
A China quer que os Estados Unidos relaxem os controles de exportação sobre chips fundamentais para o desenvolvimento de inteligência artificial como parte de um acordo comercial antes de uma possível cúpula entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, informou o Financial Times neste domingo (10).
Os Estados Unidos já suspenderam restrições à exportação de chips H20 para a China para tentar um acordo comercial. O país asiático, entretanto, afirmou que o modelo da Nvidia, desenvolvido com restrições para o mercado chinês, representam preocupações de segurança para, afirmou neste uma conta de mídia social afiliada à mídia estatal chinesa.
Os chips H20 também não são tecnologicamente avançados nem ambientalmente sustentáveis, disse a conta Yuyuan Tantian, ligada à emissora estatal CCTV, em um artigo publicado no WeChat.
Trump suspende restrições à exportação de tecnologia para a China
“Quando um tipo de chip não é ecologicamente correto, nem avançado, nem seguro, como consumidores certamente temos a opção de não comprá-lo”, concluiu o artigo. A Nvidia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Os chips de inteligência artificial H20 foram desenvolvidos pela Nvidia para o mercado chinês depois que os EUA impuseram restrições à exportação de chips avançados de IA no fim de 2023. O governo do presidente norte-americano Donald Trump proibiu sua venda em abril, em meio à escalada das tensões comerciais com a China, mas reverteu a proibição em julho.
Neste mandato, segundo o FT, Trump estava restringindo as exportações de tecnologia para a China. O governo chegou a informar a gigante da tecnologia Nvidia que bloquearia a exportação do chip H20, projetado para o mercado chinês, após o governo Biden ter restringido chips mais avançados.
Trump voltou atrás após conversas com o CEO da Nvidia, Jensen Huang. Neste mês, a empresa anunciou que retomaria as vendas de suas unidades de H20 para a China.
China e EUA vivem impasse por contra do tarifaço
Associated Press
Segundo várias pessoas familiarizadas com o assunto, autoridades chinesas disseram a especialistas em Washington que Pequim deseja que o governo Trump alivie as restrições de exportação sobre chips de memória de alta largura de banda (high-bandwidth memory, ou HBM).
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, liderou três rodadas de negociações comerciais com a China nos últimos três meses. Uma fonte disse que a equipe chinesa, chefiada pelo vice-premiê He Lifeng, levantou a questão do HBM em algumas dessas negociações. O Tesouro dos EUA não quis comentar.
Mais 90 dias de trégua
Antes do prazo de 12 de agosto para que EUA e China cheguem a um acordo comercial e evitem a reimposição de tarifas elevadas, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse nesta semana que o governo provavelmente estenderá a trégua por mais 90 dias.
Pequim tem se mostrado frustrada com os controles de exportação dos EUA desde que o presidente Joe Biden, em 2022, anunciou medidas para impedir os esforços chineses de comprar ou fabricar chips avançados de IA. Em 2024, Biden proibiu a exportação de HBMs para a China a fim de dificultar as operações da Huawei e da fabricante chinesa de chips Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC).
O foco recente nos controles de exportação para a China tem sido o chip H20 da Nvidia, projetado para o mercado chinês após Biden proibir a exportação de chips mais avançados. O Financial Times informou que os EUA aprovaram licenças de exportação do H20 na sexta-feira, depois que o CEO da Nvidia, Jensen Huang, se reuniu com Trump.
Relembre a guerra tarifária entre China e EUA
A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou após o anúncio das tarifas prometidas por Trump, no início de abril.
A China foi um dos países tarifados — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.
Como resposta ao tarifaço, o governo chinês impôs, em 4 de abril, tarifas extras de 34% sobre todas as importações americanas.
Os EUA decidiram retaliar, e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até as 12h de 8 de abril, ou seria taxado em mais 50 pontos percentuais, levando o total das tarifas a 104%.
A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para “revidar até o fim”.
Cumprindo a promessa, Trump confirmou a elevação das tarifas sobre os produtos chineses.
A resposta chinesa veio na manhã de 9 de abril: o governo elevou as tarifas sobre produtos americanos de 34% para 84%, acompanhando o mesmo percentual de alta dos EUA.
No mesmo dia, Trump anunciou que daria uma “pausa” no tarifaço contra os mais de 180 países, mas a China seria uma exceção.
O presidente dos EUA subiu a taxação de produtos chineses para 125%.
Em 10 de abril, a Casa Branca explicou que as taxas de 125% foram somadas a outra tarifa de 20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa alíquota total de 145%.
Como resposta, em 11 de abril, os chineses elevaram as tarifas sobre os produtos americanos para 125%.