General diz que Bolsonaro reclamou de problemas no processo eleitoral, mas nega discussão sobre golpe


O general 4 estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira em cerimônia de transmissão do cargo de Comandante de Operações Terrestres em 1º de dezembro de 2023.
Comunicação Social do Comando de Operações Terrestres
Réu na trama golpista, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira afirmou nesta segunda-feira (28) que, na reunião com Jair Bolsonaro em novembro de 2022, o ex-presidente chegou a reclamar de “problemas” no processo eleitoral, mas não houve qualquer pedido golpista.
O militar deu as declarações em interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (28). Ele integra o núcleo que, segundo a PF, elaborou um plano que previa o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
No relato ao Supremo, Estevam Theophilo afirmou que Bolsonaro reclamou da própria conduta na época. Mas, que a reunião do Palácio da Alvorada não teve intenção de ruptura democrática.
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➡️Segundo as investigações da Polícia Federal, um plano de golpe teria sido tratado no encontro. Naquela época, o general estava à frente do Comando de Operações Terrestres (Coter) e ficava responsável pelo acionamento das forças.
De acordo com o próprio interrogado, ele foi ao encontro com aval do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, para conversar com Bolsonaro e ajudar a “desopilar e acalmar” os ânimos. O militar afirmou que foi uma reunião oficial.
“Ele [Bolsonaro] reclamou de tudo, problemas que houve no processo eleitoral, reclamou até algumas coisas dele próprio, ele achava que podia ter agido diferente, que poderia ter minorado a sua veemência em algumas coisas e foi isso, praticamente como eu falei, o monólogo. Até seguindo a orientação do general Freire Gomes, era acalmando, o senhor presidente”.
Estevam Theophilo disse ainda que, na conversa, afirmou a Bolsonaro que “tudo já passou, e agora é tocar pra frente o barco e seguir o rumo normal das coisas, essa era a nossa função”.
“Ele [Bolsonaro] achava que houve uma condução, é assim, meio enviesada, ele não podia falar nada, ele não podia transmitir live, não sei de onde, não podia apresentar imagem de não sei o que, enquanto que o outro lado, o concorrente dele podia, então o que ele acha, o que ele desabafou, foi isso”, disse o general.
Ele prosseguiu: “Como eu já falei, no prosseguimento ele também conversou sobre o governo dele, o que que tinha feito, o que que ele poderia também, dentro desse aspecto, ter melhorado para evitar do resultado que acabou tendo as eleições, então foi nesse aspecto que ele desabafou, situação particularmente, eu digo, durante o processo eleitoral”.
O militar também negou que tinha visto ou discutida a chamada minuta do golpe.
“Maneira nenhuma excelência, não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposto nenhuma coisa ilegal e constitucional, de tal forma que eu pudesse aderir ou não. Isso não aconteceu, eu enfatizo isso aqui, porque até não cabia”.
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