
Décio Otero, histórico bailarino brasileiro e fundador do Ballet Stagium.
Edouard Fraipont/Divulgação/Ballet Stadium
O bailarino e coreógrafo Décio Otero, de 92 anos, fundador do grupo de Ballet Stagium, morreu em São Paulo na noite desta segunda-feira (28).
A morte dele foi anunciada pelo Stagium, através das redes sociais. Segundo o grupo, o histórico bailarino brasileiro faleceu por volta das 22h50.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
“O céu ficou mais bonito. É com profundo pesar que comunicamos o falecimento do Maestro Décio Otero, que nos deixou as 22:50 no dia 28/07/2025”, declarou o Stagium.
“Sua presença iluminou nossas vidas e seu amor permanecerá em nossos corações para sempre. Que possamos encontrar conforto nas memórias que compartilhamos e na certeza de que seu legado mais de 80 ‘Obras Primas’ e sua beleza viverá em cada um de nós”, escreveu o grupo.
O portal Mud, especializado em dança descreveu o coreógrafo como alguém que “fez da dança um gesto político, poético e coletivo”, numa “trajetória que atravessa mais de sete décadas, unindo palcos, televisão, formação de artistas e uma criação profundamente conectada com o Brasil”.
“Seu legado permanece vivo no corpo da dança brasileira, nas gerações que formou e nas histórias que ajudou a transformar em arte. Viva o legado de Décio Otero!”, disse o Mud.
Ballet Stagium anuncia a morte de Décio Otero, histórico bailarino brasileiro fundador da trupe, aos 92 anos.
Reprodução/Instagram
Trajetória
Autor de mais de 100 coreografias próprias, Décio Otero nasceu em Ubá, em Minas Gerais, no dia 15 de julho de 1933.
Iniciou seus estudos em dança aos 17 anos em 1951, em Belo Horizonte, no Ballet de Minas Gerais, na época dirigido por Carlos Leite.
Lá conheceu o casal Angel e Klauss Vianna. Em 1956, entrou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a convite da diretora Tatiana Leskova, tornando-se solista no ano seguinte.
Otero atuou junto com nomes que tornaram-se expoentes do balé no Brasil, como Maryla Gremo, Eugênia Feodorova, Dalal Achcar e Nina Verchinina.
Também em 1956, conheceu sua futura companheira, a bailarina húngara radicada no Brasil Marika Gidali, com quem iria depois fundar o Ballet Stagium.
Já em 1959, Otero integrou o elenco do Ballet do Rio de Janeiro, dirigido por Dalal Achcar, e viajou em turnê internacional. Entre 1959 e 1960, foi reconhecido com prêmios por sua participação no Pas de Deux de Cisne Negro, de Eugênia Feodorava, e Yara, de Vania Psota.
Décio Otero, histórico bailarino brasileiro e fundador do Ballet Stagium durante apresentações ao longo da carreira.
Reprodução/Ballet Stadium
Em 1964, entrou para o corpo de baile do Ballet du Grand Théâtre de Genève, da Suíça, convidado por Beatriz Consuelo. Dois anos depois, ingressou no Balé da Ópera de Colônia, na Alemanha, onde dançou obras de George Balanchine e de Harald Lander.
A partir do contato com Lander, foi convidado em 1967 para participar do filme musical King, exibido em Copenhagen (Dinamarca), fazendo o papel principal. No mesmo ano, integrou o elenco do Balé da Ópera de Frankfurt, na qualidade de primeiro-bailarino.
Retornou a Minas Gerais em 1970. Em viagem a Curitiba para ministrar um curso de dança no Balé Teatro Guaíra, Marika Gidali, uma das participantes, propôs a tarefa de ambos organizarem o programa Convite à Dança, da TV Cultura, sobre diversas vertentes dessa modalidade artística.
Depois desse trabalho, inaugurou o Ballet Stagium junto a Marika, com quem se casou.
Criou mais de 100 obras para a companhia. Recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo em 1961. Também foi homenageado com prêmios APCA nos anos de 1974, 1974, 1977 e 1979. Em 2005, recebeu a distinção Ordem do Mérito Cultural, do Distrito Federal.
É autor dos livros As Paixões da Dança (Editora Hucitec, 1999) e Marika Gidali (Editora Senac, 2001).