Golpista cria perfil falso de casa flutuante no Rio Tietê para enganar interessados no aluguel da atração turística


Casa flutuante de Santa Maria da Serra é alvo de golpe de falso aluguel pelo Instagram
Um empresário de Santa Maria da Serra (SP) teve a casa flutuante usada em um golpe de falso aluguel. Adriano de Lima, dono do imóvel, afirma que mais de 40 pessoas já apareceram no local acreditando que haviam feito uma reserva. Só nesta semana, ele contou que sete vítimas chegaram com malas e materiais de pesca após supostamente terem feito a reserva do local.
A casa flutuante fica na Represa de Barra Bonita (SP), às margens do Rio Piracicaba, e é muito procurada por pescadores. Adriano divulga a propriedade apenas no TikTok, onde publica vídeos mostrando o espaço. Segundo ele, um golpista copiou todo o conteúdo e criou um perfil falso no Instagram para aplicar os golpes.
📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp
Casa flutuante em Santa Maria da Serra é alvo de golpe falso no aluguel pelo Instagram
Arquivo pessoal/Divulgação
“Eu tenho duas flutuantes aqui em Santa Maria da Serra. Um bandido pegou meus vídeos no TikTok, com minha voz e tudo, e está postando no Instagram falso. Aí ele paga para impulsionar os anúncios e consegue enganar muita gente.”
Segundo ele, o golpista se passa por ele, oferece o imóvel, manda fotos e vídeos, e convence as pessoas a fazerem um Pix. Depois, ainda ameaça as vítimas quando elas descobrem o golpe.
“Ele fala igual eu, escreve do mesmo jeito que eu falo nos vídeos. E no fim, quando a pessoa descobre que caíram no golpe, ele ainda ameaça, diz que vai mandar ‘presentinho’ na casa.”
Vítimas do perfil falso
Perfil falso no Instagram, criado por golpistas
Instagram/Divulgação
Uma das vítimas é um microempresário de 57 anos, morador de Itupeva (SP). Ele viu o anúncio no Instagram e começou a negociação pelo WhatsApp. Pagou pela diária e por iscas, mas ao chegar no local descobriu que não havia reserva.
“Fiz o Pix, ele passou tudo certinho. Mas nos dias anteriores à viagem, começou a demorar pra responder. Quando cheguei na portaria, vi que era golpe. Por sorte, o Adriano me ajudou, alugou a casa de verdade por um preço mais baixo.”
Ele não registrou boletim de ocorrência, por não acreditar em resultados nesse tipo de caso.
Outra vítima relatou situação parecida. Recebeu vídeos, escolheu uma data e fez o pix. Depois, recebeu a localização da casa (que é verdadeira) e só descobriu o golpe quando tentou confirmar a reserva.
Em prints enviados ao g1, o golpista revela na mensagem que a pessoa foi enganada.
“É o seguinte, infelizmente não tem reserva nenhuma. Você caiu em um golpe! É só bloquear e vida que segue, amigo. Não fica de gracinha pra eu não pegar seu nome e fazer conta laranja com ele ou zoar seu CPF.”
Como as vítimas chegaram a ser ameaçadas, o g1 optou por não identificá-las.
Conversa de cliente com os golpistas acaba em ameaça
Arquivo pessoal/Divulgação
Tentativas de denúncia
Adriano registrou boletim de ocorrência, mas foi informado de que as vítimas também precisam denunciar individualmente para que a investigação avance. Ele afirma que já tentou derrubar os perfis falsos, mas não consegue atingir o mesmo público que o golpista atinge no Instagram.
“Já fiz de tudo. As pessoas continuam vindo, achando que vão pescar. Teve gente que chegou com mala e cuia. Fico com dó. Uma das vítimas chegou pronta pra pescar e coloquei na casa mesmo assim, fiz mais barato pra ajudar.”
Como se proteger
O g1 conversou com o advogado especialista em crimes cibernéticos, José Milagre, que reuniu dicas para evitar esse tipo de golpe:
Desconfie de preços muito abaixo do mercado;
Não faça pagamento antecipado sem visitar o imóvel;
Cuidado com alegações de que o proprietário está fora do país;
Verifique se as fotos são de sites de venda ou anúncios antigos;
Evite fechar negócio com quem pressiona no WhatsApp e se recusa a encontros presenciais.
É possível recuperar o dinheiro?
Se você foi vítima, o advogado recomenda guardar todas as provas (prints de conversas, comprovantes de pagamento, anúncio, dados bancários e contatos do golpista), registrar um boletim de ocorrência e avisar o banco.
No caso de pagamentos já feito, o advogado explica que é mais difícil a recuperação, mas em alguns casos é possível.
“É difícil, mas em alguns casos, sim. Se o valor ainda estiver na conta do golpista, é possível solicitar o bloqueio judicial. Também dá para buscar ressarcimento por vias cíveis, principalmente quando há indícios de negligência da instituição financeira ou uso de contas laranjas reincidentes. Vale lembrar que o banco pode ser responsabilizado se houver falha nos mecanismos de prevenção de fraude. O mesmo vale para plataformas que permitem cadastros falsos ou repetidos”, orienta.
Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília
VÍDEOS: assista às reportagens da região
Adicionar aos favoritos o Link permanente.