
Hospital Getúlio Vargas, no Centro de Teresina
Jonas Carvalho/TV Clube
Teresina pode deixar de receber R$ 69 milhões por mês para a saúde pública devido a um impasse com a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), segundo a presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Leopoldina Cipriano. De acordo com ela, a secretaria quer gerir os hospitais estaduais localizados na capital.
Em entrevista à TV Clube nesta segunda-feira (25), Leopoldina afirmou que o Ministério da Saúde aprovou o envio do recurso, mas depende da autorização da Sesapi para liberar o valor. O g1 procurou a pasta estadual e aguarda resposta sobre a fala da gestora.
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🏥 Desde 1996, Teresina tem gestão plena do Sistema Único de Saúde (SUS), o que dá à prefeitura autonomia para administrar os serviços de saúde na capital, inclusive os hospitais estaduais.
Leopoldina destacou que o recurso ajudaria a equilibrar as contas da saúde municipal. Hoje, Teresina destina 35% do orçamento à área — 20% acima do mínimo previsto pela Constituição.
“Podemos entregar a gestão [dos hospitais estaduais] em troca do recurso, mas a gente precisa discutir, precisa de parâmetros. A prefeitura repassa cerca de R$ 72 milhões por ano para a Sesapi. Isso pode aumentar nosso déficit e afetar ainda mais os serviços”, disse Leopoldina.
A presidente informou que Teresina abriga sete hospitais da rede estadual:
Hospital Getúlio Vargas (HGV);
Hospital da Polícia Militar (HPM);
Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella (IDTNP);
Hospital Infantil Lucídio Portella (Hilp);
Unidade Integrada de Saúde do Mocambinho;
Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (NMDER);
Hospital Areolino de Abreu.
Além dos R$ 69 milhões mensais, Leopoldina pediu ao Ministério da Saúde dois repasses provisórios: um de R$ 150 milhões e outro de R$ 30 milhões, para quitar dívidas da FMS.
“Já tivemos um problema com a criação de outro sistema de regulação. Não podemos cercear o direito do povo, todos os entes têm que reconhecer esse incremento como necessário”, completou a gestora.
Emergência na saúde
A Prefeitura de Teresina prorrogou pela segunda vez, em julho de 2025, a situação de emergência na saúde pública da capital. O decreto é válido por 90 dias.
Na decisão, a gestão municipal considerou que ainda há dificuldade para normalizar os estoques de insumos e medicamentos nas unidades de saúde da capital.
🚨 Com o decreto, a prefeitura pode agilizar compras de insumos e contratar serviços emergenciais. Também está autorizada a solicitar apoio do governo federal.
Irregularidades e desvios
Em dezembro de 2024, o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) fiscalizou as 91 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Teresina e encontrou problemas na estrutura física, além de falta de medicamentos, insumos, vacinas e equipamentos.
Um mês antes, em novembro de 2024, uma auditoria interna da FMS identificou desvios de recursos que somam R$ 20 milhões.
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