Redução da pressão da água em SP pela Sabesp é estratégia antiga adotada desde a crise hídrica


Sabesp vai reduzir a pressão da água a partir de quarta (27)
A Sabesp vai reduzir a pressão da água em toda a Grande São Paulo a partir desta quarta-feira (27) por conta do baixo nível dos reservatórios. A estratégia é antiga e adotada ao menos desde a crise hídrica entre 2014 e 2016.
Como efeito colateral, muitas casas podem ficar sem água durante a noite, especialmente nos bairros mais altos e afastados do Centro como já aconteceu em 2021. Na ocasião, moradores de toda a capital reclamaram ao g1 que a água acabava mais cedo do que o horário que normalmente era desligada, e depois a Sabesp admitiu a redução da pressão.
Tradicionalmente, agosto é o mês mais seco do ano. Em 2025, o cenário se repetiu: até a última semana do mês, choveu somente 8% do esperado para todo o mês, afetando o abastecimento dos reservatórios. (Leia mais abaixo.)
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A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) determinou a redução da pressão de água pela Sabesp para economizar cerca de 4 mil litros de água por segundo. A medida é válida até que sejam recuperados os níveis dos reservatórios que abastecem a região metropolitana.
Segundo a Sabesp, a redução da pressão da água vai ser adotada durante a madrugada pelo período de oito horas, quando o consumo é menor.
O objetivo da medida é reduzir o volume de perdas de água nos inúmeros vazamentos subterrâneos da rede de distribuição que ainda não foram identificados pela Sabesp. Quando a pressão é menor, a perda é, consequentemente, menor.
“Durante o período noturno, o usuário pode perceber uma falta de água na sua torneira, mas ela deve voltar no início da manhã. É um bloco de 8h, a depender do local onde o usuário esteja situado, principalmente no ponto crítico”, explica o diretor-presidente da Arsesp, Thiago Mesquita Nunes.
De acordo com a Arsesp, a situação é semelhante à observada em 2021, mas melhor do que a do ano 2014, quando ocorreu a crise hídrica.
👉 Questionada pelo g1, a Sabesp não informou os horários exatos da redução de pressão e se algumas regiões serão mais afetadas do que outras.
Falta de água
Moradores de bairros afastados do Centro podem ser afetados com a falta de água
Renata Bitar/g1
No extreme Leste da capital, no Itaim Paulista, os moradores relataram à TV Globo que a falta de água não é novidade no bairro.
“Faz um bom tempo que as pessoas estão sempre reclamando. Para nós, a noite é uma falta de água bem grande, especialmente para quem tem parentes doentes em casa, é complicado”, desabafa a aposentada Teresa Godois.
Muitos moradores têm que recorrer a caixa da água para não ficar no prejuízo, como é o caso do técnico de edificações Paulo Roberto.
“Todos os dias eu chego por volta das as 22h30, e a água encerra literalmente, ela vai gradativa e zera. Passa esse período e só no dia seguinte, por volta das 4h30, ela retorna. Se esse período de seis horas já perdura, imagina se acontece durante oito horas? São duas horas a mais de ausência de água. É isso que nos perturba” diz Paulo.
Mês seco
As represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo funcionam em dois regimes de chuva. Entre outubro e março, período chuvoso, é quando se forma praticamente todo o estoque de água responsável por garantir o abastecimento durante o ano inteiro. Já de abril a setembro, a quantidade de chuva é mínima.
Essa variação é considerada normal para o clima da região. O que foge da normalidade é que, nos dois últimos períodos chuvosos, em 2023 e 2024, não choveu o suficiente para recuperar os reservatórios.
Saldo de água das represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo
Reprodução/TV Globo
No período de chuvas de 2022, as represas chegaram a acumular mais de 715 bilhões de litros de água. Durante a seca do ano seguinte, a perda foi de quase 323 milhões de litros. Já nas chuvas de 2023, o volume armazenado aumentou em pouco mais de 312 milhões.
O problema começou na estiagem de 2024, quando os reservatórios perderam 617 milhões de litros. As chuvas seguintes só conseguiram repor 177 milhões. Na atual seca, que ainda não terminou, a perda já soma 380 milhões de litros de água.
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