Desconfiança e cautela pairam sobre encontro entre Trump e Putin no Alasca


Vladimir Putin, Donald Trump e Volodymyr Zelensky
Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via REUTERS, Reuters e Genya Savilov/AFP
Os líderes europeus tentaram demonstrar alívio após a videoconferência com o presidente dos EUA, Donald Trump, na qual obtiveram dele a garantia de que nenhum acordo será fechado nesta sexta-feira (15) com o presidente Vladimir Putin, sem a anuência da Ucrânia, especificamente sobre a cessão de territórios à Rússia.
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Prevaleceu a sensação de que Donald Trump, Volodymyr Zelensky e os aliados europeus estavam na mesma página para um acordo de paz que defenda os interesses da Ucrânia, conforme definiu a primeira-ministra da Letônia, Evika Silina. Mas, tendo em conta as desconfianças que pairam sobre os dois interlocutores da tão esperada reunião a portas fechadas na base militar do Alasca, o otimismo empaca na página 2.
Excluído do encontro que abordará o futuro de seu país, Zelensky alertou que a proposta de cessar-fogo de Putin é um blefe. Trump acenou com “graves consequências” se a Rússia não interromper a guerra após a reunião em Anchorage. Os últimos sete meses estão aí para provar que os ultimatos e as ameaças de sanções e guerra econômica ao presidente americano ao russo ficaram no campo da retórica e foram ignorados por Putin.
O jogo se desenrola claramente no campo da Rússia, apesar das promessas vazias de Trump de encerrar rapidamente a guerra que completa três anos e meio. A suposta troca de terras, cogitada inicialmente por Trump para o cessar-fogo, se mostra incipiente, já que a Ucrânia ocupa atualmente uma pequena parte do território russo. Por outro lado, Zelensky descarta veementemente ceder território para Moscou.
Se o presidente americano procurou tranquilizar os líderes europeus nesta quarta-feira sobre os seus temores em relação à segurança do continente no pós-guerra e os termos de um acordo de paz, não conseguiu esclarecer o que fará para convencer Putin sobre a necessidade de um cessar-fogo.
“Embora tenha havido contatos e alguns esforços exploratórios, nada substancial o suficiente surgiu para ser descrito como preparação bilateral para um acordo. Isso me leva a concluir que nenhum “acordo”, no sentido de um acordo, será alcançado no Alasca. O máximo que Putin pode realisticamente esperar de Trump é apoio à sua proposta de estrutura”, analisou Tatiana Stanovaya, pesquisadora sênior do Carnegie Russia Eurasia Center.
Trump busca incansavelmente colar no peito a insígnia de pacificador, mas corre o risco de ser novamente enganado pelo presidente russo. Aos europeus, restou a opção de confiar no presidente americano, com a premissa da desconfiança. Putin aparentemente tenta ganhar tempo, protelar decisões e, em última forma, atenuar o desgaste nas relações com os EUA.
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