
Veteranos reunidos para confraternização
Arquivo pessoal
O 5º pelotão de veteranos da Polícia Militar reuniu, em Bauru (SP), policiais que entraram para corporação há 50 anos. O encontro reuniu os veteranos com o objetivo de reviver grandes momentos dos velhos amigos.
A organização do evento conseguiu reunir 16 dos 40 alunos formados no 4º Batalhão de Caçadores em 1975. Jovens na época, com cerca de 20 anos, hoje muitos são avós e se reuniram com familiares na Associação de Cabos e Soldados. Na ocasião, fizeram homenagens aos colegas que já partiram e compartilharam casos marcantes de suas carreiras.
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A organização do encontro ficou por conta do 3º sargento Beraldo, que, com ajuda da esposa, localizou os colegas da época, marcou a data e reservou o espaço. Ao g1, ele contou que já pensa no próximo encontro:
“Consegui encontrar quase toda a turma. Apenas quatro não localizei. Depois de 50 anos, só posso agradecer a todos os meus companheiros que fizeram parte dessa comemoração. E, para o ano que vem, se Deus quiser, vou conseguir localizar esses que faltaram.”
Após a formatura, cada policial foi designado para uma missão em diferentes regiões do estado. Alguns seguiram para Santos (SP) e São Paulo (SP), outros foram para a Polícia Rodoviária, Ambiental e o Corpo de Bombeiros. Muitos não se viam havia décadas.
Grupo de alunos reunidos na época da academia
Arquivo pessoal
O reencontro só foi possível graças à dedicação dos organizadores e ao uso da tecnologia.
“Cada um foi para um canto, tomou seu rumo. Aí, depois de 50 anos, graças ao WhatsApp, conseguimos localizar um bom número do pessoal e fazer esse evento. Foi muito bom reencontrar os velhos amigos veteranos. Muitos não tiveram o privilégio de estar conosco, mas tudo é motivo de agradecer a Deus, por termos ainda um pouco de saúde para estar aqui”, comentou o tenente Prado.
Entre os presentes, diversas histórias. Alguns seguiram carreira na PM, outros foram para o direito ou, após a aposentadoria, mudaram de área, como o diácono Gilson Crema:
“Nasci na zona rural de Guaiçara e comecei minha vida trabalhando na roça. Aos 18 anos, entrei para o serviço militar e, em 1975, ingressei na Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde atuei em diversas unidades e enfrentei muitos desafios, especialmente ao me adaptar à vida nas grandes cidades. Durante o serviço, conheci minha esposa, com quem me casei e tive dois filhos e três netos. Ela faleceu em 2012. Em 2007, após estudar filosofia e teologia, fui ordenado diácono permanente da Igreja Católica e, hoje, atuo na Paróquia São Francisco Xavier, na Arquidiocese de São Paulo.”
Já o subtenente Sanchez atuou em Lins, Campinas e São Paulo, onde vivenciou o sistema prisional de perto durante o período da rebelião do Carandiru, em 1992:
“Servi na Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru, entre 1990 e 1993. Vivi de perto a realidade do sistema prisional, com todas as suas dificuldades e desafios. No dia 2 de outubro de 1992, data do trágico massacre que abalou o país, eu não estava de plantão. Fiquei sabendo do ocorrido depois. Foi um momento de grande impacto para todos nós que, de alguma forma, fazíamos parte daquele ambiente.”
O sargento Beraldo também relembrou um dos momentos mais marcantes da sua carreira: o acidente com um avião da TAM em Bauru, em fevereiro de 1990:
“Eu e o soldado Bastazine estávamos em patrulhamento quando a Central informou sobre a queda. Fomos a primeira viatura a chegar ao local, com o avião ainda explodindo e as fiações elétricas queimando. Fizemos o máximo para evacuar a área e organizar o trânsito até a chegada dos bombeiros e ambulâncias. Alguns conseguiram sair do avião, mas me marcou muito ver o avião em chamas sobre uma Quantum, vitimando mãe e filha, sem ninguém poder fazer nada. Fui eu quem registrou a ocorrência, por sermos os primeiros no local. Foram muitas horas de trabalho para todos, bombeiros, enfermeiros e voluntários.”
Um dos episódios que mais marcou Beraldo ocorreu em abril de 1979, durante o roubo na unidade das Lojas Americanas em Bauru. Na fuga dos criminosos, houve uma perseguição policial intensa e violenta, que resultou em um tiroteio nas ruas da cidade e deixou o sargento ferido:
“Algumas lembranças com o apoio dos colegas foram do tiroteio final do roubo na Americanas em 1979. Três assaltantes vieram de Araraquara; dois conseguiram fugir, mas um, não. Esse último sequestrou um táxi com um passageiro. Durante a fuga, várias viaturas estavam no encalço, e o assaltante usava dois revólveres, chegando a atirar até em pedestres para desviar a atenção dos policiais. A perseguição passou pelo Centro, pela Vila Falcão e por várias ruas do Bela Vista. No final da Rua Beirute com a Boa Esperança, o táxi colidiu contra uma árvore. Ali ocorreu o tiroteio final. O assaltante, com vários ferimentos, foi socorrido com vida, mas veio a falecer no hospital. O taxista e o passageiro sofreram ferimentos leves.”
Em meio a tantas histórias e lembranças, Benedito Neto, também formado na turma de 1975, resumiu ao g1 o sentimento que envolveu o reencontro e o reconhecimento pela iniciativa:
“Agradeço muito a reunião que foi liderada pelo amigo e irmão Beraldo e sua esposa, que coordenaram com muita maestria, dedicação e amor. Reuniram os então alunos da escola de soldado, que entraram em 1975, do 5º pelotão do 4º Batalhão da Polícia Militar de Bauru, batalhão que até hoje desenvolve suas funções com excelência. Nós já seguimos outras profissões além da Polícia Militar, mas essa passagem fica gravada para sempre em nossos corações e almas.”
Sargento Beraldo e seu filho Renan, em 1996
Arquivo pessoal
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