
Dona Jacira
Reprodução/Redes sociais
Jacira Rocha da Silva, mãe do rapper Emicida e do produtor musical Evandro Fióti, morreu nesta segunda-feira (28), em São Paulo, aos 60 anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa de Fióti. A causa da morte não foi revelada.
Em nota, a família informou o legado de Dona Jacira “será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano”.
Veja a íntegra abaixo:
“É com profunda tristeza que informamos o falecimento de Jacira Roque Oliveira, a Dona Jacira, aos 60 anos de idade.
Mãe, avó, escritora, compositora, poeta, artesã e formada em desenvolvimento humano, como gostava de ser reconhecida. Dona Jacira foi uma mulher detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência que construíram um legado enorme para as artes e para a cultura afrobrasileira.
Esse legado será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano.
A família agradece por todo amor e carinho e pede que respeitem a sua privacidade nesse momento tão difícil.”
Ex-enfermeira, artista plástica e escritora, Dona Jacira enfrentava complicações de saúde relacionadas ao lúpus e fazia hemodiálise havia mais de 25 anos. Apesar da doença, ela seguiu ativa como escritora, artista plástica e figura importante na valorização da cultura periférica.
Nascida e criada no Jardim Ataliba Leonel e no Jardim Cachoeira, periferias da Zona Norte de São Paulo, ela viveu uma infância difícil. Foi internada em um convento ainda menina e se casou aos 13 anos.
Teve quatro filhos, Emicida, Fióti, Katia e Katiane, que foram criados por ela sozinha, após a separação do marido.
Em 2019, lançou sua autobiografia, “Café”, publicada pela editora periférica LiteraRUA, em que compartilha relatos de vida, dor, superação e arte. A obra se tornou referência na literatura periférica e consolidou sua voz como autora.
No livro, ela relata como enfrentou episódios de violência doméstica, alcoolismo do ex-companheiro e diversas limitações impostas pela condição de saúde.
Além disso, Dona Jacira conta em primeira pessoa como foi o processo de se livrar dos desafios para retomar os estudos na fase adulta, se formar em técnica em enfermagem e entrar para movimentos sociais. Ela foi colunista do portal UOL entre 2021 e 2023.
Dona Jacira e o filho Fióti
Reprodução/Redes sociais
A mãe dos rappers era reconhecida por seu compromisso com a educação e com o fortalecimento das raízes negras e populares. Na música “Mãe”, Emicida faz uma homenagem a ela.
“Nossas mãos ainda encaixam certo
Peço um anjo que me acompanhe
Em tudo eu via a voz de minha mãe
Em tudo eu via nós”
Dona Jacira aparece também no clipe dessa música, que é um tributo direto e íntimo à relação de Emicida com sua mãe, valorizando sua trajetória e presença na vida do artista.