‘Golpe do amor’: golpistas se passam por cantor de baile da terceira idade; aposentada acreditou estar noiva


Golpes em que vítimas são levadas a acreditar que têm um relacionamento virtual são investigados pela Polícia Civil. Mulher acredita estar em relacionamento com cantor
Reprodução/RBS TV
Uma aposentada de 68 anos de São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, acreditou estar noiva do cantor paranaense Gabriel Pasa, popular entre o público da terceira idade. Convencida de que vivia um relacionamento amoroso com o artista, ela chegou a comprar alianças e anunciar o casamento para familiares e amigos.
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Mas quem conversava com ela, na verdade, era um golpista, que a contatou por meio de redes sociais. A reportagem localizou outras mulheres ludibriadas em nome do cantor. Leia mais abaixo.
A Polícia Civil do RS investiga golpistas que se passam por Pasa no estado. A Meta, empresa responsável pelo Facebook e WhatsApp, plataformas usadas nos contatos, afirma que “está aprimorando tecnologias” para identificar atividades suspeitas, e encoraja vítimas a denunciarem. Leia manifestação completa abaixo.
“Vou casar com ele”
A aposentada de São Borja estava convencida de que vivia um relacionamento com Pasa, conforme disse à reportagem. “Eu vou casar com ele”, declarou. “Ele já comprou as alianças, tudo tá no dedo dele. E a minha também. E ele vai vir pra nós colocarmos as alianças”, emendou.
O suposto noivo era, na verdade, um golpista que se passava por Pasa. O cantor diz que tem sido vítima frequente de falsários que utilizam sua imagem para aplicar golpes sentimentais.
“Já faz mais de seis meses que começaram a me procurar pelo WhatsApp achando que estavam falando comigo”, contou Pasa, que tem mais de 1,5 milhão de seguidores em redes sociais. “É muito triste, porque são senhoras, fãs minhas, que estão sendo enganadas.”
“Acho que caí num golpe”
A reportagem organizou uma chamada de vídeo entre a idosa e o verdadeiro Gabriel Pasa. Mesmo após ouvir do próprio cantor que tudo não passava de um golpe, ela resistiu em acreditar.
Com delicadeza, o artista respondeu. “Esse amor que você sente por mim pode continuar, mas apenas como uma fã. Casamento é impossível. Sou casado há muitos anos.”
Na ligação, a idosa finalmente reconheceu: “Acho que caí num golpe.”
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Isolamento da família e prejuízos financeiros
Em outro caso no município de Esteio, outra aposentada, de 64 anos, envolveu-se com um homem que acreditava ser o mesmo cantor, mas era um perfil falso. O criminoso dizia não poder conversar pelo Facebook “porque era fiscalizado” e logo pediu que a conversa migrasse para o WhatsApp. A vítima gastou R$ 400 em cartões vale-presente.
“Ela começou a se isolar da família, a apagar mensagens do celular. Ficou muito nervosa”, contou a filha da vítima.
Essas histórias são exemplos de estelionato sentimental, crime que tem sido investigado em diversas partes do Brasil. Segundo uma pesquisa da iniciativa “Era Golpe, Não Amor”, quatro em cada dez mulheres das 1,2 mil consultadas disseram ter caído na farsa, O crime atinge, principalmente, mulheres mais velhas, solitárias e emocionalmente vulneráveis.
“Ele falava, né? Amor, que eu era encantadora, bonita”, diz uma das vítimas, de Canoas, que perdeu mais de R$ 20 mil após conhecer um falso engenheiro em um aplicativo de relacionamentos.
“Ele disse que precisava de R$ 10 mil porque o pai tinha feito uma cirurgia e os tios não ajudaram. Depois pediu mais R$ 10 mil para construir um quarto para a filha dele”, relata.
Variação do golpe dos nudes
A delegada Luciane Bertoleti explica que o golpe do amor é uma variação do golpe dos nudes, só que com outra tática e, em vez de homens, mira mulheres.
“Eles investem tempo. Ficam semanas ou meses com a vítima até conquistá-la emocionalmente e convencê-la a transferir dinheiro”, afirmou.
Manter a atenção desde o início do contato com desconhecidos, especialmente em interações virtuais com pessoas que se mostram excessivamente afetuosas logo nos primeiros diálogos, é uma das dicas para não ser enganada.
“A gente sempre pede para desconfiar dessa conexão muito rápida, desconfiar também durante o envolvimento, na troca de mensagens, principalmente se forem mensagens muito vagas. É importante procurar saber realmente quem é aquela pessoa”, alerta a delegada Luciane.
Caso surjam suspeitas de golpe, a recomendação é buscar ajuda imediatamente.
“Se a pessoa percebe que está sendo enganada, que pode estar sendo vítima de um golpe, deve procurar a delegacia de polícia mais próxima para adotar os procedimentos”, diz a delegada.
O que diz a Meta, empresa dona do Facebook e WhatsApp
“Atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas. Também recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer conteúdos que acreditem ir contra os Padrões da Comunidade do Facebook, das Diretrizes da Comunidade do Instagram e os Padrões de Publicidade da Meta através dos próprios aplicativos.”
Gabriel Pasa, cantor do Paraná por quem os golpistas se passam
Reprodução/RBS TV
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