Netanyahu pede para Cruz Vermelha entregar comida em Gaza, e Hamas exige abertura de corredores humanitários


Família de palestinos na cidade de Gaza
Omar Al-Qattaa/AFP
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou neste domingo (3) que pediu à Cruz Vermelha ajuda humanitária para os reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. O pedido foi feito em reunião com o chefe da delegação local da organização.
Ao mesmo tempo, o Hamas afirmou que coordenaria a entrega com a Cruz Vermelha somente se Israel abrisse permanentemente os corredores humanitários e interrompesse os ataques aéreos durante a distribuição de ajuda.
A declaração do Hamas veio após a divulgação de um vídeo em que o refém israelense Evyatar David aparece cavando sua própria cova em um túnel.
A gravação, segundo o próprio David, é do dia 27 de julho. No vídeo, o israelense afirma que já não come nada há dias pois não há comida suficiente.
‘Cavando minha própria cova’ em túnel de Gaza – refém israelense é visto em novo vídeo
“Olhe para mim, olhe o quão magro eu estou. Isso não é ficção, isso é real. Não há comida”, afirma.
No vídeo, alguém entrega uma lata de lentilhas a David, que diz que será sua única refeição nos próximos dias. “É apenas para me manter vivo”, afirma.
Logo em seguida, o israelense aparece com uma pá, cavando o chão de terra. “O que estou fazendo agora é cavando a minha própria cova. Todos os dias o meu corpo fica mais e mais fraco. […] Essa é a cova onde acredito que serei enterrado”, afirma David.
O ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, disse que o “mundo não pode permanecer em silêncio diante das imagens difíceis que são resultado do abuso sádico deliberado dos reféns, o que também inclui a fome”.
Segundo autoridades israelenses, 50 reféns ainda estão em Gaza. A estimativa é que apenas 20 estejam vivos.
Até o momento, o Hamas, impediu que organizações humanitárias tenham acesso aos reféns, e as famílias têm pouco ou nenhum detalhe sobre suas condições.
O Fórum de Famílias de Reféns, que representa familiares dos sequestrados, disse em nota que o Hamas “mantém pessoas inocentes em condições impossíveis há mais de 660 dias”.
“Até a libertação deles, o Hamas tem a obrigação de fornecer tudo o que precisam”, diz o comunicado. “O Hamas os sequestrou e deve cuidar deles. Cada refém que morrer estará nas mãos do Hamas.”
Palestinos carregam sacos de farinha que obtiveram de caminhões de ajuda que entraram em Gaza pelo posto de passagem de Zikim, em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 1º de agosto de 2025.
Bashar Taleb/AFP)
Fome em Gaza
A crise humanitária em Gaza tem preocupado o resto do mundo. Neste domingo, pelo menos mais seis pessoas morreram de fome na região, segundo uma autoridade israelense.
Na terça-feira (29), Catar e Egito, que estão mediando os esforços de cessar-fogo, endossaram uma declaração de França e Arábia Saudita esboçando medidas para uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino.
Israel responsabiliza o Hamas pela crise e afirma que tem adotado medidas para facilitar a chegada de ajuda, como pausas nos combates, lançamentos aéreos e rotas seguras para comboios humanitários.
Agências da ONU alertam que os lançamentos aéreos não são suficientes e pedem que Israel libere mais ajuda por terra e agilize o acesso à população.
Neste domingo, a Bélgica iniciou o envio de pacotes de ajuda para Gaza, em parceria com a Jordânia, segundo o Ministério da Defesa belga. Na sexta-feira (1º), a França começou a lançar 40 toneladas de ajuda humanitária por via aérea.
Reino Unido ameaça reconhecer Estado Palestino se Israel não suspender a ofensiva na Faixa de Gaza
Em busca de um cessar-fogo
As negociações indiretas entre Hamas e Israel, buscando um cessar-fogo de 60 dias na guerra de Gaza e um acordo para a libertação de metade dos reféns, terminaram em impasse na semana passada.
No sábado (2), o enviado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse às famílias dos reféns mantidos pelo grupo terrorista que estava trabalhando com o governo israelense em um plano que efetivamente encerraria a guerra em Gaza.
Trump fez do fim do conflito uma das principais prioridades de seu governo, embora as negociações tenham fracassado. Steve Witkoff está visitando Israel enquanto seu governo enfrenta crescente pressão devido à deterioração das condições humanitárias no enclave.
Em uma gravação da reunião, vista pela Reuters, Witkoff é ouvido dizendo: “Temos um plano muito, muito bom no qual estamos trabalhando coletivamente com o governo israelense, com o primeiro-ministro Netanyahu… para a reconstrução de Gaza. Isso significa efetivamente o fim da guerra.”
A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre seus comentários.
Witkoff também disse que o Hamas estava preparado para se desarmar para acabar com a guerra, embora o grupo tenha dito repetidamente que não iria depor suas armas.
Em resposta, o Hamas , que domina Gaza desde 2007, mas foi militarmente derrotado por Israel na guerra, disse que não abandonaria a “resistência armada” a menos que um “estado palestino independente e totalmente soberano, com Jerusalém como sua capital” fosse estabelecido.
*Com informações da agência de notícias Reuters
Adicionar aos favoritos o Link permanente.