo o lixo de volta;
Nunca alimentar animais silvestres;
Manter-se nas trilhas sinalizadas;
Não levar caixas de som e nem fazer muito barulho;
Evitar fogueiras. Se precisar cozinhar, utilizar fogareiros.
Eduardo ressalta que “de forma alguma” os animais devem ser alimentados. “Isso muda seu comportamento, desequilibra o ecossistema e pode colocar em risco tanto o bicho quanto o visitante. Há registros de macacos agressivos e até jacarés se aproximando em busca de comida”, comenta.
6. Como saber se a trilha é fácil, moderada ou difícil?
Não existe uma classificação padrão para o nível de dificuldade. “Um percurso fácil para um pode ser impossível para outro”, explica. Por isso, é essencial observar informações como extensão, desnível, tipo de terreno, exposição ao sol, tempo estimado e riscos envolvidos.
Pico das Agulhas Negras no Parque Nacional do Itatiaia (RJ)
Divulgação/Entre Parques
7. Onde encontrar informações sobre as trilhas
Para evitar surpresas, acesse sempre os canais oficiais da unidade de conservação — site, redes sociais, e-mail e telefone. Aplicativos especializados também ajudam, mas é importante verificar se os dados estão atualizados.
Uma iniciativa que reúne informações sobre os 75 parques nacionais brasileiros é o Entre Parques BR. Saiba mais sobre o projeto, cujos idealizadores foram entrevistados pelo Terra da Gente.
VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente
Adicionar aos favoritos o Link permanente.