
Fantástico ouve psicóloga que foi ameaçada após participar de vídeo com Felca: “Me senti acuada”
A prisão de Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 21 anos, expôs detalhes de um esquema criminoso que misturava chantagem, invasões de sistemas oficiais e ameaças virtuais. Entre os alvos estava o influenciador digital Felca, que publicou o vídeo Adultização, com quase 50 milhões de visualizações.
Segundo a Polícia Civil de São Paulo, Cayo liderava um grupo especializado em invadir sites governamentais para roubar dados sigilosos. As informações eram usadas para chantagear meninas — muitas menores de idade — e intimidar pessoas que denunciavam abusos.
Em alguns casos, segundo a investigação, vítimas foram obrigadas a se expor nuas em transmissões ao vivo e submetidas a rituais de humilhação. “Quando ela manda o primeiro nude, a gente sabe que ali acabou, porque ali começam as chantagens”, afirmou a delegada Lisandrea Salvariêgo, responsável pela investigação.
“Ele era uma espécie de um mentor intelectual, fornecia informações sigilosas, invadindo sites governamentais para que outros criminosos realizassem as torturas psicológicas. Chegou ao ponto até de cortar benefícios do INSS de avós de vítimas”, explicou Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo.
Ameaças a Felca e à psicóloga
As ameaças começaram depois da publicação do vídeo de Felca, que expunha como crianças e adolescentes eram explorados digitalmente. A psicóloga Ana Beatriz Chamati, entrevistada pelo influenciador, também foi alvo.
“A ameaça era de morte, de violência sexual, psicológica e física, tanto contra mim quanto contra minha família”, relatou ela ao Fantástico. O grupo chegou a exigir que o documentário fosse retirado do ar.
Na semana passada, a polícia também apreendeu em Alagoas um adolescente de 17 anos apontado como administrador do grupo que atacou Felca e a psicóloga.
Felca dá entrevista ao Fantástico sobre alcance do vídeo ‘adultização’
Reprodução
Preso em Olinda
Cayo foi detido em Olinda (PE), após investigadores descobrirem que ele planejava inserir o nome de Felca no Banco Nacional de Mandados de Prisão, prática que já havia sido feita com outras vítimas. No momento da prisão, o computador dele estava conectado a sistemas da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco com credenciais suspeitas.
Na mesma operação, a polícia prendeu Paulo Vinícius Oliveira Barbosa, apontado como cúmplice. Os dois, segundo a investigação, usavam logins de um policial militar de Pernambuco para acessar ilegalmente plataformas do governo.
A polícia estima que Cayo lucrava até R$ 30 mil por semana com a venda de dados pessoais. Ele ostentava nas redes o dinheiro obtido com o esquema.
Cayo e Paulo negam envolvimento nos crimes. Eles estão sob defesa da Defensoria Pública de Pernambuco, que deve apresentar as teses jurídicas no andamento do processo.
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