
Justiça de SP determina transferência de Tuta, líder do PCC, para Penitenciária de Presidente Venceslau
A Justiça de São Paulo acolheu uma denúncia do Ministério Público de São Paulo e decretou, nesta sexta-feira (22), mais uma prisão preventiva contra Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, um dos chefes do PCC, preso na Bolívia em maio.
Tuta, no entanto, já está preso na Penitenciária de Presidente Venceslau, unidade de segurança máxima do estado de São Paulo.
Com essa nova decisão da Justiça, Tuta e outras 10 pessoas tornaram-se réus acusados de cometerem uma série de atos ilícitos para dissimular a propriedade de imóveis controlados por Tuta, bem como a origem dos recursos utilizados em sua aquisição, segundo o MP-SP.
Também foi decretado o sequestro de mais de R$ 55 milhões e de bens imóveis de Tuta e dos outros réus, como ressarcimento pelo dano moral coletivo e pelo dano social resultantes dos atos ilícitos de que são acusados.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
A denúncia do Ministério Público, feita em 14 de agosto, refere-se a um esquema de lavagem de dinheiro e organização criminosa liderado por Tuta com o intuito de ocultar valores ilícitos provenientes de tráfico de drogas e outras atividades criminosas ligadas ao PCC.
O esquema teria movimentado mais de R$ 1 bilhão entre 2018 e 2019.
O Tribunal de Justiça de SP (TJ-SP) já havia autorizado, em 1° de agosto, a transferência do traficante para o sistema penitenciário estadual de São Paulo.
Tuta foi preso em maio na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e levado pela Polícia Federalí (PF) para o presídio federal de Brasília.
Ele foi um dos principais alvos da Operação Sharks, deflagrada em 2020, quando fugiu do Brasil e passou a constar como foragido na lista da Interpol.
O criminoso já foi condenado em primeira instância por organização criminosa, com pena de 12 anos e seis meses de prisão.
Ele é considerado o sucessor de Marcola, o chefe máximo da facção que está preso no sistema penitenciário federal e cumpre penas de mais de 300 anos.
LEIA MAIS:
Forjado, Chacal, Mijão e André do Rap: quais são os outros líderes do PCC que podem estar escondidos na Bolívia, segundo o MP de SP
PERFIL: Quem é Tuta, substituto de Marcola no PCC e preso na Bolívia
Major da polícia boliviana é preso por suspeita de acobertar Tuta, chefe do PCC no país vizinho, detido na semana passada
Imagens e documentos exclusivos mostram como Tuta se tornou um dos chefes do PCC
Como foi a prisão na Bolívia
Bolívia prende chefe do PCC foragido da Justiça brasileira
Ele estava foragido havia cinco anos e foi capturado a cidade de Santa Cruz de la Sierra em 16 de maio, com documentos falsos, segundo a Polícia Federal. A prisão foi feita pela Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen, da Bolívia.
A polícia boliviana informou que o homem detido se apresentou como Maycon Gonçalves da Silva, nascido em 25 de março de 1971, em um centro comercial da cidade, para tentar renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI), documento necessário para não bolivianos que residem no país.
Polícia da Bolívia prende Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, chefe do PCC foragido da Justiça brasileira, nesta sexta-feira (16).
Foto cedida por Ariel Melgar/El Deber
Ao consultar o sistema internacional de estrangeiros, surgiu um alerta indicando que se tratava de um procurado pela Interpol. A PF, então, foi comunicada.
Marcos Roberto de Almeida foi detido sob suspeita de uso de documentos falsos e falsidade ideológica. Dias depois, um major da polícia boliviana também foi preso em Santa Cruz de la Sierra por suspeita de dar proteção para Tuta na Bolívia.
Preso pela PF, Tuta é considerado o substituto de Marcola no comando do PCC
Reprodução
Marcola, chefe do PCC, está preso no sistema penitenciário federal desde 2019
Arquivo/TV Fronteira
Nova estrutura do PCC
O novo organograma da cúpula do PCC em São Paulo, apresentado pelo Ministério Público de SP nesta segunda-feira (14).
Reprodução
Em 2020, após a primeira fase da Operação Sharks, o MP paulista identificou os 21 suspeitos de integrar a nova cúpula do PCC.
Entre eles estava Tuta, que fazia parte da cúpula, chamada de Sintonia Final da Rua. Alvos foram identificados na Bolívia, no Paraguai e até na África.
Segundo o então procurador-geral de Justiça, Mário Luiz Sarrubbo, Tuta assumiu o comando do PCC por escolha do próprio Marcola.
Ele estava foragido e chegou a ser identificado, na época, como ocupante de um cargo de adido no consulado de Moçambique em Belo Horizonte. Seria uma estratégia para ocultar sua identidade.
O termo “adido” é usado para designar um agente diplomático que não é um diplomata de carreira.
“A partir da remoção [para o sistema federal], as ordens passaram a ser nas ruas. E um dos indivíduos, Marcos Roberto, vulgo Tuta, ele assumiu a função do Marcola. É um indivíduo que tem contato em consulado, que transita no país e fora do país. É uma operação hoje que a ordem não está mais centralizada dentro do presídio, mas na rua. Por isso a importância da operação de hoje”, afirmou o promotor Lincoln Gakiya.
Além dele, o Ministério Público identificou outros 20 nomes que fazem parte da nova cúpula da facção.
Entre eles três nomes que seriam o braço financeiro da organização criminosa. Eles administram o dinheiro oriundo do tráfico feito belo bando. Entre os nomes que fazem parte do braço financeiro está uma mulher: Carla Luy Riciotti Lima, além de Robson Sampaio Lima e José Carlos de Oliveira.