
Guilherme Lemes foi detido por agentes do ICE, nos Estados Unidos
— Fotos: Reprodução/Instagram de Guilherme Lemes Cardoso e Silva
O artista brasileiro preso quando ia buscar a filha foi detido por viver ilegalmente nos Estados Unidos por quase oito anos, de acordo com o Departamento de Segurança Interna do país. Guilherme Lemes Cardoso e Silva, de 35 anos, está em um centro de detenção em Tacoma, Washington. O Consulado do Brasil em São Francisco disse que está acompanhando o caso.
Guilherme foi detido por agentes no dia 11 de julho quando estava a caminho da escola da filha, em Friday Harbor. Rachel Leidig, esposa do brasileiro e cidadã americana, disse que agentes do Immigration and Customs Enforcement’s (ICE), o serviço de imigração dos Estados Unidos, não mostraram um mandado a Guilherme.
Em nota enviada ao g1, o departamento responsável pelo ICE informou que fez uma operação para prender o brasileiro, que estaria vivendo ilegalmente no país (leia a nota na íntegra ao fim do texto). Segundo a NBC News, Guilherme tinha um visto B2, usado principalmente para turismo, que expirou em 2017.
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“Ele entrou nos EUA com um visto que lhe permitia permanecer no país por no máximo 6 meses e ultrapassou o prazo de validade do visto em quase 8 anos”, diz a nota.
De acordo com Rachel, os dois se casaram em abril deste ano e esperam um filho. A maquiadora conta que o casal havia preenchido um I-130, petição que um cidadão americano usa para comprovar relacionamento com uma pessoa que deseja solicitar um Green Card.
Rachel e Guilherme nos Estados Unidos
— Fotos: Reprodução/Redes sociais de Rachel Leidig e Guilherme Lemes Cardoso e Silva
O Consulado disse que recebeu informações de que Guilherme está fora do status imigratório e que a equipe está mantendo contato com a família do brasileiro, que é de Goiás. Além disso, disse que “acompanhar o devido processo legal e as condições de detenção”.
Entenda o caso
De acordo com Rachel, Guilherme, que é artista visual especializado em murais de larga escala, foi abordado por cerca de seis carros com agentes do ICE, que solicitaram que o ele saísse do carro, pois eles teriam um mandado. Ela diz que Guilherme se recusou a sair do carro até que os agentes mostrassem o documento, mas foi retirado do veículo.
“Gui pediu para ver o mandado, mas ela [a agente] disse que não precisava mostrar. Um outro agente tirou o Gui para fora do carro dele e pegou o telefone dele, porque ele estava gravando, e empurrou ele contra o carro para prendê-lo”, relatou Rachel.
Segundo a maquiadora, Guilherme contou que foi levado para um barco, que os tirou da ilha. No caminho, ele relatou que os agentes faziam piadas, tiravam fotos de Guilherme e faziam perguntas sobre sua vida pessoal. O comportamento só teria mudado quando notaram que Guilherme fala três línguas, é instruído e exigiu respeito.
Sobre essas alegações, o departamento disse em nota que o brasileiro foi detido sem qualquer uso de força ou comentários inapropriados. Quando chegou ao seu primeiro quarto temporário, Guilherme contou à esposa que foi acorrentados nos tornozelos e pulsos.
O g1 questionou o Consulado Brasileiro em São Francisco com as condições da prisão de Guilherme, em relação ao mandado que não foi mostrado a ele e ao tratamento quando foi detido.
“Infelizmente, essa é a prática adotada e encontra respaldo na legislação local. A política de imigração em curso possibilita a detenção nesses termos [sem mostrar o mandado]”, disse Luiz Gustavo Sanches Betti, Cônsul Adjunto.
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Dia seguinte
Rachel foi visitar Guilherme no dia seguinte à prisão e voou da Califórnia até Whashington, em Tacoma. De acordo com ela, a primeira tentativa de pegar os pertences do marido foi frustrada e, quando conseguiu pegar os objetos, foi informada que o celular dele havia “sumido”.
Guilherme disse a ela que estava gravando o momento da abordagem, mas que os agentes tomaram o celular das suas mãos. Sobre as condições no Centro de Detenção, Rachel usa a palavra “desumano” quando contra algumas situações que Guilherme presenciou na unidade.
“Gui me contou que na noite passada os detidos não foram alimentados até as 23h. Ele disse que quando um detento respondeu um agente, foi removido da sua cela, onde estava com seu primo. […] Gui disse que você tem que ser submisso aos agentes ou eles vão punir você”, conta Rachel.
Impactos na família
De acordo com Rachel, Guilherme deve ter uma audiência judicial nesta terça-feira (29). A família espera que ele seja liberado sob pagamento de fiança e pede que o foro seja mudado de Washington para a Califórnia.
A esposa do goiano fala sobre as preocupações com a família no aspecto emocional e financeiro. De acordo com ela, enquanto Guilherme está detido, ele não vai conseguir apoiar a família financeiramente e arcar com as custas judiciais.
Fotos do casal compartilhadas nas redes sociais
— Fotos: Reprodução/Instagram de Rachel Leidig
“Estou preocupada com as repercussões e o dano psicológico que isso terá na minha enteada. Estou preocupada com o meu filho, porque sei que ele está sentindo roda a intensidade do meu estresse e ansiedade”, escreveu ela.
Desde que o marido foi preso, Rachel diz que parou de trabalhar para se dedicar a pesquisa e buscar informações sobre o que pode ajudá-lo e que está muito grata a todos pela ajuda que está recebendo.
“O Gui queria que eu dissesse para todos o quanto ele ama e aprecia o suporte de todos. Ele não está no seu melhor estado mental, mas está se mantendo forte”.
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Nota do Departamento de Segurança Interna
Os fatos aconteceram na manhã de 11 de julho de 2025, o ICE conduziu uma operação policial direcionada para prender Lemes Cardoso E Silva, um imigrante ilegal do Brasil. Ele entrou nos EUA com um visto que lhe permitia permanecer no país por no máximo 6 meses. Ele ultrapassou o prazo do visto em quase 8 anos. O Presidente Trump e a Secretária Noem estão comprometidos em restaurar a integridade do programa de vistos e garantir que ele não seja usado de forma abusiva para permitir que estrangeiros tenham uma passagem permanente só de ida para permanecer nos EUA.
Durante uma abordagem policial, os agentes do ICE se identificaram para Silva e revelaram que tinham um mandado de prisão contra ele devido a violações de imigração. Silva foi preso sem uso de força ou comentários inapropriados. Esse tipo de alegações falsas, que buscam demonizar a aplicação da lei pelo ICE, está contribuindo para um aumento de 830% nas agressões contra agentes do ICE que arriscam suas vidas todos os dias para tornar os Estados Unidos seguros novamente.
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