No Recife, ministros criticam caráter político do tarifaço de Trump; Raquel Lyra promete plano para empresas de Pernambuco


Ministros da CGU, Vinicius Marques de Carvalho; dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; e das Cidades, Jader Barbalho Filho; em evento do grupo Esfera Brasil no Recife.
Ezequiel Quirino/TV Globo
Os ministros das Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB), e dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), criticaram o caráter político das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, em um evento realizado neste sábado (9) com empresários, promovido pelo Grupo Esfera Brasil.
Também presente, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), disse ter um plano de socorro aos produtores pernambucanos pronto, mas disse que as medidas só entrarão em vigor se houver suspensões de exportações (veja mais abaixo).
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“Não foi uma decisão econômica, foi uma decisão política tomada pelo presidente Trump. Porque o Brasil é um dos poucos países que oferecem aos Estados Unidos um saldo na balança comercial”, afirmou Silvio Costa Filho.
Segundo ele, as medidas não têm base em questões econômicas e vão impactar empregos que “não são nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”.
“Infelizmente, a decisão foi misturada com a agenda de anistia, com a agenda que aqueles setores bolsonaristas mais radicais defendem”, disse o ministro dos Portos e Aeroportos.
Jader Barbalho Filho disse que é impossível discutir os aspectos das tarifas, porque elas se baseiam em uma mentira.
“Nós não conseguimos ter, por parte do governo brasileiro, nenhuma base técnica daquilo que está sendo tratado. […] O governo americano bota três pontos. O primeiro deles, de que o governo brasileiro tem que intervir na Justiça do Brasil. Isso, no nosso modelo democrático, constitucional, não é possível”, justificou o ministro das Cidades.
O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Marques de Carvalho, comparou o movimento dos políticos bolsonaristas que pressionaram pelo tarifaço com o de partidos comunistas que, no século passado, iam à extinta União Soviética pedir dinheiro para financiar revoluções pelo mundo.
“A sensação que eu tenho é que a gente está vivendo um momento parecido às avessas. Eu acho que o pessoal foi lá vender esse peixe ao presidente Trump. ‘Presidente Trump, vá lá e faça isso no Brasil, porque o povo brasileiro vai se revoltar ao nosso favor'”, comparou Carvalho.
“Se revoltar a favor deles, seria, no caso, se revoltar contra o regime democrático, o estado democrático de direito e se revoltar contras as nossas instituições. Felizmente, isso não aconteceu e não vai acontecer”, declarou o ministro da CGU.
Plano em Pernambuco
Sobre tarifaço, governadora Raquel Lyra promete plano de socorro a empresas de Pernambuco
Durante o evento, a governadora Raquel Lyra garantiu que o estado tem um plano de ações para enfrentar o tarifaço. Ela sinalizou a possibilidade de subvenções e adiamento na cobrança de tributos, mas disse que as medidas só serão implementadas caso os produtos não sejam exportados (veja vídeo acima).
No país, vários governadores já anunciaram medidas como a liberação de créditos e adoção de incentivos fiscais para apoiar os produtores.
“A gente tem um plano de ação pronto. O que a gente precisa é, no dia a dia, entender se os produtores conseguirão encaminhar para os Estados Unidos a mercadoria ou não”, afirmou Raquel.
As medidas, segundo ela, seriam tomadas em conjunto com o governo federal. “São desde subvenções, apoio ao setor produtivo, dilação de prazo para pagamento de tributos. Então, é uma série de ações que estão planejadas e que, se forem necessárias, serão executadas”, explicou a governadora.
Na lista de preocupações do governo de Pernambuco estão a exportação de açúcar e de manga. “O açúcar, embora ele tenha essa janela de oportunidade (de exportação em agosto), para nós, ele é menos perecível. Então, a gente não tem tanto o risco e a urgência que tem com a safra da manga”, disse Lyra.
Também presente ao evento, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), contou que já adotou ações como ampliar a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e liberar créditos desses impostos acumulados por essas empresas.
“Os setores mais afetados no Rio Grande do Norte são o pescado, o sal, o setor de caramelos e pirulitos, como também frutas e a questão do açúcar”, explicou Bezerra.
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