Tati Machado fala sobre perda do bebê no oitavo mês de gestação: ‘Sorrir não é esquecer, pelo contrário, sorrir é lembrar’
No apartamento onde vivem no Rio de Janeiro, cercados de fotos, lembranças e da presença constante da saudade, Tati Machado e Bruno Monteiro decidiram falar pela primeira vez sobre a perda do filho Rael, que morreu aos oito meses de gestação, em maio.
A entrevista exclusiva ao Fantástico marca um momento de acolhimento e recomeço para o casal.
“Renata, sabe quando você cria aquela frase pronta pra falar para as pessoas, tipo: ‘ah, um dia de cada vez’? Outro dia, conversando com o Bruno, eu falei: ‘Bruno, eu me toquei que não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez’. Para mim, não existe um recomeço. Eu estou seguindo a minha vida com essa marca que é para sempre”, disse Tati, emocionada.
“E que eu estou fortalecida, muito abastecida de amor, seguindo em frente, mas, eu lembro que não era a vida que eu estava querendo ter. Não é o que eu me preparei para ter. Essa vida que a gente tem é uma vida que foi imposta. Eu não sei como seria a outra vida, mas eu já estava transformada na versão ‘Tati mãe’”, continuou.
A gravidez de Rael foi anunciada ao vivo, com alegria, no programa Mais Você. “Gente, é real esse bilhete! Eu tô grávida!”, comemorou Tati, na época.
Mas a felicidade deu lugar ao luto quando, no Dia das Mães, durante uma viagem de volta para São Paulo, ela percebeu que o bebê não estava mais se mexendo. “Ele estava numa fase que era uma explosão de movimentos. E eu senti essa falta do movimento”, contou.
No dia seguinte, mesmo após ouvir uma batida com um aparelho caseiro, Tati foi trabalhar normalmente. Mas, ao ver nas redes sociais a notícia da perda do bebê da atriz Michelli Machado, decidiu ir ao hospital.
“Na mesma hora, o meu mundo parou”, disse. O ultrassom confirmou: o coração de Rael havia parado.
“Eu olhei pro Bruno, como a gente está aqui agora. Peguei na mão dele e falei: ‘A vida trouxe isso pra gente. E a gente vai ter que encarar juntos’”, lembrou Tati.
O parto foi induzido e, apesar da dor, ela descreve o nascimento como um momento importante. “O parto do Rael foi um parto lindo. Com toda a tristeza que existia ali, foi lindo.”
Rael nasceu no dia 13 de maio, às 8h45 da manhã. “Quando a gente conheceu o Rael, foi o nosso momento de despedida também”, disse Bruno.
A causa da morte nunca foi esclarecida. “Não tem nada da medicina que explica o que aconteceu com a gente. A gente fez autópsia, exames genéticos importantes… Nada”, contou Tati.
Voltar para casa foi uma das partes mais difíceis. “Principalmente quando a gente sai do hospital, da maternidade, e vai passando pelas portas decoradinhas, com flores, e a gente ouve choros de neném”, disse Capucci. “É uma dor dilacerante”, completou Tati.
Ela reconhece o privilégio de ter sido acolhida em um hospital que a manteve afastada de outras mães com bebês. “Mas muitas mulheres passam por situações em que ficam na sala de pós-parto junto com outras mulheres que acabaram de ganhar seus nenéns.”
A dor silenciosa da perda gestacional agora é reconhecida por lei. Em maio, foi sancionada a Lei do Luto Materno, que prevê acolhimento psicológico para mães e pais que passam por esse tipo de perda.
“Essa dor de perder um filho é uma dor que é muito silenciosa”, disse Tati. “Eu quero que as pessoas possam ter as certidões com o nome que escolheram. Porque ele existiu”, afirmou, emocionada.
O trauma uniu ainda mais o casal. “Ela precisava de mim naquele momento. Muito mais do que eu precisava dela. Então, eu estava ali o tempo inteiro pra Tati”, disse Bruno. Mas o luto é complexo.
“Você sente amor, saudade, raiva. E a culpa… Eu acho que eu nunca vou me livrar dela. Me sinto culpada porque eu acho que eu não consegui. Eu não dei conta”, desabafou Tati.
A gravidez foi pública, acompanhada por milhares de pessoas. “No momento em que essa tragédia acontece, você ainda tem que dar uma satisfação ao seu público”, comentou Capucci. “Mas eu escolhi viver. Essa é a escolha que eu tô fazendo todos os dias”, respondeu Tati.
A viagem à Amazônia com a amiga Lexa, que também perdeu uma filha recém-nascida, foi um momento de conexão e cura.
“Estar lá e ter o contato com a maior força da natureza era o mais próximo que eu podia estar da força que eu tive que ter e que eu tô tendo que ter”, disse Tati. “O Rael tava lá em todos os momentos.”
Ela está voltando ao trabalho. “Amanhã eu vou estar na Ana Maria. O meu abraço mais esperado. Aos poucos eu vou voltando pros programas. O Dança dos Famosos vai entrar em nova edição e, como eu fui a última vencedora, eu vou estar lá também.”
Bruno vê essa retomada como um processo de reconstrução. “Ela está voltando de um jeito diferente, mas com a mesma essência: de ser alegre, porque é o que ela é realmente.”
Sobre o futuro, Tati é sincera: “Já é algo que bate em mim. Não estou pronta. A resposta de hoje é que eu ainda não estou pronta. Mas não desisti.” O casal faz terapia juntos e pensa em tentar uma nova gravidez. “Não tem substituição. Mas tem um amor e uma vontade muito especial de construir uma família aqui.”
“Saudade é o amor que fica”, disse Tati.
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PRAZER, RENATA
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No apartamento onde vivem no Rio de Janeiro, cercados de fotos, lembranças e da presença constante da saudade, Tati Machado e Bruno Monteiro decidiram falar pela primeira vez sobre a perda do filho Rael, que morreu aos oito meses de gestação, em maio.
A entrevista exclusiva ao Fantástico marca um momento de acolhimento e recomeço para o casal.
“Renata, sabe quando você cria aquela frase pronta pra falar para as pessoas, tipo: ‘ah, um dia de cada vez’? Outro dia, conversando com o Bruno, eu falei: ‘Bruno, eu me toquei que não é um dia de cada vez. É uma hora de cada vez’. Para mim, não existe um recomeço. Eu estou seguindo a minha vida com essa marca que é para sempre”, disse Tati, emocionada.
“E que eu estou fortalecida, muito abastecida de amor, seguindo em frente, mas, eu lembro que não era a vida que eu estava querendo ter. Não é o que eu me preparei para ter. Essa vida que a gente tem é uma vida que foi imposta. Eu não sei como seria a outra vida, mas eu já estava transformada na versão ‘Tati mãe’”, continuou.
A gravidez de Rael foi anunciada ao vivo, com alegria, no programa Mais Você. “Gente, é real esse bilhete! Eu tô grávida!”, comemorou Tati, na época.
Mas a felicidade deu lugar ao luto quando, no Dia das Mães, durante uma viagem de volta para São Paulo, ela percebeu que o bebê não estava mais se mexendo. “Ele estava numa fase que era uma explosão de movimentos. E eu senti essa falta do movimento”, contou.
No dia seguinte, mesmo após ouvir uma batida com um aparelho caseiro, Tati foi trabalhar normalmente. Mas, ao ver nas redes sociais a notícia da perda do bebê da atriz Michelli Machado, decidiu ir ao hospital.
“Na mesma hora, o meu mundo parou”, disse. O ultrassom confirmou: o coração de Rael havia parado.
“Eu olhei pro Bruno, como a gente está aqui agora. Peguei na mão dele e falei: ‘A vida trouxe isso pra gente. E a gente vai ter que encarar juntos’”, lembrou Tati.
O parto foi induzido e, apesar da dor, ela descreve o nascimento como um momento importante. “O parto do Rael foi um parto lindo. Com toda a tristeza que existia ali, foi lindo.”
Rael nasceu no dia 13 de maio, às 8h45 da manhã. “Quando a gente conheceu o Rael, foi o nosso momento de despedida também”, disse Bruno.
A causa da morte nunca foi esclarecida. “Não tem nada da medicina que explica o que aconteceu com a gente. A gente fez autópsia, exames genéticos importantes… Nada”, contou Tati.
Voltar para casa foi uma das partes mais difíceis. “Principalmente quando a gente sai do hospital, da maternidade, e vai passando pelas portas decoradinhas, com flores, e a gente ouve choros de neném”, disse Capucci. “É uma dor dilacerante”, completou Tati.
Ela reconhece o privilégio de ter sido acolhida em um hospital que a manteve afastada de outras mães com bebês. “Mas muitas mulheres passam por situações em que ficam na sala de pós-parto junto com outras mulheres que acabaram de ganhar seus nenéns.”
A dor silenciosa da perda gestacional agora é reconhecida por lei. Em maio, foi sancionada a Lei do Luto Materno, que prevê acolhimento psicológico para mães e pais que passam por esse tipo de perda.
“Essa dor de perder um filho é uma dor que é muito silenciosa”, disse Tati. “Eu quero que as pessoas possam ter as certidões com o nome que escolheram. Porque ele existiu”, afirmou, emocionada.
O trauma uniu ainda mais o casal. “Ela precisava de mim naquele momento. Muito mais do que eu precisava dela. Então, eu estava ali o tempo inteiro pra Tati”, disse Bruno. Mas o luto é complexo.
“Você sente amor, saudade, raiva. E a culpa… Eu acho que eu nunca vou me livrar dela. Me sinto culpada porque eu acho que eu não consegui. Eu não dei conta”, desabafou Tati.
A gravidez foi pública, acompanhada por milhares de pessoas. “No momento em que essa tragédia acontece, você ainda tem que dar uma satisfação ao seu público”, comentou Capucci. “Mas eu escolhi viver. Essa é a escolha que eu tô fazendo todos os dias”, respondeu Tati.
A viagem à Amazônia com a amiga Lexa, que também perdeu uma filha recém-nascida, foi um momento de conexão e cura.
“Estar lá e ter o contato com a maior força da natureza era o mais próximo que eu podia estar da força que eu tive que ter e que eu tô tendo que ter”, disse Tati. “O Rael tava lá em todos os momentos.”
Ela está voltando ao trabalho. “Amanhã eu vou estar na Ana Maria. O meu abraço mais esperado. Aos poucos eu vou voltando pros programas. O Dança dos Famosos vai entrar em nova edição e, como eu fui a última vencedora, eu vou estar lá também.”
Bruno vê essa retomada como um processo de reconstrução. “Ela está voltando de um jeito diferente, mas com a mesma essência: de ser alegre, porque é o que ela é realmente.”
Sobre o futuro, Tati é sincera: “Já é algo que bate em mim. Não estou pronta. A resposta de hoje é que eu ainda não estou pronta. Mas não desisti.” O casal faz terapia juntos e pensa em tentar uma nova gravidez. “Não tem substituição. Mas tem um amor e uma vontade muito especial de construir uma família aqui.”
“Saudade é o amor que fica”, disse Tati.
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