‘Tailândia brasileira’: parque em MS tem rios esmeraldas e cânions que guardam história milenar


‘Tailândia brasileira’: Serra da Bodoquena tem rios cristalinos e rochas milenares
Águas cristalinas de cor verde-turquesa e paredões rochosos de até 90 metros. Um cenário que pode fazer qualquer visitante pensar que está na Tailândia. Porém, as belezas estão no Centro-Oeste brasileiro, no Parque Nacional da Serra da Bodoquena. A área protegida tem 77 mil hectares e fica no sudoeste de Mato Grosso do Sul. Veja o vídeo acima.
O parque se estende pelos municípios de Bonito, Bodoquena e Jardim, e é o único parque federal totalmente dentro do território de Mato Grosso do Sul.
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A área do parque fica no Cerrado, mas também abrange fragmentos de Mata Atlântica. Essa mistura enriquece ainda mais a biodiversidade do local. Lá, também existem formações geológicas como cavernas, grutas, sumidouros, dolinas e cachoeiras, que surgiram há cerca de 500 milhões de anos, segundo o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Conheça cinco destaques da Serra da Bodoquena:
🌊Rios – água de cor verde-turquesa;
🌳Flora – Vegetação nativa com espécies de árvores como aroeira, peroba, gonçalo-alves, pau-alazão, jatobá-mirim, amora branca;
🐆Fauna – Presença de onças-pintadas, tamanduás-bandeira, harpia, lobo-guará, suçuarana, arara-azul-grande, ariranha;
🏞️Beleza cênica – Grutas, cavernas e nascentes em formações calcárias;
⛰️Turismo – Trilhas, áreas de banho e passeios de aventura.

Criada há quase 25 anos, em 21 de setembro de 2000, a Unidade de Conservação é uma área de proteção integral, ou seja, tem o objetivo principal de preservar a natureza, permitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, como para pesquisas científicas e atividades educacionais.

“Sempre utilizamos algumas áreas do parque como áreas para ação de educação e conscientização ambiental. A gente entende que as pessoas quando entram da unidade de conservação, elas saem diferentes de como entraram. A experiência da vivência ali na natureza transforma as pessoas, é aquela máxima de que você protege aquilo que você conhece”, afirma Sandro Roberto da Silva Pereira, analista ambiental do ICBMbio e chefe do parque.
Serra da Bodoquena fica nos municípios de Jardim, Bonito e Bodoquena, em Mato Grosso do Sul.
g1
Trilhas abertas à população
O parque federal é gerido pelo ICMBio. Atualmente, duas trilhas estão abertas ao público, uma localizada em Bonito, a do Rio Perdido, e a outra em Bodoquena, do Cânion do Rio Salobra. No trajeto, há diferentes opções de lazer:
⛰️contemplação da natureza;
🏞️banho de rio;
🌊flutuação;
🏊‍♂️caminhadas em trechos de rio e terra;
🚣‍♀️canoagem.
A visita ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena só pode ser feita com a presença de condutores credenciados pelo ICMBio. O instituto mantém uma lista com os nomes e contatos desses profissionais.
Atualmente, cerca de 180 condutores estão habilitados para guiar os visitantes. A exigência do acompanhamento é uma forma de permitir o turismo sem colocar em risco o ecossistema da região.
💰Preço – A unidade de conservação não cobra entrada dos visitantes. Contudo, o serviço de acompanhamento dos condutores tem preço estipulado por cada profissional, que não seguem uma tabela fixa;
⏰Horários das visitas – As visitas acontecem todos os dias, das 8h às 17h, e cada condutor pode levar grupos de até 10 pessoas.
Rio Perdido
Uma das trilhas do Parque é a do sumidouro-ressurgência do Rio Perdido, em Bonito, cidade reconhecida nacionalmente pelo ecoturismo. O local recebe visitantes desde 2021.
A trilha leva esse nome porque o rio desaparece em uma gruta — chamada sumidouro —, percorre 1,2 km por um canal subterrâneo e reaparece entre pedras, em meio à vegetação. O que os visitantes podem encontrar nos 3,5 km de trilha:
🌳🌳Durante o percurso, os visitantes encontram diversas espécies da flora local, como amoras-brancas, aroeiras, jaracatiá, pau-alazão e angico-vermelho.
🥾🏊‍♂️A trilha oferece mais que caminhada: o visitante pode tomar banho de rio, curtir a paisagem e fazer flutuação com snorkel.
Cânion do Rio Salobra
A trilha do Cânion do Rio Salobra fica em Bodoquena e foi aberta ao público em 2022. O destaque do percurso são os paredões de rocha que acompanham o leito do rio de águas esverdeadas. O local fica a 30 km da área urbana da cidade.
O coordenador de escola Higor Ribeiro Borher visitou o local em janeiro deste ano e se encantou com as belezas que viu. Ele lembra que percorreu os 5 km de trilha e teve contato direto com a natureza.
“É um excelente refúgio para aproveitar a biodiversidade, as águas cristalinas e a natureza. Passei o dia conhecendo o lugar, as cachoeiras, fazendo flutuação e, claro, conhecendo a história milenar da formação das rochas”, relembrou Higor.
🌳🌳Durante a trilha, os visitantes percorrem uma variedade de terrenos, alternando entre trechos secos em meio à vegetação e segmentos dentro do próprio leito do rio, em uma prática conhecida como acquatrekking;
🥾🏊‍♂️Ao longo do percurso, é possível aproveitar ainda pontos destinados à flutuação, onde os visitantes podem relaxar e apreciar a paisagem enquanto são levados suavemente pela correnteza.
Formação milenar
As origens da Serra da Bodoquena estão descritas no plano de manejo elaborado pelo ICMBio.
Segundo o documento, os enormes paredões rochosos da região se formaram há cerca de 500 milhões de anos. Estudos apontam que, nesse período, a área já foi fundo de oceano.
“A Serra da Bodoquena tem uma formação geológica bem interessante, porque o terreno sofreu um soerguimento [levantamento] e, por uma questão geológica, se formou o conjunto da morraria da Bodoquena, nascendo uma região mais alta no estado”, explica Sandro.
❓🏞️ A paisagem cárstica da Serra da Bodoquena – A base dos morros da serra é formada por rochas calcárias, ricas em carbonato de cálcio. Essas rochas se dissolvem facilmente com a água, dando origem ao chamado relevo cárstico — um tipo de paisagem com cavernas, rios subterrâneos e formações naturais sensíveis, como as encontradas na Serra da Bodoquena.
As rochas calcárias também são responsáveis pelo tom verde-turquesa das águas cristalinas da região. Isso acontece porque, ao se dissolverem, essas rochas liberam sais minerais que ajudam a deixar a água mais limpa, transparente e com cores vibrantes, como azul e verde. É esse processo natural que dá aos rios da região sua aparência única.
“Esse ambiente tem muitas cavernas, sumidouros, ressurgências, dolinas e dutos subterrâneos”, explica o chefe do parque. Os carbonatos de cálcio, principalmente, são diluídos na água e toda sujeira que cai nessa água, esses sais, eles grudam nessa sujeira e precipitam. Então, você sempre vai ter uma água límpida, né, por conta dessa característica”, explica Sandro Pereira.
Flutuação é um dos passeios que os turistas podem fazer no local.
Loraine França/g1 MS
Serra da Bodoquena, a “Tailândia brasileira”.
ICMBio/Reprodução
+Natureza – RPPNs e o Parque Nacional da Serra da Bodoquena
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