Suspeito de atropelar e matar assessora jurídica na saída de casa noturna no AC não viu a vítima, diz defesa


Defesa alega que Diego Luiz Passo tentou retornar ao perceber que tinha atropelado Juliana Chaar, mas ficou com medo de ser baleado e fugiu. Confusão em casa noturna terminou com a assessora do TJ-AC morta e um advogado preso por preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Diego Luiz Gois Passo é procurado atropelar e matar a servidora Juliana Chaar
Reprodução
O autônomo Diego Luiz Gois Passo, de 27 anos, alega que não viu a assessora jurídica do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) Juliana Chaar Marçal, de 36 anos, antes de bater com a caminhonete nela na madrugada do último sábado (21) na saída de uma casa noturna de Rio Branco. A informação foi repassada pela defesa do suspeito ao g1.
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Diego Passo teve a prisão decretada pela Justiça nessa segunda-feira (23) por atropelar e matar Juliana. A defesa entrou com um pedido de revogação de prisão no mesmo dia e aguarda o julgamento do pedido.
Felipe Muñoz, advogado do autônomo, afirma que o cliente não tinha a intenção de atropelar a servidora, que tentou retornar para prestar socorro, contudo, ficou com medo da aglomeração e fugiu.
Segundo a defesa, Diego está disposto a comparecer na delegacia e prestar esclarecimentos da situação, mas aguarda a decisão da Justiça sobre o pedido para não ser preso.
Ainda conforme o advogado, Diego entrou no carro quando ouviu os disparos de arma de fogo e acelerou para não ser baleado. “Nessa saída abrupta e repentina, infelizmente, acabou atingindo a moça e o rapaz. Não teve a intenção e não viu [as vítimas] porque se abaixou dentro do veículo para se proteger”, argumentou.
Juliana Chaar chegou a ser socorrida e levada ao hospital, mas não resistiu e morreu horas depois no sábado (21), em Rio Branco
Reprodução
Tentou retornar
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento exato em que Juliana Chaar foi atropelada. No vídeo é possível ver quando a caminhonete conduzida por Diego, em alta velocidade, atropela Juliana, que estava na rua com o advogado Keldheky Maia da Silva em meio à confusão. (Veja o vídeo acima)
Conforme o advogado do suspeito, ao perceber que tinha atropelado uma pessoa, Diego Passo parou mais à frente e tentou retornar, contudo, ficou com medo da aglomeração e de ser baleado e fugiu.
“Ele percebeu, tanto que retornou, mas viu o grupo de pessoas, inclusive, a arma e ficou bem assustado. Chegou a ver ela [caída] na rua. É do interesse do Diego, desde o final de semana, se apresentar, manifestou isso de forma espontânea. Quer apresentar o veículo para ser feita perícia, quer se ouvido e apresentar a versão dele”, reafirmou.
Questionado sobre o motivo de Diego não ter procurado uma delegacia ainda durante o fim de semana, Felipe Muñoz explicou que o cliente soube da morte de Juliana apenas na manhã de domingo (22).
“Ele é réu primário, de bons antecedentes, tem residência fixa, trabalha e pode responder o processo em liberdade. Ele não está se ocultando, muito pelo contrário, nossa intenção já demonstra que não quer se ocultar. Nossa trabalho tem consistido em revogar [a prisão] ou aplicar uma medida cautelar diversa da prisão para que possa se apresentar o mais rápido possível”, diz.
O advogado relatou que o cliente presta serviços para pecuaristas do estado, faz limpeza, mexe com o gado e trabalha com máquinas pesadas. “É um trabalhador, possui filhos pequenos, os pais são doentes. Não possui propriedades”, finalizou.
Câmeras mostram momento em que servidora é atropelada após confusão em bar de Rio Branco
Pedido de prisão
O pedido de prisão, solicitado pela Polícia Civil, foi encaminhado à Justiça após a análise das imagens que mostram o momento em que Juliana é atropelada por uma caminhonete preta durante o tumulto na saída da boate. Segundo a polícia, o homem ao volante seria Diego, que teria deixado o local logo após o ocorrido.
O delegado Cristiano Bastos, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que aguardava a apresentação de Diego até esta segunda. Caso não fosse feita, ele era considerado foragido.
“Conseguimos identificar o autor no dia de ontem [22], durante todo o dia realizamos diligências na cidade, na zona rural, nós já temos a identificação, já tem providências adotadas em relação à conduta dele, conversamos com familiares, tivemos também o contato com o advogado, estamos aguardando na data de hoje [segunda-feira, 23] ainda a apresentação dele. Estamos ainda com a equipe em campo na rua, realizando diligências para localizá-lo”, falou .
A investigação aponta que uma discussão envolvendo várias pessoas antecedeu o atropelamento. Juliana foi atingida violentamente pelo carro, caiu ao chão e não resistiu aos ferimentos, morrendo horas depois no Pronto-Socorro.
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O advogado da família de Juliana, Vandré Prado, disse que as provas periciais e as imagens estão sendo juntadas ao inquérito e espera que haja uma resposta efetiva à família da vítima.
“Então esperamos o desfecho dessa investigação para que possamos realmente chegar à clareza que a família espera, que a sociedade espera, porque a morte da Juliana não é um impacto só para a família, ela é um impacto para toda a sociedade. Esperamos realmente que tudo seja muito bem esclarecido para que tenhamos pelo menos essa clareza de responsabilizar quem deve ser responsabilizado”, falou.
Juliana era servidora do TJ-AC desde fevereiro deste ano. O caso tem gerado grande repercussão nas redes sociais, com pedidos de justiça e homenagens à vítima.
“Além de ser minha amiga, nos últimos três anos, conviveu comigo diariamente porque era minha chefe de gabinete na OAB. Então, era uma pessoa que de fato estava ali para o que desse e viesse, a qualquer tempo, a qualquer hora. É uma pedra inestimável. Eu até escrevi que talvez fosse o dia mais triste da minha vida, e tenho absoluta convicção que foi até hoje o dia mais triste da minha vida […] torço para que seja feita justiça e qualquer tipo de culpado pague pelas consequências de seus atos”, lamentou Rodrigo Aiache, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre.
Rodrigo Aiache, presidente da OAB-AC, lamenta morte de Juliana Chaar em Rio Branco no último sábado (21)
Reprodução/Instagram
O caso
Juliana Chaar Marçal foi atropelada na madrugada do último sábado (21). A polícia foi acionada, inicialmente, em razão de disparos feitos em via pública que teriam sido feitos pelo advogado Keldheky, preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e liberado neste domingo (22).
Ao g1, a defesa dele disse que ‘não há fotos, vídeos ou relatos (exceto o de um dos investigados), de que Keldheky tenha efetuado tiros’. Veja mais detalhes nesta reportagem.
A vítima foi atendida pela ambulância 01 de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com testemunhas à polícia, o atropelamento foi proposital.
Horas após ter sido levada ao Pronto-Socorro de Rio Branco, a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu. Imagens do inquérito (veja abaixo) mostram o momento da confusão fora do estabelecimento.
Imagens mostram momento em que confusão iniciou, já fora do estabelecimento
Reprodução/Cedida ao g1
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