
Delivery próprio ou por aplicativo? Veja qual vale mais a pena
O 99Food chegou à capital paulista na manhã desta terça-feira (12). Dos R$ 1 bilhão que a plataforma prevê investir para voltar ao mercado de entrega de comida no Brasil, R$ 500 milhões serão aplicados em São Paulo e em cidades da região metropolitana, que já reúnem 20 mil restaurantes cadastrados.
Adentrando em um mercado dominado praticamente por uma única plataforma (veja mais abaixo), a 99 aposta em um modelo que vai isentar taxas de comissão de restaurantes, contribuindo para que os preços no app sejam os mesmos do balcão.
Simeng Wang, diretor geral da 99, destacou que a plataforma analisou o ecossistema de entregas de comida nos últimos meses antes de retornar ao segmento.
“Ficou claro que todo mundo pede uma nova opção [de apps de entrega]. Restaurantes sentem a dor da comissão alta, fazendo o lucro ser baixo. Já os consumidores se queixam dos preços repassados”, diz Wang.
De olho nos entregadores parceiros, eles também terão incentivos para atuarem em todo o ecossistema de entregas da 99, incluindo agora o delivery de refeições.
Aplicativo da 99 lança serviço de moto por aplicativo na capital paulista.
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/Estadão Conteúdo
Chineses na disputa pelo delivery
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estima que cerca de 70 milhões de brasileiros tenham em seus celulares algum aplicativo de entrega de refeições.
De olho nesse público, o grupo controlador da 99Foods, a Didi Chuxing, não é a única empresa chinesa interessada em abocanhar uma fatia relevante do mercado de entrega de comida no Brasil.
A Meituan, uma das maiores companhias desse segmento no mundo, anunciou que investirá US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) por aqui nos próximos cinco anos. O objetivo é lançar a sua marca, a Keeta, com previsão inicial de estreia ainda no segundo semestre deste ano.
Na China, o aplicativo conta com 770 milhões de usuários ativos e também realiza entregas por drones. A empresa é listada na Bolsa de Hong Kong, registrando uma receita de US$ 46 bilhões em 2024.
Investimentos bilionários
Para manter participação no mercado, as plataformas que já atuam no país também anunciaram aportes bilionários em suas operações.
O iFood, líder do setor, anunciou recentemente que investirá R$ 17 bilhões no Brasil até março de 2026 — é o terceiro ano consecutivo em que o valor supera R$ 10 bilhões.
Até 2028, as metas do iFood incluem:
elevar a base de usuários ativos de 55 milhões para 80 milhões;
aumentar o volume mensal de pedidos de 120 milhões para 200 milhões;
ampliar a equipe com 1.100 novos colaboradores diretos, ultrapassando 8.600 funcionários.
A Rappi também anunciou investimentos, embora mais modestos. Nos próximos três anos, aplicará R$ 1,4 bilhão com a meta de ampliar a base de restaurantes cadastrados de 30 mil para 100 mil e expandir a operação de 50 para 300 cidades.
Competição acirrada
Retornando ao mercado de delivery, a própria 99 integra a lista de aplicativos que já tentaram atuar no segmento, mas acabaram desistindo no passado.
▶️ A Glovo foi a primeira a anunciar, em 2019, que deixaria de operar no país após apenas 12 meses, devido à forte concorrência.
Na ocasião, o aplicativo espanhol declarou que, para permanecer no país, seriam necessários mais investimentos e tempo para “ganhar participação, liderar e alcançar rentabilidade”.
▶️ Três anos depois, em 2022, foi a vez do Uber Eats deixar o Brasil, embora não tenha encerrado totalmente os serviços de entrega.
A plataforma informou que passaria a focar apenas em itens de supermercado e envio de pacotes.
▶️ Em 2023, a própria 99Food encerrou suas operações após quatro anos de atividade.
A empresa declarou que concentraria seus recursos no desenvolvimento de serviços sobre duas rodas, “com a expansão do 99Moto e do 99Entrega Moto em delivery”.
*Matéria em atualização