Trabalho sob altas temperaturas provoca 19 mil mortes por ano, segundo a ONU


ONU alerta que aumento do calor afeta ‘gravemente’ a saúde dos trabalhadores
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O aumento das temperaturas globais impacta “gravemente” a saúde e a produtividade dos trabalhadores, advertiu nesta sexta-feira (22) a Organização das Nações Unidas (ONU), que pediu a adoção de medidas imediatas.
O calor extremo impõe desafios cada vez maiores nos locais de trabalho, segundo as agências de saúde e clima das Nações Unidas, que publicaram um guia para governos, empregadores e autoridades de saúde para tentar mitigar os riscos.
“É necessário atuar imediatamente para enfrentar os efeitos cada vez mais graves que a sobrecarga térmica tem nos trabalhadores de todo o mundo”, afirmaram.
Muitos trabalhadores estão habitualmente expostos a condições perigosas de calor, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
As duas organizações destacaram que a frequência e a intensidade dos episódios de calor extremo aumentaram consideravelmente, o que aumenta os riscos para os trabalhadores ao ar livre, assim como para aqueles em ambientes fechados.
Os trabalhadores de setores como agricultura, construção e pesca são particularmente afetados, acrescentaram as agências.
OMS e OMM apontam que a produtividade dos trabalhadores registra queda de entre 2% e 3% para cada grau acima de 20°C.
Os riscos para a saúde incluem golpes de calor, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos.
“A sobrecarga térmica ocupacional virou um desafio social em todo o mundo e não afeta apenas os países próximos à Linha do Equador, como demonstrou a recente onda de calor na Europa”, afirmou Ko Barrett, secretária-geral adjunta da OMM.
“Proteger os trabalhadores do calor extremo não é apenas um imperativo de saúde, mas uma necessidade econômica”, acrescentou.
2,4 bilhões de trabalhadores afetados
As agências pediram planos de ação contra o calor no trabalho, adaptados para indústrias e regiões específicas.
As diretrizes são baseadas nas conclusões da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que destacam que mais de 2,4 bilhões de trabalhadores estão expostos a um calor excessivo em todo o mundo, o que representa 71% da população ativa global.
O cenário provoca mais de 22,85 milhões de acidentes de trabalho por ano e quase 19.000 mortes.
“Sem uma ação ousada e coordenada, o estresse térmico se tornará um dos riscos de trabalho mais devastadores da nossa época, provocando perdas consideráveis em termos de vidas humanas e produtividade”, advertiu Joaquim Pintado Nunes, diretor do departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT.
“Investir em estratégias eficazes de prevenção e proteção permitiria ao planeta economizar bilhões de dólares todos os anos”, acrescentou.
O último relatório técnico e guia da OMS sobre o estresse térmico no local de trabalho havia sido publicado em 1969, “quando o mundo era muito diferente em termos de mudança climática”, segundo Ruediger Krech, diretor de Meio Ambiente da OMS.
“O que mudou foi a gravidade”, acrescentou, ao recordar os recordes de temperatura nos últimos 10 anos.
Segundo os cientistas, as ondas de calor são cada vez mais intensas e frequentes no mundo inteiro devido às mudanças climáticas provocadas pela humanidade.
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