Cerca de 200 medidas protetivas são emitidas contra agressores por mês em Rio Preto: ‘Me prejudicou muito’, diz vítima


DDM de Rio Preto registra média de 9 medidas protetivas por dia em 5 meses
O número de mulheres que buscam proteção judicial contra agressores tem crescido em São José do Rio Preto (SP), e, com ele, a necessidade de criar alternativas para que elas consigam romper o ciclo da violência. Agosto é o mês dedicado à conscientização e ao enfrentamento à violência contra as mulheres.
De janeiro a maio deste ano, foram expedidas, em média, 203 medidas protetivas por mês na cidade, segundo levantamento da Secretaria da Mulher. O número é superior ao registrado em 2024, quando a média mensal foi de 177. Nesse caso, houve um aumento de cerca de 14,7% na média mensal.
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No total, em 2024, foram expedidas 2.122 medidas protetivas contra 1.016 somente nos primeiros cinco meses deste ano, conforme dados da Vara da Violência da Mulher de Rio Preto. Justamente em janeiro, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) passou a oferecer atendimento 24 horas.
Entre as vítimas, está uma mulher, que não vai ser identificada pela reportagem, que teve dois relacionamentos abusivos. Foram 11 anos de violência física, psicológica e patrimonial. Além do medo e traumas, não conseguia trabalhar ou estudar.
Ela tem duas medidas protetivas contra os agressores por determinação da Justiça. Assim, a mulher revelou que se sente mais segura.
“Isso me prejudicou muito. Eu era jovem, estudava ainda. Eu não consegui dar andamento e concluir o ensino médio. E, quando acontece a violência física, geralmente é complicado a empresa entender esse lado e a gente perde várias oportunidades de trabalho”, lamenta a vítima.
Esses registros, que são concedidos pela Justiça para garantir a segurança da vítima, revelam uma face preocupante do problema: muitas mulheres acabam voltando atrás e pedindo a suspensão da medida.
De acordo com dados da Secretaria da Mulher e da Pessoa Com Deficiência, cerca de 40 mulheres solicitaram o cancelamento por mês. O motivo, aponta a secretária Rosicler Quartieri, nem sempre está no medo, mas, às vezes, na dependência financeira em relação ao agressor.
Contudo, conforme o juiz da Vara da Violência Doméstica, Alceu Corrêa Junior, mesmo quando ele pede a suspensão, o processo continua na Justiça.
“A medida protetiva salva vidas, impede feminicídios, porque, a partir do pedido, ela vai entrar em uma rede de proteção. O agressor é afastado de casa, não pode se aproximar dela, não pode frequentar lugares que ela frequenta”, comenta o juiz.
Para enfrentar a realidade, a secretaria decidiu promover, durante o Agosto Lilás, um mutirão de emprego exclusivo para o público feminino, com prioridade para aquelas que já sofreram violência doméstica.
🔍 O Agosto Lilás é um marco anual de conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres. No dia 7 de agosto, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) completou 19 anos.
Reconhecida internacionalmente como uma das legislações mais avançadas no enfrentamento à violência contra as mulheres, a norma estabelece medidas protetivas e instrumentos legais para garantir a segurança e a dignidade das vítimas.
O evento reuniu empresas de diversos setores e ofereceu vagas, entrevistas imediatas e cursos rápidos de capacitação. Paralelamente, equipes especializadas prestaram apoio psicológico, orientação jurídica e encaminhamento para programas sociais.
A vítima citada pela reportagem participou do mutirão de empregos e reforçou a importância de que as mulheres no ciclo de violência recebam condições reais para seguir em frente, seguras e independentes.
“Gratidão por nos acolher dessa forma, por ter esse olhar para a gente, porque é necessário a gente ter essa força de voltar ao mercado de trabalho, ter a nossa independência e não aceitar ser vítima. A independência nos dá muitos privilégios”, celebra.
Vítima de violência doméstica em Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
DDM de Rio Preto (SP)
Reprodução/TV TEM
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