
Costureiras voluntárias produzem bonecos para crianças internadas com doenças graves
Duas vezes por semana, um grupo de voluntárias, chamado “Bonecos do Amor”, se reúne para confeccionar brinquedos terapêuticos para crianças internadas em 13 hospitais do Rio.
A psicóloga Michele Ávila explica, que além de fofos, os bonecos são importantes instrumentos de trabalho para os médicos.
“A gente consegue mostrar pra criança de forma lúdica, o que está acontecendo no próprio corpo, para que ela se aproprie do tratamento, do que está acontecendo no hospital”, disse Michele.
Bunmi tem apenas dois anos e passou por um transplante de fígado, há pouco mais de dois meses, depois de ser diagnosticada com câncer. A menina está internada no Hospital Estadual da Criança.
Marinéia Pontes, mãe da pequena, conta que ela ganhou a boneca quando estava no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). “Eu mostrava pra ela, todo procedimento que ela vai fazer, explico tudo”, disse.
Neném – como foi batizada a companheira de pano – tem uma pequena fenda na barriga, onde Bunmi pode ver o fígado novo que ela ganhou.
Vitória Swinerd, uma das costureiras voluntárias, diz que essas características são muito importantes para que as crianças se identifiquem com os bonecos.
“Vou pegar como exemplo o boneco do câncer: o boneco do cancer vai careca acompanhado de uma peruca e de um chapéu”, disse. “Com a químio, a criança perde cabelo. Então, ela começa a ver que não está sozinha nessa jornada.”
Segundo os responsáveis pelo projeto, tudo é feito após conversas com os médicos. O tamanho das bonecas, de 35 centímetros, por exemplo, foi escolhido porque não atrapalha o trabalho dos profissionais da saúde.
“A partir do momento que apresenta para a criança um boneco, vira um grude. Então isso tudo é muito bem pensado para que a coisa flua de uma forma boa”, diz Vitória.
As costureiras têm muita atenção com os detalhes. A boneca da colostomia tem uma bolsinha, reproduzindo o tratamento da forma mais próxima à realidade. No caso da traqueostomia, até as bandagens são bordadas.
“A gente ri, a gente se diverte. É um trabalho sério, um trabalho que a gente faz com amor, com carinho e com muita seriedade”, diz Cláudia Senra, que também é voluntária do grupo.
A Ana Luiza, de 10 anos, conta com a companhia da Liz, na luta contra a leucemia.
Ana Luiza com sua boneca terapêutica, Liz.
RJ1
“Eu ganhei [a boneca] assim que eu ia ficar carequinha”, diz Ana. “Ela também é carequinha”.
Fernanda, mãe da paciente, conta que a Liz acompanha ela em todos os momentos no hospital. A boneca também usa peruca, chapéu e tem até um catéter.
O grupo aceita doações e é possível apadrinhar uma boneca. Nesse caso, a criança recebe um cartãozinho na hora da entrega.
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