
Exclusivo: Imagens da câmera corporal mostram PM sendo baleado em Paraisópolis
O cabo da PM Johannes Kennedy Santana, de 34 anos, que foi baleado durante abordagem a suspeitos de roubos em Paraisópolis na última quinta-feira (7), na Zona Sul de São Paulo, disse em entrevista à TV Globo que, segundo os médicos, a única explicação para ele não ter ficado com nenhuma sequela é que houve um milagre.
“Quando o disparo me atingiu, não tinha consciência de que era disparo ou pedra, porque estavam jogando várias pedras. Só senti o corpo desabar, e a mão não estava obedecendo. Aí consegui chamar o apoio. A sensação é horrível”, lembra.
Ele conta que perguntou para uma mulher que passava pelo local se havia sido um tiro, “e vi que o sangue estava intenso”. A mulher confirmou. “O pescoço teve entrada e saída [da bala], e no caminho acabou fraturando uma vértebra. Agora, é repouso somente e medicação. Tratamento em casa. Foi por pouco”.
“No resgate, eu pensei: ‘E agora? Como vai ficar?’ Depois de ver que ficou tudo bem, percebi que foi [como] ver a mão de Deus. Deus é maravilhoso e sou muito grato. O médico falou que a explicação seria Deus. Porque se o projétil tivesse atravessado teria atingido a medula e eu perderia os movimentos. Falaram que fui abençoado”, complementou.
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A câmera corporal de Santana registrou o momento em que ele foi atingido no pescoço (veja acima). Ele foi resgatado pelo helicóptero Águia e levado ao Hospital das Clínicas. A alta ocorreu um dia depois, na sexta-feira (8).
Segundo Santana, tudo começou quando o Copom informou que estavam ocorrendo vários roubos na área da Chácara Santo Antônio por três motocicletas. Ele e o parceiro, da equipe da Rocam, foram até o local e encontraram os suspeitos sendo perseguidos por uma viatura.
“Nesse momento, avistamos o acompanhamento (perseguição) e passamos a integrar. Aí, em dado momento, um deles [suspeito] veio de encontro com a minha equipe e colidiu na motocicleta do meu parceiro, que caiu e teve danos. O indivíduo, então, passou em locais que só motocicletas passariam e fui atrás. Até que ele chegou na comunidade de Paraisópolis e continuei”.
“Ao acessar a comunidade, eu sofri um disparo de arma de fogo. O indivíduo jogou a bag e começou a tentar despistar de mim. Não conseguiu. Depois, ele continuou a fuga a pé. Continuei acompanhando ele com a moto, quando ele cansou. Tombei a moto e fiz a detenção”.
Ainda conforme o policial, ele fez uma vistoria preliminar no suspeito e não encontrou arma de fogo.
“Eu não vi a arma de fogo. Eu fiz uma busca preliminar rápida na linha da cintura e não havia armamento. Depois, chegou um rapaz que tentou resgatar o indivíduo e as pessoas passaram a tacar pedra em mim. Se eu soubesse que ele estava armado, conseguiria me defender e não teria sido vitimado como fui”.
“Eu fiquei tranquilo porque, pela minha experiência, naquele momento eu sabia que o apoio ia vir. Sabia que ia inflamar [a situação], mas o apoio vai vir. A ideia era controlar a situação até o apoio vir”.
Conforme Santana, no momento em que levou o disparo,” o corpo desmontou, mas ficou consciente”.
“Eu lembro do indivíduo pegando a arma e mim e correndo. O que mais impressionou foi o pessoal da comunidade. Eu estava ali para fazer o meu serviço. Sabia que o indivíduo estava praticando roubo, não fui para agredir ninguém. As pessoas passaram como se fosse um pedaço de carne no chão”, afirmou.
Foi por conta das imagens registradas no local que ele soube que o tiro foi dado pelo rapaz detido. “A primeira sensação quando eu vi as imagens foi: ‘poxa, eu não vi [a arma]’. A gente acaba se culpando. Um sentimento de culpa, de repulsa pelo que aconteceu”.
Santana diz que nunca tinha sido baleado em 10 anos de corporação. Mesmo com a situação, ele diz que faria de novo. “Eu faria de novo. A gente gosta do que faz e faz para ajudar as pessoas”.
Cabo da PM Johannes Kennedy Santana
TV Globo
Prisão do suspeito
Policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prenderam neste sábado (9) o suspeito de roubar a arma de um policial militar.
Os agentes fizeram campana por cerca de 30 horas e localizaram o suspeito na região de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. A arma do policial também foi recuperada — ela estava escondida em uma comunidade no Campo Limpo, conhecida como Favela da Grota
Gabriel Vieira dos Santos, de 28 anos, acusado de roubar arma de PM em Paraisópolis foi preso neste sábado (9).
Reprodução/TV Globo
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou na sexta, em suas redes sociais, que os suspeitos não ficarão impunes.
“Tenho acompanhado a evolução do quadro do Cabo Santana, que foi covardemente atacado, e oro por sua recuperação. Quem atira em policial não é trabalhador e nem vítima da sociedade, é bandido. Esses não ficarão impunes”.
Dois homens foram identificados: o autor dos disparos, Kauan Alison Alves dos Santos, de 19 anos, e Gabriel Vieira dos Santos, de 28, que roubou a arma e foi preso no sábado.
O policiamento nas entradas e saídas da favela de Paraisópolis foi reforçado para prender os envolvidos no crime, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar, afirmou à TV Globo que o cabo Santana agiu corretamente durante a ação. Segundo ele, apesar de não ser recomendado estar sozinho, a maneira como aconteceu a ocorrência levou a essa situação do policial estar ali sem outros agentes.
Arma do PM recuperada
Divulgação
Perseguição
O cabo Santana foi baleado na favela de Paraisópolis, após perseguir dois suspeitos de realizar arrastões na quinta-feira (7) na região da Chácara Santo Antônio.
Nas imagens, obtidas com exclusividade pela TV Globo, é possível ver o momento da ação. Segundo a Polícia Militar, uma equipe fazia patrulhamento, quando encontrou uma moto ocupada por dois homens e suspeitou que a dupla poderia estar envolvida em roubos na região. Houve perseguição até Paraisópolis, e os suspeitos entraram na comunidade.
Polícia de SP faz buscas por bandido que atirou em PM durante perseguição em Paraisópolis
Ao tentar abordar Kauan, ele ofereceu resistência. Ambos entraram em uma luta corporal. O suspeito, no entanto, estava armado, e baleou o PM no pescoço. Outro homem, identificado como Gabriel Vieira dos Santos, de 28 anos, aparece nas imagens. Ele retira a arma do agente depois que ele é baleado.
Na sequência, o PM pede socorro ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). No vídeo, que tem 11 minutos de duração, é possível ver que o agente está sangrando. Ele informa o Copom que foi baleado e que os suspeitos levaram a arma dele.
Cerca de três minutos depois, aparecem outros dois policiais militares e prestam socorro ao agente baleado. O vídeo da câmara corporal é encerrado.
Câmera corporal de PM registrou abordagem que terminou com o policial baleado no pescoço em Paraisópolis, na Zona Sul de SP.
Reprodução/TV Globo
Polícia divulgou a identidade de Kauan Alison Alves dos Santo, de 19 anos – homem que atirou no PM em Paraisópolis – e Gabriel Vieira dos Santos, que fugiu com a arma do policial, de 28 anos.
Reprodução/TV Globo
Policial militar é baleado durante abordagem a suspeitos de arrastão Paraisópolis, Zona Sul de SP
Reprodução/TV Globo
Suspeito que atirou em PM em Paraisópolis participou de assaltos na Zona Sul
PM é baleado em Paraisópolis, Zona Sul de SP
Reprodução/TV Globo