Bebês ‘pele e osso’ e médicos desmaiando: os relatos da fome nos hospitais de Gaza


Imagens do solo registra lançamento aéreo de ajuda humanitária em Gaza
Médicos e enfermeiros que atuam na Faixa de Gaza relataram que suas equipes estão sofrendo desmaios durante o trabalho causados por fome e desidratação. Além disso, fórmulas dadas para recém-nascidos estão em falta. Os relatos são de uma reportagem publicada pelo jornal “The New York Times”, que ouviu sete médicos que atuam no enclave palestino, entre locais e estrangeiros.
“A expressão ‘pele e osso’ não faz jus à realidade”, disse à reportagem o médico britânico Nick Maynard sobre o estado de saúde dos bebês que atende.
➡️ Entenda o contexto: entidades internacionais denunciaram uma crise humanitária em Gaza, que é controlada pelo grupo terrorista Hamas, em meio à guerra com Israel. O governo de Benjamin Netanyahu voltou a permitir, neste sábado (26), a entrada de ajuda para a população do território palestino, tanto por ar quanto por terra (veja no vídeo acima).
Em março, a entrada de comida e medicamentos em Gaza havia sido totalmente bloqueada. E, desde maio, esse apoio estava concentrado na Fundação Humanitária de Gaza, entidade controversa apoiada por Israel e criticada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
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Palestinos carregam suprimentos de ajuda humanitária em Gaza neste domingo (27)
Mahmoud Issa/Reuters
Segundo relatos dos médicos, em alguns dos casos, os bebês estão tão debilitados que ficam incapazes de receber quantidades maiores de nutrientes. “Vi um grau de desnutrição que eu não achava possível em um mundo civilizado”, afirmou Maynard.
A reportagem conta o caso da família de Salam Barghouth, de apenas três meses. A mãe dela, Hanin, está fraca demais para ir até outro centro de distribuição de ajuda, e o pai, Akram, tampouco consegue alcançar um ponto antes que a ajuda tivesse acabado. A lata de fórmula infantil que a família tem está chegando ao fim.
Para os profissionais ouvidos pela reportagem, muitas das mortes de civis ao longo do conflito poderiam ter sido evitadas se não fosse a desnutrição generalizada. Também foi registrado um aumento nos casos de abortos espontâneos, partos prematuros e infecções.
➡️ A operação militar de Israel em Gaza matou mais de 59 mil palestinos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O ataque terrorista feito pelo grupo terrorista a Israel em 2023 deixou 1,2 mil mortos – a maioria também de civis.
A reportagem diz ainda que, em algumas regiões, há comida disponível, mas a preços astronômicos. Segundo o “New York Times”, um quilo de farinha pode custar US$ 30 (cerca de R$ 170).
E isso tem impacto direto na vida dos médicos e enfermeiros. “Alguns profissionais já colapsaram em centros cirúrgicos. Outros desmaiaram em alas de emergência porque não tinham se alimentado direito”, disse o diretor do hospital Al-Shifa na Cidade de Gaza, Mohammad Abu Salmiya.
A reportagem procurou o departamento do Exército de Israel responsável pela distribuição de ajuda humanitária em Gaza. “Continuamos a trabalhar em cooperação com atores internacionais e a facilitar a entrada contínua de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, de acordo com a lei internacional”, afirmou a entidade.
Mulheres palestinas cuidam de seus bebês desnutridos em hospital na Cidade de Gaza
Jehad Alshrafi/AP
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