
Tarifaço de Trump: taxas de 50% contra o Brasil entram em vigor nesta quarta-feira
O dólar abriu a sessão desta quarta-feira (6) em queda de 0,03%, cotado a R$ 5,5043 perto das 09h. O foco estava com a entrada em vigor do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. As negociações no Ibovespa, por sua vez, começam apenas às 10h.
▶️ O principal destaque da sessão fica com as tarifa de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil. A taxa entra em vigor hoje, mas ainda há expectativa de que o governo brasileiro consiga algum avanço nas negociações com o republicano. O receio de eventuais medidas retaliatórias dos EUA após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também segue no radar.
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▶️ Com o tarifaço no radar, outro destaque da sessão fica com a divulgação da balança comercial brasileira de julho, prevista para hoje. A expectativa é que o resultado apresente um superávit (um número de exportações maior do que o de importações) de R$ 6 bilhões. Investidores também devem avaliar se os efeitos do tarifaço já começam a aparecer na relação comercial do país com os EUA.
▶️ Por fim, o mercado segue à espera de novos dados econômicos no Brasil e no exterior nesta semana, além de acompanhar a divulgação de balanços corporativos. Na agenda, falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também ficam sob os holofotes.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,69%;
Acumulado do mês: -1,69%;
Acumulado do ano: -10,90%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,54%;
Acumulado do mês: +0,06%;
Acumulado do ano: +10,70%.
À espera do tarifaço
Às vésperas do início do tarifaço no Brasil, investidores ficam de olho nas tentativas de aproximação do governo brasileiro com os EUA e monitoram quais os possíveis feitos da prisão de Jair Bolsonaro (PL) nas negociações.
A prisão domiciliar do ex-presidente foi decretada na noite de ontem, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão veio após Bolsonaro ter descumprido medidas cautelares, como a proibição de uso das redes sociais — inclusive por meio de terceiros.
Em um momento delicado de negociação entre o Brasil e os EUA, no entanto, a decisão de Moraes traz dúvidas ao mercado sobre eventuais retaliações de Trump contra o país. O republicano defendeu Bolsonaro mais de uma vez nos últimos meses, reiterando que o julgamento do ex-presidente era uma “caça às bruxas” e confirmando que isso era um dos motivos para o Brasil ser o país mais taxado.
A ordem executiva que decretou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi assinada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada, e colocou o prazo de amanhã (6) para o início da cobrança das novas taxas.
De acordo com a Casa Branca, a tarifa de 50% contra o Brasil foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
Nesta segunda-feira, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou que o Brasil entre com uma consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço.
“O conselho de ministros da Camex aprovou o Brasil entrar com a consulta na OMC. Então está aprovado pelo Conselho de Ministros da Camex, e agora o presidente Lula vai decidir como fazê-lo e quando fazê-lo”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A consulta à OMC é o primeiro passo no processo formal de contestação de medidas comerciais. Caso não haja entendimento na fase inicial, o Brasil poderá pedir a instalação de um painel de arbitragem no órgão.
Agenda econômica
Um dos destaques da sessão de hoje, a ata do Copom trouxe novas sinalizações sobre os possíveis efeitos do tarifaço de Trump na economia e nos preços brasileiros.
No documento, o colegiado destacou que as tarifas impostas pelos EUA podem ter “impactos setoriais relevantes e incertos”, que ainda dependem dos desdobramentos da negociação do Brasil com os norte-americanos.
Diante desse cenário, o Comitê destacou que continua a acompanhar com atenção os possíveis reflexos das tarifas na economia brasileira e sobre os ativos financeiros.
“A avaliação predominante no Comitê é que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, afirmou o colegiado na ata.
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o tarifaço pode impactar cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano. Essas empresas empregam, juntas, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas no Brasil.
Os setores afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos estão calculando os prejuízos e, ao mesmo tempo, já se movimentam para atenuar esse impacto com pedidos ao governo federal.
Ainda entre os indicadores, a atividade do setor de serviços dos EUA ficou inesperadamente estagnada em julho, com pouca mudança nas encomendas e enfraquecimento do emprego. Já no Brasil, o índice de gerentes de compras (PMI) de serviços registrou a maior queda em mais de quatro anos, segundo divulgado pela S&P Global.
Cédulas de dólar
bearfotos/Freepik