
Além da ação na Organização Mundial no Comércio e das medidas de proteção aos setores. Outro fator é fundamental nessa crise – a negociação direta com os Estados Unidos, que não está avançando.
Em abril, Donald Trump anunciou aumento de tarifas para o mundo todo. No caso do Brasil, de 10%. Houve reuniões entre brasileiros e americanos no mesmo mês e também no seguinte, em maio, quando o governo brasileiro enviou uma carta para o secretário e ao representante de comércio americano. Mas não houve resposta.
Em abril, Donald Trump anunciou aumento de tarifas para o mundo todo. No caso do Brasil, de 10%.
Jornal Nacional
Em julho, Trump anunciou o aumento da tarifa para 50%. O Brasil encaminhou uma segunda carta, também sem resposta.
Em 30 de julho, quando o ministro Mauro Vieira teve um encontro nos Estados Unidos, com o secretário de Estado Marco Rubio, o governo americano retirou quase 700 produtos do tarifaço.
Na última sexta-feira, em resposta à repórter Raquel Krähenbühl, Donald Trump se disse aberto ao diálogo com Lula. Mas, na terça-feira (5), em uma cerimônia em Brasília, o presidente brasileiro descartou negociar pessoalmente com o americano e disse que Trump não queria diálogo.
Nesta quarta-feira, em entrevista à agência de notícias Reuters, Lula repetiu que não está disposto a ligar para Trump.
“Eu não tenho porque ligar para o presidente Trump. Porque, nas cartas que ele mandou nas decisões, ele não fala em nenhum momento em negociação. O que ele faz são novas ameaças. E pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas, hoje, a minha intuição diz que ele não quer conversa, e eu não vou me humilhar”, afirma Lula.
Na mesma entrevista, Lula disse que procuraria o BRICS. O bloco formado entre outros países: Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul.
“Amanha, eu vou ligar para o presidente Modi, depois eu vou ligar para o presidente Xi Jin Ping, depois eu vou ligar para outros presidentes. E vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como é que cada um tá vendo a sua situação, qual a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, disse também.
Essa intenção do presidente Lula não facilita um acordo com os Estados Unidos porque a decisão de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros foi anunciada dois dias depois da cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro.
Naquele encontro, os países discutiram a criação de um sistema monetário mais autônomo em relação ao dólar, que foi interpretada pelos americanos como uma ameaça. E, hoje, Trump fez um novo avanço sobre o BRICS: elevou de 25% para 50% a tarifa sobre produtos da Índia. Segundo ele, porque a Índia importa petróleo da Rússia.
Também nesta quarta, a China manifestou apoio ao Brasil na questão do tarifaço, em um telefonema do ministro das relações exteriores chinês para o assessor especial da presidência, Celso Amorim. Na agenda de uma negociação direta entre Brasil e Estados Unidos, por enquanto existe a perspectiva de uma reunião do ministro da fazenda Fernando Haddad com o secretário do tesouro americano.
“Vai ser na quarta-feira, já recebemos o e-mail confirmando dia e hora. Então, oficializando um interesse em conversar […] Obviamente, vai depender da qualidade da conversa pode se desdobrar numa reunião de trabalho presencial, com os ânimos já orientados no sentido de um entendimento entre os dois países”, afirmou.