
Colégio Estadual Criança Esperança, na região norte de Palmas
Reprodução/Google Street View
O professor agredido dentro de uma sala de aula do Colégio Estadual Criança Esperança, na região norte de Palmas, teria percebido um ‘olhar ameaçador’ antes de ser atacado por um aluno de 17 anos. Por causa do trauma, o profissional pediu afastamento para se recuperar.
O caso de agressão aconteceu no dia 20 de agosto. Ao g1, o professor, que não teve o nome divulgado, contou que pouco antes das 10h foi até a sala do 3º ano onde daria aula, e ficou na porta aguardando uma professora que estava finalizando a aula. Uma estudante saiu da sala e se assustou quando viu o professor aguardando. O adolescente suspeito da agressão estava com essa colega.
O nome do adolescente não foi divulgado por ser menor de idade e o g1 não conseguiu contato com a defesa ou responsáveis por dele.
Após aguardar, o professor entrou na sala e estava apagando o quadro para iniciar a aula quando foi surpreendido por uma cadeirada. Logo depois, o adolescente, segundo o relato, o atacou com vários socos na cabeça.
“Doeu bastante, foi um susto, mas ainda assim eu estava acreditando que era um acidente, que algum aluno esbarrou em mim ou jogou a cadeira sem querer, ou que a intenção era outra e não me acertar”, relembrou.
O professor, então, se virou para a sala para ter alguma explicação, mas recebeu outra cadeirada. O adolescente partiu para cima dele e o professor questionou o porquê da agressão. O jovem, segundo a vítima, dizia “não mexe com a minha mulher”. O professor até pensou que o adolescente estava o confundindo com outra pessoa após essa fala. Mas isso não impediu a agressão.
Conforme boletim de ocorrência registrado no mesmo dia na 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil, o professor relatou o que aconteceu em sala de aula e que houve uma sequência de socos enquanto ele estava no chão.
Quando o adolescente iria pegar a cadeira novamente para agredi-lo, os colegas o seguraram, o tirando da sala de aula.
O professor foi em busca de ajuda com a diretoria da escola e como estava ferido, precisou de atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O professor tomou posse no último concurso público da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e pediu afastamento por causa do trauma que passou. A pasta informou que tomou providências em apoio ao professor. Já o aluno foi transferido de escola, informou a Seduc.
Passado o susto, o professor comentou que fisicamente está bem, mas ainda está abalado com a agressão que sofreu em sala de aula.
“Emocionalmente tem hora que estou melhor, tem hora que não estou tão bem. Tenho dificuldade de me imaginar voltando para o ambiente de sala de aula”, lamentou, afirmando que em nenhum momento ele revidou e tentou entender o motivo do jovem ter cometido as agressões.
Conforme o boletim de ocorrência, o estudante estava com uma faca dentro da mochila, encontrada pela Polícia Militar (PM). O objeto foi apresentado junto com o menor e um responsável na Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DECA).
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Sindicato cobra mais segurança
O professor recebeu acompanhamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Tocantins (Sintet-TO) quanto às medidas jurídicas a serem tomadas no caso de agressão. Segundo Rosirene Marques, presidenta do Sintet regional de Palmas, casos de agressões a professores têm sido frequentes no estado.
“Infelizmente tem acontecido muito. Tanto por parte de alunos como de pais de alunos. E nós enquanto Sintet, a gente encaminha para a Seduc, para a Semed, para tomarem as providências. No ano passado já tivemos em algumas escolas nosso assessor jurídico juntamente com a comunidade escolar realizando palestras de conscientização sobre a violência escolar. Mas infelizmente está aumentando e hoje a categoria de professores é a mais adoecida”, explicou Rosirene.
A presidenta afirmou que o sindicato tem um bom diálogo com as pastas da Educação, mas que cobra mais segurança nas escolas.
“A gente pede mais rigor nas portarias das escolas, a gente sabe que existem situações em que tendo ali um controle maior na entrada já ajuda. Claro que não vai sanar tudo, mas terá diminuição [da violência]”, comentou.
Íntegra da nota da Seduc
A Secretaria de Estado da Educação informa que, diante do episódio de agressão de uma estudante de 17 anos contra um professor, ocorrido no Colégio Estadual Criança Esperança, em Palmas, no último dia 20, em Palmas, adotou todas as providências foram adotadas de acordo com o Regimento da Rede Estadual de Ensino.
O professor recebeu atendimento hospitalar, registrou boletim de ocorrência e realizou exames no Instituto Médico Legal. E segue acompanhado pela equipe gestora da escola, pelo núcleo multiprofissional e pela Superintendência Regional de Educação (SRE), que prestam total suporte.
O estudante foi apreendido pela Polícia Militar no momento do ato infracional. O estudante seria, a princípio, expulso da escola, contudo foi transferido para outra unidade escolar a pedido da própria família.
A Seduc reforça que repudia qualquer forma de violência no ambiente escolar. Além disso, a Pasta tem criado iniciativas que garantem uma convivência saudável na comunidade escolar, como o “Escola de Emoções”. O programa, pioneiro no Brasil, é focado no desenvolvimento socioemocional dos alunos, servidores e familiares e também visa o fortalecimento das equipes multiprofissionais, formada por psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais.
Professor é agredido por estudante com cadeira e socos na região norte de Palmas
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