Vendedora denuncia motorista de prefeitura por importunação sexual: ‘fiquei apavorada’


Vendedora conta como foi vítima de importunação sexual em van da Prefeitura de Caconde
Uma moradora de Caconde (SP) denuncia um motorista da prefeitura por importunação sexual durante viagem para atendimento médico em Campinas.
Ela fez boletim de ocorrência, denunciou o caso para o Ministério Público e ainda publicou um desabafo nas redes sociais. A atitude dela encorajou outras mulheres a denunciar experiências muito parecidas com o motorista. (veja vídeo acima com o relato).
O motorista foi afastado da função enquanto o caso é investigado pela polícia, promotoria e sindicância da prefeitura.
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“Eu sou uma pessoa muito explosiva. E na hora eu não consegui. Eu congelei, eu não conseguia brigar, eu não conseguia falar nada. Eu fiquei apavorada”.
A importunação sexual é um crime previsto em lei, pode ser resumido como um ato libidinoso sem o consentimento da vítima, como por exemplo um beijo forçado ou um toque inapropriado.
Como foi a importunação em viagem
A vendedora Mônica de Mello Silva denunciou motorista de van da Prefeitura de Caconde por importunação sexual
Fábio de Souza/EPTV
A vendedora Mônica de Mello Silva faz tratamento de saúde no Hospital das Clínicas, em Campinas, e usa a van da prefeitura para fazer a viagem de 2 horas e meia.
Na semana passada, ela precisou ir mais uma vez até o HC e sentou no banco da frente com a companheira, mas ficou do lado do motorista.
“Ela dormiu e eu deitei a minha cabeça no ombro dela, né? Acabei dormindo. Foi quando eu senti alguma coisa assim na minha perna. Eu não me mexi, eu só abri os olhos e olhei. Quando eu olhei, eu só vi a mão dele na minha perna. Na hora eu senti uma crise de ansiedade dentro de mim, uma dor no peito, eu fiquei apavorada e eu tirei rápido”, afirmou.
“Depois que eu tirei a minha perna, onde mostrou que eu não queria a mão dele em mim, ele ainda tentou mais duas vezes”, lembrou.
Pouco depois, Mônica recebeu uma mensagem do motorista da prefeitura pelo celular dizendo o seguinte: ‘Quero pedir minhas mais sinceras desculpas por ter causado a você desrespeito. Estou em busca de ajuda psicológica para resolver este problema’.
Mesmo assim, no dia seguinte, ela registrou o boletim de ocorrência na delegacia tradicional e na de defesa da mulher, além de denunciar na prefeitura.
Mônica ainda fez uma postagem na rede social e teve principalmente o apoio de mulheres pela coragem de levar o caso adiante. (veja abaixo o relato postado).
Vendedora Mônica de Mello Silva postou desabafo após ser vítima de importunação sexual por motorista da Prefeitura de Caconde
Reprodução/Facebook
Outro caso parecido
Uma moradora, que leu a postagem e preferiu não se identificar, contou à EPTV, afiliada da TV Globo, que sofreu uma importunação parecida com o mesmo motorista.
O incidente foi pouco antes da pandemia, também durante uma viagem ao Hospital de Campinas. “Eu estava sentadinha, tentando tirar um cochilinho. E quando eu vi que o cara tentou vir com a mão passar na minha perna. Eu abri o olho, ele tirou a mão. Aí eu de novo lutando contra o sono. Ele veio de novo com a mão. Mas agora eu vi a postagem da Mônica, falei: “Não, eu vou ajudar”. Até mandei mensagem para ela, falei: “Se precisar, eu tô aqui””, disse.
A advogada Ana Olívia Silva Braga juntou os documentos e provas levantadas e levou o caso para o Ministério Público. “É uma situação extremamente triste, delicada e que segue em fase de investigação e a defesa vai atrás de justiça”.
Investigação do MP e da prefeitura
O MP já investiga o caso. “O Ministério Público é o titular da ação penal. Então, assim que concluído o inquérito ou alguma diligência, vem para o Ministério Público para eu analisar se precisa de mais diligências, para eu eventualmente oferecer a denúncia que é como inicia a ação penal. E paralelamente eu mantenho o meu procedimento extrajudicial tanto para apurar o andamento do inquérito policial quanto as medidas tomadas pela prefeitura na esfera administrativa”, explicou o promotor de justiça Alfrendo Eduardo Rossatti.
A prefeitura também investiga e abriu uma sindicância administrativa para apurar o que aconteceu. O prazo é de 60 dias e pode ser prorrogado.
Enquanto isso, o servidor está afastado do serviço. “A partir do momento que a comissão fizer a apuração, ela tem três caminhos. A primeira seria a advertência, que seria verbal ou por escrito. A segunda seria a suspensão do serviço público sem remuneração por um período de 30 dias. E a terceira seria a demissão a bem do serviço público desse servidor”, afirmou o diretor jurídico da Prefeitura de Caconde, Fernando César Marcili.
“Não fui a primeira vítima dele, mas eu espero ser a última. Ele não vai esquecer meu nome, porque eu quero justiça e eu quero que ele pague por tudo que ele fez comigo e com as outras mulheres também. Pelo trauma que ele deixou na nossa cabeça”, destacou Mônica.
VÍDEOS DA EPTV:
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