
Obra “KilomboAldeya” fazia parte da programação do Festival.
Arquivo Pessoal | Matheus Ribs
Uma obra que traz uma releitura da bandeira nacional, do artista visual Matheus Ribs, foi retirada do Festival Sesc de Inverno em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, neste sábado (26), um dia depois da instalação ter sido montada, no distrito de Itaipava.
O Sesc, realizador do evento, lamentou o ocorrido e disse que a retirada ocorreu por determinação de autoridades, com base na Lei 5.700 de 1971, que dispõe sobre o uso dos símbolos nacionais.
“Cheguei à cidade no último dia 25, sexta-feira, para montar a obra. No entanto, no dia seguinte, ainda hospedado em Itaipava, recebi um telefonema da equipe do Sesc informando que a Guarda Municipal havia comparecido ao local e exigido a remoção da obra, alegando uma descaracterização do patrimônio nacional por se tratar de uma bandeira do Brasil”, disse o artista carioca ao g1.
Em postagem nas redes sociais, Matheus explicou que a obra “KilomboAldeya é uma ideia viva – um convite a imaginar outros projetos de Brasil, enraizados nas matrizes indígenas e afro-brasileiras, nos territórios de resistência e nos saberes historicamente silenciados”.
O g1 procurou a Prefeitura de Petrópolis, responsável pela Guarda Municipal, para saber sobre a retirada da obra, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
“O Sesc RJ entende que a Constituição Federal de 1988 assegura a liberdade de expressão e considera que a diversidade de manifestações artísticas é fundamental para estimular o diálogo e a reflexão sobre temas relevantes para a sociedade. Reafirmamos nosso compromisso com a promoção da cultura e da democracia e expressamos nossa solidariedade ao artista”, disse a instituição em nota enviada ao g1.
Entidades ligadas à cultura e à defesa da liberdade artística têm se pronunciado nas redes sociais em apoio ao artista e cobrando explicações sobre a remoção da obra.
Matheus Ribs também afirmou que a atitude representou uma violação ao seu direito de livre pensamento.
“Uma lei completamente em desuso na sociedade brasileira que foi utilizada para praticar um ato de censura, uma violação ao direito de livre expressão, ao direito de livre pensamento, ou seja, uma violação clara ao Estado democrático”, finalizou.
O artista levou o caso ao Ministério Público do Rio de Janeiro neste domingo (27). O g1 fez contato com o órgão e aguarda um retorno.
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