
Depoimento de pai inocentado após 2 anos preso por morte de bebê de 44 dias no RS
Um casal de Passo Fundo, na Região Norte do Rio Grande do Sul, foi absolvido após passar dois anos preso acusado de matar o próprio filho, um bebê de apenas 44 dias. O julgamento aconteceu na última sexta-feira (22), e os jurados acolheram a tese da defesa, que apontou falhas no atendimento médico como causa da morte.
Em 31 de maio de 2023, o recém-nascido Arthur Goulart dos Santos sofreu um engasgo em casa. Os pais, Luan dos Santos e Tatiele Goulart Guimarães, tentaram socorrer o bebê e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo o pai, o socorro demorou a chegar (assista o depoimento acima).
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
“Entrei em desespero. Tentei reanimar meu filho, fiz respiração boca a boca, dei tapinhas nas costas dele e nada. Foram horas horríveis até o Samu chegar”, relatou Luan, que trabalha como auxiliar de serviços gerais.
Arthur teve uma parada cardiorrespiratória, foi reanimado e internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, mas morreu dias depois. Como o bebê apresentava lesões no corpo, o hospital acionou o Conselho Tutelar. A Polícia Civil abriu investigação e o Ministério Público denunciou os pais por homicídio qualificado.
Durante o júri, a defesa apresentou inconsistências no prontuário médico e nas versões do processo. “Nada nunca fechou. Esses pais sempre amaram essa criança desde o primeiro dia”, afirmou o advogado Wellinton Gnoatto.
A defensora pública Tatiana Kosby Boeira também apontou falhas no atendimento hospitalar. “Essa criança ficou da meia-noite ao meio-dia esperando um leito de UTI. Quando entrou, já estava com morte encefálica. Talvez tenha sido uma sucessão de erros, não estou dizendo que foi intencional”, disse.
O Hospital São Vicente de Paulo, onde o bebê foi atendido na época, informou que não vai se manifestar sobre o argumento da defesa por não ter conhecimento do processo.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu a desclassificação para homicídio culposo, por não ter identificado intenção de matar. Os jurados absolveram os réus, e o MP informou que não deve recorrer.
Luan ficou preso na Penitenciária de Canoas. Tatiele, na de Guaíba. Ela é mãe de outras duas crianças, de um relacionamento anterior, e passou dois anos sem vê-las. O reencontro aconteceu na sala do júri e foi marcado por emoção.
“O reencontro da mãe com os filhos foi impagável. Foi muito gratificante demonstrar a inocência dela e do padrasto, que era o pai biológico do Arthur”, disse Tatiana.
Luan tenta reconstruir a vida. “Quinta-feira já consegui um emprego, sendo que saí na quarta do júri. Isso mostra que somos trabalhadores, cidadãos de bem. Não fizemos mal algum, principalmente ao nosso filho”, afirmou.
Casal de Passo Fundo, na Região Norte do Rio Grande do Sul, foi absolvido após passar dois anos preso
Arquivo pessoal
Tribunal absolve casal acusado de matar bebê em Passo Fundo
VÍDEOS: Tudo sobre o RS