
Em resposta a navios americanos, Maduro convoca milicianos para defender Venezuela
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou na tarde desta quinta-feira (21) para Colômbia, onde participa nesta sexta (22) da cúpula dos países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
O governo brasileiro acredita que um dos temas a serem tratados na cúpula é a presença de embarcações de guerra dos EUA na região do Caribe, próximo da Venezuela – o litoral de parte dos países amazônicos é banhado pelo Mar do Caribe.
O encontro em Bogotá visa também alinhar posições dos países cobertos pela floresta amazônica para a conferência do clima das Nações Unidas, a COP 30, que será realizada em novembro em Belém (PA). Anfitrião da COP 30, Lula intensificou as conversas com líderes de outros países.
O governo brasileiro trabalha, por exemplo, para que a conferência defina metas de redução de gases de efeito estufa e avance na definição de um mecanismo de remuneração para países em desenvolvimento preservarem suas florestas.
Lula passa cargo de presidente a Alckmin de forma simbólica antes de viagem à Colômbia
Ricardo Stuckert/PR
Navios americanos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou navios militares para a região sul do Caribe dizendo que o objetivo da presença militar no local seria enfrentar ameaças de cartéis de drogas latino-americanos.
As embarcações estão em águas internacionais, porém o movimento desagradou governos de países da região.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na quarta-feira que “os EUA se acham donos do mundo”, chamou a mobilização militar de agressão imperialista e que Trump usa as operações contra o tráfico de drogas como pretexto para intervir no país.
O governo brasileiro acredita que os EUA não tentarão uma ação em território venezuelano ou de outro países da região, no entanto, a presença dos navios tensiona o ambiente político.
A delegação brasileira na OTCA avalia que a declaração final da cúpula pode dar uma resposta velada aos EUA ao incluir um trecho que reforce a importância dos próprios países amazônicos combaterem juntos crimes como tráfico de drogas e exploração ilegal de madeira.
EUA enviam navios de guerra para o sul do Caribe
Editoria de Arte/g1
Agenda em Bogotá
Além do Brasil, também integram a OTCA:
Colômbia;
Bolívia;
Equador;
Guiana;
Peru;
Suriname; e
Venezuela.
A programação prevê, na manhã de sexta-feira (22), um encontro dos representantes dos países com sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais, academia. No entanto, os presidentes da maior parte dos países não devem ir à reunião.
Na sequência, as autoridades dos oito países da OTCA farão uma reunião privada. Ao final deve ser divulgada uma declaração a respeito dos pontos acordados na cúpula.
Fundo para proteger florestas
Segundo o governo brasileiro, a cúpula da OTCA deve renovar o compromisso dos países com a agenda de preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O Brasil articula uma declaração separada de apoio dos países amazônicos à criação de Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF na sigla em inglês).
O governo brasileiro pretende lançar o TFFF durante a COP 30, a fim de reunir recursos que serão repassados aos países em desenvolvimento que conservarem suas florestas.
Segundo o secretário Patrick Luna, chefe da Divisão de Biodiversidade do Ministério das Relações Exteriores (MRE), os aportes de países, empresas e entidades para o TFFF funcionarão como investimentos.
“A contribuição ao fundo não vai ser uma doação, vai ser um investimento. Tanto as empresas quanto os países que fizerem aportes ao fundo vão ser remunerados anualmente com uma taxa competitiva de mercado”, afirmou em entrevista a jornalistas.