Quatro dias após completar 40 anos, cavalo Halifax morre no interior de SP: ‘Se encontrou com velhos amigos’


Com bolo, carinho e presentes, cavalo Halifax comemora 40 anos de vida
O cavalo Halifax, da raça anglo-árabe, morreu no sábado (26), quatro dias após completar 40 anos. Desde os 20, ele vivia em uma hospedagem para cavalos aposentados em Araçoiaba da Serra (SP).
Segundo Romeu Sérgio Osório, proprietário do alojamento onde Halifax morava, o cavalo sofreu um tombo no piquete na quinta-feira (24) e começou a ter dificuldade para se apoiar nas patas traseiras.
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“Não sabemos se o tombo foi causado por um AVC [Acidente Vascular Cerebral] ou por outra razão”, comenta Romeu.
A tutora de Halifax, a alemã Doris Wiegandt, esteve no local na sexta-feira (25), junto da filha, para visitar o equino.
“Repetimos o bolo de cenoura e beterraba, enquanto ele comia e mostrava sinais de estar se recuperando. Mas, no sábado de manhã, ele não conseguiu levantar-se mais na cocheira, ainda com a capa contra o frio, apesar de seus esforços. O veterinário foi chamado e, da melhor forma possível, deixou que ele fosse se encontrar com os velhos amigos”, lamenta.
Apesar da tristeza pela perda e a despedida, Romeu celebra os 40 anos de Halifax e o fato de ele ter partido cercado de cuidados até o fim.
“Durante algum tempo, ele ficou sendo o cavalo mais velho que se tem registro pelo menos no Brasil. Foi um exemplo mesmo que valia a pena mostrar. 40 anos e alguns dias, uma grande vida, uma tutora de coração de ouro, Doris, que nunca deixou que faltasse qualquer atendimento a ele.”
Doris Wiegandt, tutora de Halifax, durante celebração dos 40 anos do animal em Araçoiaba da Serra (SP)
Romeu Osório/Arquivo pessoal
‘Universo Halifax’
Aos 20 anos, Halifax foi entregue pela antiga proprietária a Doris Wiegandt, que decidiu proporcionar ao animal uma aposentadoria digna.
“A antiga proprietária passou o cavalo para Doris com documentação e tudo. Daí, ela conheceu o nosso alojamento, gostou do lugar, e trouxe ele para cá. Foram 20 anos de dedicação ao Halifax”, relata Romeu.
Documento de transferência de propriedade de Halifax mostra data de nascimento do animal: 22 de julho de 1985
Romeu Osório/Arquivo pessoal
Desde então, um grupo de especialistas e apaixonados por equinos passou a fazer parte do “universo Halifax”, como Romeu chama, para garantir que o animal idoso recebesse todos os cuidados possíveis. Entre eles, o veterinário Luiz Américo, especialista em cavalos, que afirma que a marca atingida pelo animal está muito acima do esperado.
“A expectativa de vida melhorou nos últimos anos, porque antigamente era de 25, agora foi para mais ou menos 30 anos. Mas o Halifax é resistência. A rusticidade dele e o bom cuidado fazem com que aumente a longevidade. Dos cavalos que eu conheço, ele é o mais velho que já vi.”
Romeu concorda com o veterinário. Ele acredita que a alimentação adequada e a rotina livre foram determinantes para que Halifax superasse a média de vida da espécie.
Os sinais da velhice começaram a aparecer. O cavalo perdeu quase todos os dentes e estava com a visão comprometida. Neste período, os cuidados foram ainda mais reforçados, segundo Romeu.
“Ele praticamente não pastava mais. Então, como ele comia? Nós dávamos o verde [capim] para ele, que é, digamos assim, 70% a 80% da alimentação do cavalo para ele ter a boa digestão. Também dávamos uma ração de alfafa peletizada, a alfafa é a ‘rainha’ das leguminosas, além de uma outra ração que normalmente é dada para os potros, que é de alta digestibilidade e tem 14% de proteína. E também dávamos duas vezes por semana sal mineral adequado para ele. Alimentávamos ele de manhã e à tarde, substituindo o pasto que ele já não conseguia aproveitar sozinho”, explica.
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