Caso Vaidebet: Justiça de SP aceita denúncia e torna réus Augusto Melo e ex-dirigentes do Corinthians


Augusto Melo, presidente do Corinthians, foi denunciado pelo Ministério Público
Rodrigo Corsi/Agência Paulistão
A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo contra Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians, e também os ex-dirigentes do clube Marcelo Mariano e Sérgio Moura, bem como o empresário Alex Cassundé, pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto.
Além deles, a Justiça também aceitou a denúncia contra os empresários Victor Henrique de Shimada e Ulisses de Souza Jorge por lavagem de dinheiro. Eles não tinham sido indiciados pela Polícia Civil, mas aparecem como sócios de empresas intermediárias que receberam parte do dinheiro desviado.
A decisão é da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital e foi assinada pela juíza Márcia Mayumi Okoda Oshiro. A magistrada considerou que a denúncia cumpre os requisitos legais e determinou a citação dos réus para que apresentem resposta no prazo de 10 dias.
Também autorizou o compartilhamento das provas com a Receita Federal e manteve o sigilo dos autos em razão das informações sensíveis. Parte das investigações foi arquivada em relação a três pessoas, por falta de indícios suficientes.
A acusação é resultado da investigação aberta no ano passado pela Polícia Civil de SP e pelo Ministério Público para apurar suspeitas de irregularidades no contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas VaideBet.
A defesa de Augusto Melo afirmou, em nota, que “todas as acusações contra ele são falsas, que ele é vítima de um processo ilegal e repleto de nulidades e abusos e que o recebimento da denúncia pela Justiça é uma etapa formal do processo que não altera em nada o curso da ação”.
Procurada pela TV Globo, a VaideBet não quis se manifestar.
Irregularidades
A Polícia Civil encontrou irregularidades no contrato entre o clube e a casa de apostas VaideBet, além de descobrir o envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O contrato foi assinado em dezembro de 2023, e previa o pagamento de R$ 360 milhões em três anos — o maior patrocínio máster da história do futebol brasileiro até aquele momento.
A denúncia detalha que os crimes ocorreram entre 2023 e maio de 2024, com movimentações financeiras suspeitas e tentativas de dissimulação da origem dos recursos. As provas incluem quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático, além de relatórios de inteligência e documentos do COAF.
Os valores desviados foram transferidos entre diversas empresas de fachada com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro.
Os promotores pediram que os denunciados pagassem R$ 40 milhões de indenização ao clube. O MP também solicitou à Justiça o bloqueio de bens de pessoas físicas e jurídicas citadas na investigação.
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