Bombeiro vê na doação de plaquetas missão de vida após morte da filha com leucemia em SC: ‘Compromisso’


Erison Carli Wutke se desloca ao Hemosc de Blumenau a cada 15 dias para o procedimento. Filha morreu aos 19 anos, após seis meses de tratamento. Erison Carli Wutke e a filha, Evelin, que morreu após dianóstico de leucemia
Arquivo pessoal
A doação de sangue faz parte da vida do bombeiro Erison Carli Wutke, de Blumenau, em Santa Catarina, há muitos anos. Mas, após acompanhar de perto o tratamento da filha, que morreu aos 19 anos por complicações causadas por uma leucemia, o que já era rotina virou missão de vida e ganhou novos contornos.
Agora, sempre a cada 15 dias, Erison, que tem 41 anos, doa suas plaquetas a outros pacientes que precisam. “Eu tenho o compromisso mesmo, eu tomei isso como lição de vida”, comentou.
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A filha Evelin foi diagnosticada em 2021 com leucemia linfoide aguda (LLA). Esse tipo de câncer no sangue atinge os glóbulos brancos, que são células de defesa do nosso organismo. Pacientes com esse diagnóstico costumam precisar de doações de sangue, plaquetas e medula óssea.
O tratamento durou seis meses, e coincidiu com o período em que Erison se recuperava de uma internação complicada e recente, chegando a passar uma semana entubado. Ele não pode doar na época.
“Eu penso na Evelin, sabe? Como eu falei [para ela]: ‘filha, eu vou te honrar, um dia a gente jurou amor eterno. E isso eu tenho cumprido mesmo. Então, isso, para mim, é até uma honra”, comentou.
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O procedimento para doação de plaquetas é feito com uma máquina de aférese, desenvolvida para colher apenas um componente do sangue do doador, e leva em torno de uma hora e meia.
🩸 Segundo Vânia Bittencourt da Silva, coordenadora técnica do Hemosc de Blumenau, o método é mais complexo que a doação de sangue comum. O procedimento consiste em bombear o sangue do doador para um equipamento que separa as plaquetas para doação, fazendo o sangue voltar ao organismo do doador pelo mesmo acesso venoso.
Os doadores precisam atender a uma série de requisitos, como ter mais de 60 kg e um acesso sanguíneo bom e calibroso, considerando o tempo elevado que devem permanecer na máquina.
“A doação de plaquetas é específica principalmente para aqueles pacientes com leucemia, diagnósticos mais severos em que uma bolsa de sangue total pode causar alguma reação”.
“É uma bolsa selecionada, onde a máquina retira realmente só a plaqueta. Não tem leucócito, não tem hemácia. É uma bolsa filtrada e melhor para esses pacientes que estão bem debilitados”, explica.
Tratamento e doação
Evelin foi internada com leucemia poucos dias após o pai ser hospitalizado por complicações causadas pela Covid-19. Ele só soube da situação da filha quando teve alta do hospital.
A partir disso, passou a acompanhar cada etapa dela no tratamento, que incluiu uma série de transfusões e medicações fortes. Ela saiu do hospital apenas duas vezes em seis meses de internação.
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A filha era descrita pelo pai como uma menina leve, de cabeça aberta e coração grande. “Parecia que ela viveu o tempo que ela precisava mesmo”. Ela morreu em 22 de janeiro de 2022.
“Quando a Evelin estava ainda na oncologia, ela recebia muita plaqueta, que eu via, e recebia muita transfusão de sangue. Plaquetas para ‘levantar’ e a transfusão de sangue mesmo. Era meio que quase quase todos os dias”, comenta.
Erison conta que o hábito da doação foi retomado após sua saúde se restabelecer completamente, depois da partida da filha. E a inspiração para ajudar o próximo passou a ser ainda mais profunda.
A possibilidade de doar plaquetas, após décadas de doação convencional, surgiu ao realizar um procedimento no Hemosc.
“Vi aquela máquina grande, pensei: ‘Nossa, o que É isso? Será que isso é máquina de hemodiálise?’. Aí eu perguntei para a enfermeira que estava colhendo meu sangue, e ela me explicou: ‘Não, isso aí é a aférese, é uma máquina que faz uma triagem, tira só a plaqueta. Quando ela falou em plaqueta, eu enchi meus olhos de lágrimas'”.
👉Segundo o Inca, os principais sintomas da leucemia são:
Febre por mais de sete dias sem causa aparente
Dor óssea
Surgimento de manchas roxas na pele
Palidez
Dor de cabeça persistente e progressiva, primariamente noturna, que acorda a criança ou aparece quando ela se levanta de manhã, acompanhada de vômito ou de sinais neurológicos.
Leucocoria (reflexo branco na pupila do olho quando exposta à luz)
Distúrbios visuais
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