
Gabriela Reimberg e Vinicius Magalhães, à esquerda, durante a apresentação do TCC, e o arquiteto Jurandyr Bueno Filho, à direita
Gabriela Reimberg/Arquivo pessoal e Dionizio Ferraz/Arquivo pessoal
Uma curiosidade a respeito da arquitetura acessível e inovadora do Terminal Rodoviário de Bauru (SP) se tornou, três anos depois, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos estudantes de jornalismo Gabriela Reimberg e Vinicius Magalhães, alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A atenção aos detalhes de um dos projetos assinados pelo arquiteto Jurandyr Bueno Filho e a inquietação diante do apagamento de sua trajetória na memória da cidade motivaram a dupla a mergulhar na história do profissional.
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Em entrevista ao g1, os jornalistas revelam os bastidores da produção do podcast e compartilham curiosidades sobre a trajetória do bauruense, destacando as múltiplas facetas do arquiteto responsável pelos maiores símbolos do município.
🏙️✏️ O arquiteto de Bauru
Jurandyr Bueno Filho, responsável pelo projeto do Vitória Régia, da Avenida Nações Unidas e do Terminal Rodoviário de Bauru (SP), morreu em 2009
Dionizio Ferraz/Arquivo pessoal
Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), Jurandyr Bueno Filho usou sua paixão pela sua profissão como missão para transformar sua cidade natal, Bauru, em 1967.
Ele foi um dos responsáveis pelo Plano Diretor de Bauru, ainda como estudante, e por alguns dos cartões-postais da cidade: o anfiteatro Vitória Régia, a Avenida das Nações Unidas e o Zoológico Municipal. Além disso, outras vias de grande fluxo de carros também foram assinadas por Jurandyr, como as avenidas Nuno de Assis, Getúlio Vargas e Otávio Pinheiro Brisolla.
Além de arquiteto, urbanista e professor, Jurandyr foi vice-prefeito na década de 70, durante a gestão de Edmundo Coube (1972-1976), secretário de Planejamento da cidade e voltou ao cenário político como vereador em 2008.
Jurandyr Bueno Filho, responsável pelo projeto do Vitória Régia, da Avenida Nações Unidas e do Terminal Rodoviário de Bauru (SP), morreu em 2009
Dionizio Ferraz/Arquivo pessoal
Pela sua influência e contatos na capital, onde se formou, Jurandyr se tornou uma grande figura no município e se cercou, até o final de sua vida, de artistas, jornalistas, políticos e amigos pertencentes à elite política e intelectual em sua casa no Jardim Panorama, em Bauru.
A casa onde o arquiteto morou passou por algumas fases após a sua morte, sendo residência de outras famílias, escritório e até mesmo loja de roupas. No entanto, em 2024, foi vendida e teve como destino final a demolição.
“Ao entrarmos em contato com um amigo e ex-funcionário do escritório de arquitetura de Jurandyr, tomamos conhecimento da venda do imóvel e do interesse em preservar o acervo do arquiteto, que ainda se encontrava no local, sem que um novo proprietário tivesse sido definido”, disse Vinícius.
Felizmente, o acervo foi preservado pela Unisagrado, o que permitiu que todo o trabalho de vida de Jurandyr e os seus feitos emblemáticos para a cidade de Bauru permanecessem vivos para novas gerações de arquitetos.
“Quando a gente fala de arquitetura, as pessoas acham que é um assunto muito técnico, mas não: a arquitetura está presente na nossa vida todos os dias, só não percebemos isso. É essa provocação que a gente quer instigar nas pessoas, sabe? Você sabe como nasceu a avenida que você anda todo dia, o parque que você visita todo final de semana?”, provoca Gabriela.
Casa de Jurandyr Bueno Filho, em Bauru (SP), foi vendida e demolida em 2024
Dionizio Ferraz/Arquivo pessoal
⭐ ‘O Arquiteto Sem Limites’
“Como alguém tão relevante para uma cidade pode ter tão pouca visibilidade pública?”. Foi a partir desta interrogação que, ao buscarem pauta para o projeto do TCC, Gabriela Reimberg e Vinicius Magalhães escolheram Jurandyr como figura principal.
A dupla, responsável pelo roteiro, concepção e produção do podcast “O Arquiteto Sem Limites”, organizou a trajetória de Jurandyr em três episódios, denominados “O Plano”, “O Escritório” e “A Casa”. Neles, narram os principais momentos da carreira e da vida pessoal do arquiteto (confira um teaser do podcast no vídeo abaixo).
Estudantes de Bauru resgatam legado do arquiteto do anfiteatro Vitória Régia em podcast
O desafio do projeto, de acordo com a dupla, foi contar e reconstruir a história do arquiteto sem ter a possibilidade de conversar diretamente com ele, a partir de muitos relatos de amigos, entrevistas e ex-colegas do bauruense.
Para Vinicius, o podcast também contribuiu com a valorização da produção local e abriu espaço para novas narrativas sobre o desenvolvimento das cidades do interior. “A sensação após defender o trabalho foi de ter alcançado os principais objetivos do projeto, como preservar a história de Jurandir Bueno Filho e seu legado para a cidade de Bauru”, comenta.
“É uma imersão na história de Bauru porque a história do Jurandyr é a história da cidade”, finaliza Gabriela.
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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