
Oferta de 500 vagas de emprego atraiu quase 3 mil pessoas na grande São Paulo
O desemprego está no nível mais baixo já registrado pelo IBGE. Mas a oferta de 500 vagas de trabalho atraiu quase 3 mil pessoas, na Grande São Paulo.
Tio e sobrinho. Duas gerações enfrentando a mesma dificuldade.
“Tem três anos já que eu estou longe do mercado de trabalho”, diz Yuri Ortiz, operador de empilhadeira.
Repórter: quando foi a última vez que você trabalhou com carteira assinada?
“2019. Depois disso, não, não consegui uma recolocação não”, afirma Juan Domingo Ortiz, assistente administrativo.
Yuri e Juan se somaram a outras 2.700 pessoas que, desde a madrugada, fizeram fila para se cadastrar em um feirão de emprego, em Embu das Artes, na Grande São Paulo.
“Eu era auxiliar de produção, trabalhei quase 14 anos na última empresa, aí eu estou parada, né?”, conta Ivone Monteiro, desempregada há seis meses.
Fila com quase 3 mil pessoas para ofertas de emprego chama atenção na Grande São Paulo
Reprodução/TV Globo
A fila é para buscar uma das 500 vagas em um centro de distribuição de mercadorias que será inaugurado na próxima semana. O salário? R$ 2.025,00, com vários benefícios: plano de saúde e odontológico, participação nos lucros da empresa e transporte gratuito para o trabalho. E nem é preciso ter experiência na área; a única exigência é o ensino médio completo.
Recém-formado em Análise de Sistemas, o autônomo Ryan Souza trabalha por conta própria e também entrou na disputa por uma vaga com carteira assinada.
“Eu acho que é algo mais concreto, né? Autônomo é muito 8 ou 80, é muito com base na procura dos clientes, e às vezes se não tem cliente a gente fica naquela, né?”, explica.
A fila que tomou quatro quarteirões e meio vai na contramão da taxa de desemprego de 5,8%, que, segundo o IBGE, é a menor da história.
Nelson Marconi, professor de economia da FGV-SP, explica que muitos trabalhadores buscam uma oportunidade melhor.
“Se a gente tem no Brasil uma taxa de desemprego estão baixa e vê uma fila que é típica de um período de desemprego elevado, alguma coisa está fora de sintonia. E o que deve estar fora de sintonia é que existe uma série de, vamos dizer, de ocupações, que as pessoas de atividades que as pessoas estão realizando que são atividades mais precárias. Isso mostra que o mercado de trabalho, ele está com uma taxa de desemprego baixa, mas as ocupações que estão sendo geradas nesse mercado de trabalho são ocupações precárias.”
A professora de Carreiras da ESPM, Lilian Cidreira, acrescenta que empregos como esse — com baixa exigência e carteira assinada — estão cada vez mais raros por causa das novas tecnologias.
“Essa fila, ela passa em primeiro lugar por essa transformação que tá acontecendo no mercado e que a gente não prevê que vai diminuir ao longo do tempo. Então isso faz com que no momento que um profissional ver uma vaga dessa que já tem uma tendência escassez sendo aberta com benefícios, isso gera essa esse volume tão grande que aconteceu hoje em São Paulo”, comenta.
O Guilherme Rocha Santos, de 24 anos, ficou sete horas esperando para fazer o cadastro. Enquanto a vaga não sai, ele vende doces na rua sonhando com um futuro melhor.
“A chance de carreira. Porque eu penso sempre na frente. Eu penso sempre em coisa nova e ter um dinheiro para estar investindo em mim também.”
Fila com quase 3 mil pessoas para ofertas de emprego chama atenção na Grande São Paulo
Reprodução/TV Globo