Bolsonaro recorre da prisão domiciliar

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu nesta quarta-feira (6) da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato com outros investigados.
No recurso, os advogados pedem que Moraes reconsidere a medida em juízo de retratação. Caso isso não ocorra, solicitam que o caso seja submetido com urgência à apreciação do plenário físico do STF, como prevê o regimento interno da Corte.
“Não houve o descumprimento das medidas cautelares impostas”, argumentam os defensores.
Decisão apontou reincidência e ‘conduta dissimulada’
A prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada por sucessivas violações das determinações judiciais já em vigor. Ele estava obrigado a cumprir recolhimento noturno, usar tornozeleira eletrônica e não manter contato com investigados.
Segundo Moraes, o ex-presidente participou, ainda que indiretamente, das manifestações realizadas no domingo (3), utilizando redes sociais de aliados — incluindo as de seus filhos parlamentares — para divulgar mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal” e apoio a “intervenção estrangeira no Judiciário”.
O ministro classificou a conduta de Bolsonaro como “ilícita e dissimulada”, com uso de material pré-fabricado e reiterada tentativa de coagir o Supremo. A decisão menciona:
Vídeos e publicações preparados previamente para circular em atos;
Chamadas de vídeo, incluindo uma com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante manifestação em São Paulo;
Imagem publicada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mostrando o pai ao telefone durante protesto no Rio;
Tentativa de apagar postagens, como fez o próprio Flávio, na tentativa de ocultar provas de infração.
“A Justiça é cega, mas não é tola”, escreveu Moraes. “E não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico.”
Réu por tentativa de golpe
Bolsonaro já é réu em ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já pediu sua condenação por crimes que somam até 44 anos de prisão, como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa.
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