Amazônia ainda pode evitar ‘ponto de não retorno’, aponta estudo

COP30 – O que são os “pontos de não retorno” do clima?
A Amazônia não está condenada a um colapso inevitável, mas o tempo para agir está se esgotando.
É isso o que mostra um recente estudo liderado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e publicado na Annual Review of Environment and Resources nesta semana.
A pesquisa indica que não há evidência de um único ponto de não retorno climático para todo o bioma, mas alerta que múltiplos colapsos regionais já se desenham, impulsionados pela combinação de desmatamento, queimadas, perda de fauna, fragmentação e mudanças no regime de chuvas.
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O estudo também chama atenção para o chamado “efeito martelo”, que descreve a pressão direta e constante provocada por ações humanas como desmatamento, queimadas, exploração madeireira, fragmentação e perda de fauna.
Diferente de um colapso climático irreversível, esse processo ainda pode ser contido, desde que as causas sejam enfrentadas de forma imediata.
“Embora as mudanças climáticas e os distúrbios locais já estejam provocando grandes transformações negativas na Amazônia, a falta de evidências de um colapso florestal iminente causado exclusivamente pelo clima (sem o fator fogo) também representa uma janela crucial de oportunidade. O destino da Amazônia não está predeterminado por um único ponto de não retorno — as escolhas, políticas e ações tomadas hoje podem direcionar a região para um futuro mais sustentável”, afirmam os pesquisadores no artigo.
a COP30 e nosso futuro
Essa pressão, no entanto, não para de crescer. Entre 2024 e 2025, a degradação florestal aumentou 597% em relação ao ano anterior, atingindo mais de 36 mil km², impulsionada principalmente por incêndios.
No mesmo período, o desmatamento subiu 4%, chegando a 4.495 km². O fogo sozinho respondeu por 15% da perda total da floresta no período — quase o dobro do pico registrado em 2016.
Apesar do cenário, o IPAM afirma que a resiliência da Amazônia permanece, especialmente nas regiões mais conectadas e com cobertura florestal contínua.
Medidas urgentes
Para tentar conter esse avanço, o estudo propõe cinco frentes prioritárias: reduzir o desmatamento — chamado de “primeira linha de defesa”, restaurar áreas degradadas, manejar incêndios, fortalecer políticas públicas e ampliar a cooperação com povos indígenas e comunidades tradicionais.
Esses territórios concentram apenas 1,6% da perda de vegetação nativa no país entre 1985 e 2020 e foram responsáveis por proteger 20% das florestas brasileiras no período.
“Florestas inseridas em uma matriz com alta cobertura florestal podem recuperar rapidamente a biomassa e a riqueza de espécies arbóreas”, diz o texto do estudo.
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