
Polícia Civil apura se os crimes estão ligados a desafios propostos em redes sociais ou a possível articulação dos ataques por empresas de transporte coletivo. Ronaldo Sayeg, diretor do Deic, da Polícia Civil, participa de coletiva de imprensa nesta quinta-feira (3) em São Paulo.
Reprodução/TV Globo
A Polícia Civil descartou por ora a participação de facções criminosas na onda de ataques ao transporte público que o estado de São Paulo, em especial a capital, vem sofrendo desde junho.
Em coletiva nesta quinta-feira (3), o delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), explicou que “as organizações criminosas agem com propósitos específicos e principalmente com reivindicações claras que surgem durante os atos ou posteriormente”.
Contudo, a polícia não identificou, por enquanto, o propósito nos atos de vandalismo.
Agora, a polícia trabalha com outras duas linhas de investigação: uma delas aponta para a atuação de adolescentes e jovens motivados por desafios propostos em redes sociais; a outra apura a possível articulação dos ataques por empresas de transporte coletivo.
Onda de ataques
Desde junho, mais de 235 ônibus coletivos foram atacados somente na cidade de São Paulo. Na maioria das investidas, os veículos foram acertados por pedras e tiveram os vidros quebrados.
Segundo a SPTrans, pelo menos 35 ônibus foram atacados nas últimas 24 horas na cidade, entre esta quarta (2) e quinta-feira (3).
Em um dos casos mais graves, que aconteceu na Zona Sul da capital, uma passageira foi atingida no rosto e sofreu uma fratura no nariz (veja vídeo acima).
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A gestão municipal afirma que os trabalhadores e pessoas carentes as mais prejudicadas, porque os veículos saem de circulação e deixam as linhas desassistidas.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e disseram que “seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações”.
“Do dia 12 de junho até 2 de julho, as empresas operadoras relataram que 235 ônibus do sistema municipal foram depredados. A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais”, declarou.
Fila de ônibus atacados na madrugada desta quinta-feira (3) no 47° DP do Capão Redondo, na Zona Sul da capital.
Reprodução/TV Globo
“Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada”, afirmou a nota.
Além da capital, outras cidades como Santo André, Osasco e Santos também foram alvo desse tipo de vandalismo (veja mapa abaixo).
No total, essas cidades já reportaram mais de 280 ataques desde o início do mês passado, contando capital, Grande SP e Litoral Paulista.
São Paulo: 235 ônibus vandalizados
Santo André: 13 ônibus vandalizados
Osasco: 12 ônibus vandalizados
Santos: 11 ônibus vandalizados
Taboão da Serra: 6 ônibus vandalizados
São Bernardo do Campo: ao menos 2 ônibus vandalizados
Mauá: 1 ônibus vandalizado
O g1 mapeou a quantidade e em quais cidades os crimes aconteceram. Confira no mapa abaixo:
Confira onde ocorreram os ataques a coletivos desde o início do mês de junho.
Arte/g1 Design
Casos ficarão concentrados para facilitar investigação
Ônibus apedrejado na Zona Sul de São Paulo nesta quarta-feira (2).
Reprodução/TV Globo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que os boletins de ocorrência relacionados aos ataques a ônibus na capital e na região metropolitana serão concentrados em duas delegacias para facilitar o andamento das investigações. A medida foi tomada após a série de atos de vandalismo.
“A gente tinha vários boletins de ocorrência em várias delegacias, né? O que foi feito é uma concentração em duas delegacias, uma na região do ABC e outra aqui na cidade de São Paulo. As investigações ainda estão em andamento, não têm uma conclusão, mas não tenho dúvida nenhuma de que a Polícia Civil está muito empenhada para desvendar esse mistério, para poder localizar quem são os responsáveis por esse tipo de vandalismo”, afirmou Nunes.
A prefeitura está utilizando imagens do programa Smart Sampa para colaborar com a identificação dos envolvidos. O patrulhamento também foi reforçado nas regiões afetadas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os ataques aconteceram principalmente entre 20h e 23h. Policiais estão visitando os locais para buscar imagens de câmeras de segurança e ouvir testemunhas.
A SPTrans, responsável pelo transporte municipal, disse que não há informações sobre a motivação dos ataques.
Ônibus são vandalizados na capital paulista no fim de semana, segundo a SPTrans
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